De frete em frete, aos poucos os caminhões chineses vão surgindo nas estradas brasileiras. A primeira marca do país oriental a desembarcar por aqui foi a Sinotruk, em 2010, mesmo ano que registrou um crescimento de 44,43% no emplacamento de caminhões novos, com 157.633 unidades licenciadas, de acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Durante a próxima Fenatran, em outubro, será a vez dos modelos da Foton e Shacman estrearem.
Nas mãos do ex-ministro das comunicações e ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), Luiz Carlos Mendonça de Barros, os Fotons serão importados sob a marca de modelos leves e semileves Aumark. O fabricante decidiu apostar no Brasil depois de fazer um estudo de mercado. “Meu filho mais novo é sócio numa fábrica de carrocerias para caminhões e acompanhou os chineses nesse estudo. Depois de concluído, a Foton nos convidou a ajudar nas importações, com perspectiva para a construção de uma fábrica no país em 2015”, revela Barros.
De início, serão comercializados os modelos Aumark 311, 614 e 917, com capacidade de 3, 5, 6 e 9 toneladas de peso bruto total (PBT), na ordem, e ampla lista de equipamentos de série, que inclui ar-condicionado, direção hidráulica, freios ABS, vidros e travas com comando elétrico. O preço será próximo dos concorrentes nacionais e, para justificar o posicionamento, Barros apela para a qualidade. “Todos esses caminhões têm nível de qualidade igual ou superior ao das marcas brasileiras. O motor, por exemplo, é Cummins. Todo o conjunto de transmissão é da ZF e isso facilita muita na manutenção”, justifica o executivo. A garantia será de três anos.
OPORTUNIDADE Nas mãos da Metro, empresa que atua na área da construção civil em Angola, a Shacman viu no crescente mercado brasileiro uma oportunidade. “Precisávamos de caminhões em Angola e começamos a trabalhar com modelos chineses. Deu certo e, diante das vendas em crescimento, decidimos importar para o Brasil um bom produto com bom preço. É o nosso diferencial”, afirma o diretor técnico e de produto da Metro Shacman, João Comelli. O executivo garante que o primeiro modelo a ser importado, o semipesado TT 420 6x4, é próprio para as necessidades do frotista brasileiro. Equipado com motor Cummins de 11 litros, 420cv de potência e transmissão de 16 velocidades, o modelo terá preço cerca de 33% inferior ao de concorrentes nacionais. A tropicalização para o pesado da Shacman resistir à realidade das vias brasileiras, no entanto, foi feita em Angola. “Tenho quatro protótipos rodando lá. Basicamente, o clima de Angola é igual ao do Brasil. Mas quando os primeiros caminhões chegarem, até o final do julho, pretendo testá-los por 400 mil quilômetros. A gente vai repetir os testes por uma questão de bom senso”, defende Comelli. A garantia será de um ano.
Como Barros, Comelli pensa alto e já prevê a construção de uma fábrica da marca no Brasil. “Temos um acerto com a Shacman para isso, e dependendo da recepção do mercado, poderíamos iniciar uma produção por meio de CKD em três anos”, assegura.