Para atender as tarefas mais árduas de um ambiente hostil como o motor de um carro é preciso muitos e bons fluidos, mas desde que sejam os automotivos. Às vezes não nos damos conta, mas, do mais básico ao mais sofisticado, nenhum conjunto mecânico funciona a seco.
AZEITANDO A MÁQUINA
Confira quais são os principais fluidos que "caminham" pelas entranhas do seu carro e o tempo de durabilidade deles. E nunca pense em fechar o bolso para esses cuidados
Na década de 1960, era comum trocar o óleo do motor aos 1.500 quilômetros. Atualmente, já é possível substituir esse fluido a cada 10 mil quilômetros, dependendo do tipo de óleo. Quem conta é Francisco Satkunas, da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil), concluindo que esses líquidos evoluíram de forma fantástica. “Chegamos ao ponto de ter fluidos denominados lifetime, ou seja, que não precisam ser substituídos”, explica Satkunas.
CÂMBIO
É o caso das caixas de câmbio manuais, que em sua maioria são praticamente lacradas. A manutenção só é feita se houver algum indício de defeito, como vazamento ou barulho vindo da peça. Quando o componente apresenta algum defeito, troca-se o conjunto inteiro. Em alguns câmbios automáticos também se aplica essa filosofia. Porém, os câmbios automáticos que usam o óleo lifetime ainda são minoria. Segundo Satkunas, o fluido de uma caixa automática é trocado em média com 60 mil quilômetros. A manutenção pode ser adiantada para os 40 mil ou 50 mil quilômetros nos veículos com aplicação mais pesada. Esse tipo de óleo é caro. O preço do litro varia de R$ 40 a R$ 150.
FREIO
Não é segredo que as frenagens geram bastante calor. Assim, o fluido de freio deve suportar temperaturas de 200°C a 230°C sem ferver. Se o fluido de freio entrar em ebulição, são formadas bolhas capazes de criar um bolsão de ar dentro do sistema. Diferente do líquido, o ar pode ser comprimido, o que compromete a eficiência da frenagem. Para prevenir, é necessário trocar o líquido no máximo a cada 2 anos. O fluido de freio é do tipo higroscópico, o que significa que é capaz de absorver umidade do ar. Por isso seu sistema é fechado. De acordo com o engenheiro consultado, se for acrescentada apenas uma gota de água no reservatório de fluido de freio, esse líquido passa a ferver aos 120°C, o que causaria a temida bolha dentro do sistema.
EMBREAGEM
Satkunas alerta para o fato de alguns fabricantes de veículos usarem o fluido do freio também no circuito do acionamento hidráulico da embreagem. Logo, o bom estado desse fluido passa a ser importante também para a embreagem.
RADIADOR
Já o fluido do radiador, na maioria dos casos, é associado à água. Sua verificação deve ser frequente e, geralmente, deve ser trocado por volta dos 30 mil quilômetros. Mas em carros modernos a troca pode ser feita aos 100 mil quilômetros. Antes disso, a troca só é indicada caso o líquido mude de cor, indício de que ele está contaminado. O caso mais frequente é quando se usa uma água agressiva, que causa ferrugem no bloco do motor. Por isso é imperativo usar água destilada junto com o etileno glicol, que eleva o ponto de ebulição da mistura. Outro fator que pode causar vazamento no sistema é a deterioração do selo da bomba d’água, que evita a saída da água. O uso do fluido (água %2b etileno glicol) ajuda a lubrificar esse selo.
MOTOR
O óleo que lubrifica o motor é o que costuma receber mais atenção dos proprietários. Como todos os fluidos, sua troca deve ser feita conforme a orientação do fabricante do veículo. De forma geral, recomenda Satkunas, o óleo mineral deve ser trocado a cada 5 mil quilômetros, o semissintético a cada 7 mil quilômetros e o sintético com 10 mil quilômetros. É recomendável trocar o filtro de óleo junto com o fluido ou no máximo de forma alternada.
OUTROS
O aditivo usado no reservatório do limpador de para-brisa deve ser especial para esse uso, já que não agride a pintura e protege as palhetas. O detergente de cozinha gera muita espuma, podendo até queimar a bomba. O óleo da direção hidráulica é também do tipo lifetime. Não existe troca prevista e só precisa ser completado se houver algum vazamento.