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Envelhecimento da frota de veículos no Brasil: volta dos carros populares muda isso?

Entenda a influência do aquecimento do mercado de carros zero quilômetro na idade média da frota de veículos brasileira

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Motoristas de carros com as placas terminadas em 7,8,9 e 0 terão livre circulação nesta quinta e sexta
Motoristas de carros com as placas terminadas em 7,8,9 e 0 terão livre circulação nesta quinta e sexta Foto: Motoristas de carros com as placas terminadas em 7,8,9 e 0 terão livre circulação nesta quinta e sexta

De acordo com o Relatório da Frota Circulante – edição 2023, do Sindipeças e Abipeças, nos últimos 10 anos, o período com menor idade média para os automóveis em circulação foi 2013, quando era de 8 anos e 5 meses. A partir de então, o processo de envelhecimento da frota só aumentou, alcançando os 10 anos e 7 meses em 2022, um aumento considerável em comparação aos dois anos anteriores e ainda mais em comparação com os dados desde 2013. Em 10 anos, foram quase 2 anos de envelhecimento da frota em circulação, um crescimento muito expressivo.

Por que isso ocorreu?

Mesmo que a idade média da frota brasileira tenha crescido nos últimos 10 anos, a pandemia da COVID-19 foi um marco de grande impacto no mercado automotivo do país. A falta de componentes na época, que prejudicou a produção de veículos novos no país, e a redução do poder de compra do consumidor brasileiro influenciaram diretamente no envelhecimento da frota. Além do mais, o aumento da taxa de desemprego, aliado à ampliação de taxas de inflação e custos nos veículos e combustíveis fez muitas pessoas optarem por adquirir carros usados.

Mesmo que a relação entre  população residente e a frota circulante tenha se mantido regular de 2019 a 2022, com 4,6 habitantes por veículo, o mercado de carros usados foi aquecido neste período. No ano passado, os veículos com até 5 anos de uso representavam somente 23,8% do total em circulação, mas quase metade tinha mais de 10 anos, 49,3%, e 19,8% do total, mais de 16.

A isenção de IPVA de carros com mais de 20 anos de uso além de taxa de licenciamento mais barata é um atrativo para a procura deles.

Carros populares podem diminuir o envelhecimento da frota?

Segundo dados da Fenabrave, após o anúncio do governo em 25 de maio, sobre a redução dos impostos sobre os carros, menos veículos foram emplacados no mês de maio de 2023 à espera da volta dos carros populares.

Agora, em junho, devido à medida provisória (MP) anunciada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que determinou reduções entre R$ 2 mil e R$ 8 mil em uma seleção de modelos do mercado segundo critérios de sustentabilidade econômica, ambiental e nacionalidade, há a expectativa de registrar aumento significativo de vendas de veículos zero quilômetro.

A medida provisória previa validade de quatro meses nos descontos na nota fiscal, porém, os benefícios concedidos pelo projeto a partir do repasse governamental, em forma de créditos tributários às montadoras, deve durar por somente um mês, segundo nota emitida na terça-feira (6) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

A reversão do quadro de envelhecimento, portanto, depende da intensidade de crescimento das vendas de novos e simultâneo aumento do sucateamento dos mais velhos. Além disso, também se mostra necessária a criação de políticas públicas que exijam a retirada de circulação das unidades mais antigas. 

Impactos do envelhecimento da frota

Com uma frota majoritariamente constituída por veículos antigos, diversos problemas podem ser verificados. Mais poluição é gerada, pois a emissão de gases de efeito estufa é mais expressiva em veículos velhos. Além disso, a necessidade de troca de peças tende a ser mais frequente por serem veículos que apresentam defeitos regularmente. Uma vez que são necessários mais cuidados com o carro, ocorrem mais acidentes devido à falta de revisão e manutenção. Sem contar que muitas vezes são veículos não equipados com o pacote de segurança solicitado pela legislação atual, como airbags e freios ABS, por exemplo.