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Gatunagem nas telas

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A franquia Velozes e Furiosos iniciada em 2001 já teve tantas continuações, que a quinta sequência já será chamada de maneira íntima, simplesmente Velozes Cinco. O filme, que estreia em 15 de abril, não revoluciona o roteiro, que fica no esquema corridas, roubos e perseguições. Mas se destaca mesmo na locação: o Rio de Janeiro, seguindo na esteira de outros blockbusters, como Os Mercenários e O incrível Hulk. Tal como o quarto filme, o novo Velozes repete a dupla do original, o marginal e corredor Dominic Toretto, interpretado pelo marombado Vin Diesel, e o policial transviado Brian O’Conner, papel do Paul Walker – acompanhados de parte do elenco original. A história pegou um roteiro que não era original, acrescentando o ingrediente das corridas de rua e da cultura de tunning dos esportivos nipônicos e mudando o alvo da cobiça para o roubo de cargas. Elementos que não escondem a semelhança com o filme a seguir.

YUPPIE A trama do filme Atraídos pelo perigo, de 1987, é familiar. O policial Benjy Taylor (D.B. Sweeney) se infiltra em uma quadrilha especializada e acaba se apaixonando pela irmã do líder do bando, Ted Varrick. O vilão é feito por Charlie Sheen, pouco antes de Wall Street, de Oliver Stone – mas já reconhecido por Platoon, do ano anterior. Varrick tem uma predileção: rouba só Porsches 911. E por que não as cobiçadas Ferraris? O infiltrado Benjy pergunta isso a Varrick, que retruca: “(Ferrari) é lixo italiano”. Parece desdém, mas a frase é repetida no Kill Bill, de 2003, pela guarda-costas ninfeta Gogo Yubari (Chiaki Kuriyama). Gogo expressa seu desprezo ao dispensar um yuppie e sua Ferrari, uma referência pop de Quentin Tarantino.

MINUTINHO Nem todos os bandidos têm preferência por marcas. Principalmente, quando se tem que praticamente roubar 50 carros em uma noite. É o que exibe 60 segundos, de 2000, remake em que o ex-maior ladrão de carros da cidade Memphis Raines, Nicolas Cage, tem que voltar à ativa para salvar a pele de seu irmão caçula. Cada carro tem um codinome, um nome feminino para instilar o desejo. A mais cobiçada é a Eleanor, Mustang Shelby GT 500 1967, que já havia deixado o mocinho não mão. É o verdadeiro amor de Raines, paixão que deixa em segundo plano a companheira Sara Sway Wayland, ninguém menos que Angelina Jolie. À belíssima Angelina resta o consolo de batizar a Ferrari 550 Maranello. O Mustang – só que um Mach1 – também é a musa do original de 1974, de mesmo título, lembrado pela perseguição de 34 minutos que dá cabo de 93 carros. O diretor H.B. 'Toby' Halicki tinha uma coleção de mais de 200 carros, muitos usados nas filmagens. Era tanto carro e tanta perseguição que o material ainda foi reutilizado em outros dois filmes do diretor, The Junkman, de 1982, e Deadline Auto Theft, do ano seguinte, ambos de temática parecida e sem título em português.

ROMÂNTICOS Longe da realidade, todos esses ladrões de carros são legais e sedutores. A imagem romantizada incentivou a comédia Excesso de bagagem, de 1997, que conta a história da patricinha Emily, Alicia Silverstone (de Patricinhas de Beverly Hills e Batman e Robin), que forja seu rapto para chamar a atenção do pai. Ao se trancar no porta-malas do seu cupê BMW 850i 1991, acaba vítima de um sequestro de verdade, quando o carro é roubado pelo especialista Vincent, Benicio del Toro. Vincent gosta de cupês, mas prefere um Aston Martin DB6 1966, tratado com carinho. O filme deu prejuízo.

BORDEJO E quando o ladrão é o próprio filho? Bem que o pai de Joel Goodsen, personagem de Tom Cruise, desconfiou e recomendou ao filhão que, na ausência deles, ele dirigisse o Chevrolet Impala wagon, 1979, e não o belíssimo Porsche 928 1976. Arriscado? Claro, por isso mesmo o filme de 1983 se chama Negócio Arriscado. Não é o primeiro carro do pai que Tom Cruise levaria para um passeio. Em Rain Man, de 1988, Cruise faz o yuppie (outro) Charlie Babbitt, que foi denunciado para a polícia pelo pai após ter pego sem avisar o Buick Roadmaster 1949. Não se deu bem como Joel.

 

 

 

PAPAI! Se o assunto é pegar o carro do pai e fazer um estrago, ninguém ganha de Ferris Bueller, trazido a vida por Matthew Broderick em Curtindo a vida adoidado, de 1986. Ferris toma a Ferrari 250 GT California do pai do seu melhor amigo, Cameron Frye (Alan Ruck). No fim, depois de sofrer nas mãos de guardadores e rodar mais do que o seu papel de “raridade de cavalete” permitiria, o conversível V12 foi destruído – uma réplica foi utilizada. Mesmo destino do Cadillac Sedan de Ville 1972 em Sem licença para dirigir, de 1988, um clássico da Sessão da Tarde. O galãzinho Corey Haim faz o papel do azarado Les Anderson, que falha na hora de tirar a habilitação. O que não o impede de levar o Caddilac do avô para uma volta com o parceiro Corey Feldman e a Mercedes, a garota mais bonita do colêgio, poupando o Audi 5000 da mãe. Só não destruiu o veloz BMW 633 CSi do pai porque o carro já havia sido arruinado. Para esses, qualquer castigo é pouco!