O status de possuir um veículo mais alto, robusto, com jeitão de utilitário, urbano e com preço mais acessível, está sendo observado pelas montadoras. Num território onde Ford EcoSport reinava até a chegada dos concorrentes Chery Tiggo e o mais recente Renault Duster, estava na hora da líder do mercado se pronunciar. E ainda não fez oficialmente. Mas segundo reportagem da Folha de S. Paulo, a Fiat planeja sim o seu utilitário e, ainda, nascerá na nova planta de Goiana, em Pernambuco.
O futuro “filho” da marca italiana será o primeiro utilitário-esportivo fruto da parceria com a norte-americana Chrysler, da qual já nasceram os crossovers Freemont e Dodge Journey. E deve sim herdar muitas características do irmão maior Freemont, na faixa dos R$ 80 mil. Com a diferença de ter uma faixa de preço entre R$ 50 mil e R$ 60 mil, bem no alvo da segunda geração do EcoSport, prevista para ser lançada em maio de 2012.
O modelo da Ford é considerado um grande sucesso no segmento, com média de 3 mil emplacamentos mensais no Brasil, de acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Mas óbvio está com visual defasado e precisando de uma reestilização completa.
Na Fiat, a ausência de um modelo entre os utilitários leves já é avaliada. “Não posso falar nada, mas sabemos que ter um carro neste segmento é uma necessidade da marca. É um carro que não temos ainda”, afirmou o gerente regional Fiat César Mafra. Com algumas características semelhantes (ter um visual mais off road) e preço próximo (a partir de R$ 45 mil), o Palio Weekend não cumpriu este papel por ser uma perua.
A chegada do jipinho em 2014, e com o carimbo da Chrysler, é em ótimo momento para manter a montadora em primeiro lugar nas vendas, visto que os emplacamentos de utilitários subiram quase três vezes em relação à média geral. Inicialmente, a nova planta de Goiana, que será inaugurada em 2014, tem capacidade inicial de 200 mil automóveis/ano, onde também está sendo aguardado o sucessor do Fiat Mille.
Fábrica tira os investimentos em Minas
Em agosto, a Fiat anunciou que o município de Goiana, a 65 km do Recife, receberá a nova fábrica com investimentos de R$ 4 bilhões. A expectativa era de que esses investimentos fossem aplicados em Minas Gerais. O anúncio da fábrica da Fiat no Nordeste frustrou os mineiros. Na época, o senador Aécio Neves havia dito que a ida da Fiat para Pernambuco foi viabilizada por uma Medida Provisória. Essa MP permitia uma isenção fiscal, mas no final do governo Lula, essa medida foi prorrogada para atrair investimentos de indústrias do setor automotivo no Nordeste. Segundo o senador, essa medida foi feita exclusivamente para que a Fiat se instalasse em Pernambuco. "Esses investimentos já estavam previstos para Minas Gerais e agora o que nos preocupa é a ida dos fornecedores para essa nova fábrica da Fiat", disse o senador, que também havia destacado que essa manobra política resultou em um grande prejuízo para Minas Gerais. Aécio chegou a pedir que os efeitos da Medida Provisória também fossem estendidos aos municípios mineiros que fazem parte da área da SUDENE nos vales do Jequitinhonha, Mucuri e Norte de Minas para que essas regiões também possam atrair a instalação de fábricas de insumos da cadeia automotiva.
A Fiat informou que a planta de Pernambuco irá gerar 4,5 mil empregos diretos. A linha de produção será ativada em março de 2014. O novo polo automotivo será projetado numa área de 14 mil metros quadrados e contemplará, além da fábrica, o centro de capacitação e treinamento, centro de pesquisa e desenvolvimento, pista de testes e campos de prova. Em Suape, a montadora irá manter o centro logístico.