Maior sucesso automotivo de todos os tempos no Brasil, o VW Gol é um carro de várias facetas, mas que jamais perdeu sua virtude principal: de veículo robusto. Essa imagem colou no compacto da Volkswagen em todas as suas fases, inclusive em uma que durou pouco, a do Gol G5. Pouco tempo, mas o suficiente para ter boa reputação no mercado de usados.
Lançada em 2008, foi uma geração nova do compacto, de fato. E foi basicamente a última a garantir o VW Gol na liderança absoluta do mercado. Teve diversas versões e séries especiais, e contribuiu muito para as 8,5 milhões de unidades produzidas do hatch compacto de 1980 até os dias atuais, quando o modelo já ensaia sua despedida.
O Gol está prestes a sair de linha e o Polo assumirá seu lugar. O VRUM testou a versão GTS do hatch
1 - Nova geração de fato do VW Gol
Podem chamar de G5, mas esse VW Gol na verdade representa a terceira geração do modelo. Lançado em 2008, o carro passou a usar a versão simplificada da plataforma PQ24, a mesma do Fox, apresentado em 2003.
Bom lembrar que a segunda geração foi lançada em 1994, marcada como VW Gol Bolinha. Em 1999 (G3) e 1995 (G4), foram apenas remodelações profundas, mas a base era a mesma.
O VW Gol trouxe a reboque o ressurgimento do Voyage, que ficou fora de cena justamente desde a chegada do Bolinha. Com melhor espaço interno e plataforma mais avançada, o VW Gol se manteve como carro mais vendido do país até dar lugar ao G6, então uma nova reestilização para cima do compacto.
Curiosidade dessa fase é que o VW Gol G4 se manteve no pedaço como opção de entrada da Volks no Brasil. Ganhou até uma configuração Ecomotion, que tinha pneus verdes, diferencial mais longo, mas que economizava também em equipamentos já mandatórios para a época, como ar-condicionado e direção assistida.
Outro detalhe é que depois do Gol G5, o hatch da VW perdeu o trono e nunca mais recuperou a coroa. Em 2013, já dividindo as atenções com o up!, foi superado pelo Fiat Palio, o que encerrou uma dinastia de 27 anos de liderança em emplacamentos ininterruptos. Nos anos seguintes, assistiu à supremacia do Chevrolet Onix.
2 – Hatch compacto é equipado com motores 1.0 e 1.6
Essa fase do VW Gol manteve uma linha enxuta de motores. Primeiro com os 1.0 e 1.6 da família EA111, conhecidos pela força em baixos giros e arrancadas bastante satisfatórias, ajudadas ainda pelo câmbio de cinco marchas bem escalonado e com engates curtos e bastante precisos.
O 1.0 8V rende 76cv com etanol e 72cv com gasolina e torque máximo de 10,6kgfm (e)/9,7kgfm (g) a 3.850rpm. O consumo médio na cidade da época apontava 7,5km/l com etanol e quase 11km/l com gasolina.
Já o 1.6 8V gera 104cv (e)/101cv (g), respectivamente, a 5.250rpm. O torque alcança 15,6kgfm (e)/15,4kgfm (g) a 2.500rpm. Os testes desta fase apontavam aceleração até 100km/h em 10,3 segundos, além de consumo na cidade acima dos 7km/l com etanol e por volta de 9,5km/l com gasolina.
3 - Robustez boa… conforto, nem tanto
O VW Gol, seja qual geração for, nunca perdeu a fama de robusto. Uma qualidade reforçada pelo acerto mais firme da suspensão e da carroceria, o que passa a impressão de carro “pau para toda obra”.
Ao mesmo tempo, sempre foi um modelo sem muitas firulas. Acabamento simples e racional, posição de dirigir esquisita e isolamento acústico ineficiente também acompanham o VW Gol. O espaço também não é nenhuma maravilha, mesmo se comparado aos rivais da época.
4 – VW Gol estreou a versão i-Motion
Em novembro de 2009, o VW Gol embarcou na onda dos câmbios automatizados. A caixa i-Motion tinha embreagem simples como a dos principais rivais (Dualogic, da Fiat, e Easytronic, da General Motores) e padeceu dos mesmos males.
As imprecisões são comuns no desempenho e principalmente nas retomadas. A falta de grip dificulta manobras em vagas mais apertadas e subidas de meio-fio. Os trancos excessivos ainda renderam o apelido de “ic motion”, uma ironia com os soluços que a própria campanha da VW sobre transmissão garantia que não existiam.
5 – Rallye, uma das versões mais legais do hatch
A configuração mais legal do Gol G5 é a Rallye, que foi lançada em 2010. Resgatou o nome usado pela primeira vez em 2004, no Gol G3, e fez as vezes de aventureira da linha do compacto. Corrobora isso com 2,8cm a mais na altura da suspensão – o que resulta em 17,1cm de vão livre no total.
No estilo, o VW Gol Rallye recebeu frente semelhante à da Saveiro Cross do início da década de 2010, além de adesivos laterais escurecidos e com o nome da versão vazado, e spoiler traseiro. A pedida aqui são os modelos com a indefectível cor amarelo Solaris, que já era usada no CrossFox. O motor é sempre o 1.6, com opção de câmbio i-Motion (mas não recomendamos esta caixa).
No mercado de usados, um VW Gol Rallye 2011/12 tem preços entre R$ 34 mil e R$ 40 mil. Mas é preciso ficar ligado nos equipamentos, já que o ar-condicionado era opcional. De série, era equipado com direção hidráulica, vidros e travas elétricos, sensor de ré, repetidores de setas nos retrovisores e luz de leitura traseira.
6 – Um modelo que teve séries variadas
Apesar de ficar só quatro anos no mercado, o Gol G5 experimentou cinco séries especiais diferentes. A primeira foi a Seleção. A marca era patrocinadora da CBF em 2010 e resolveu fazer uma edição limitada a 3 mil unidades, todas com motor 1.0, em alusão à Copa da África do Sul daquele ano.
Foi nesta fase do Gol G5 que o compacto estreou sua primeira série Rock in Rio, em 2011. A Volks era patrocinadora do maior festival de música do país e fez 900 unidades do hatch com motor 1.0, três opções de cores iguais a palheta oficial do evento (azul, vermelho e branco), emblemas nas laterais, silhueta de uma guitarra azul nas laterais dos bancos.
O VW Gol Rock in Rio 2011 ainda traz volante do Passat CC, detalhes vermelhos no painel e no câmbio, soleiras de alumínio com a marca do festival, sistema de som com quatro alto-falantes, dois tweeters, CD player, Bluetooth, MP3, entradas USB e para cartões SD e iPod. A VW repetiu a edição limitada quatro anos depois.
Ainda em 2011, o Gol G5 teve outra edição limitada. Chamada de Black, era auto-explicativa. Com 800 unidades e motor 1.0, o carro é dominado por tons escurecidos, com capas dos retrovisores, maçanetas, frisos laterais e spoiler na cor preto Ninja.
Ainda por fora, os faróis são escurecidos e as rodas aro 14 polegadas são pintadas de cinza. Na cabine, teto e colunas revestidos de preto. O símbolo da série aparece nos encostos dos bancos dianteiros e nas soleiras das portas.
7 – O Gol G5 teve também uma série exclusivíssima
O ano de 2011 foi animado em edições especiais para o Gol G5, que teve direito a uma que hoje quase vale ouro no mercado de usados. Falamos da Vintage, que foi baseada em um carro-conceito mostrado um ano antes no Salão do Automóvel de São Paulo.
O VW Gol Vintage comemorava as três décadas de lançamento do hatch da marca alemã e teve tiragem de apenas 30 exemplares. Todos têm numeração no painel, pintura especial branca com faixa preta sobre o capô e na tampa traseira.
O teto também é preto, assim como o para-choque traseiro. O nome da série é estampado em letra cursiva acima das faixas laterais da carroceria. Rodas de liga leve brancas com aros de 16 polegadas, bancos revestidos em couro e apliques brancos no volante, faixas dos bancos, molduras do painel e maçanetas ditam o estilo desta edição especial.
No segmento de usados, os poucos exemplares encontrados custam uma baba. Os preços variam entre R$ 120 mil e R$ 130 mil. Tem anúncio, ainda, com um item ainda mais exclusivo: a guitarra Tagima, que acompanhava o carro. O instrumento foi feito especialmente para a versão e é dotado de um sistema de pré-amplificação interno que possibilita a conexão com o equipamento de som do carro.
8 – Detalhes da série comemorativa
No último ano de existência, o Gol G5 ganhou uma outra série para jogar confete na linha. Depois de celebrar o tempo de vida do seu compacto com a Vintage, a marca alemã resolveu homenagear o tempo de liderança do hatch no mercado brasileiro. Assim, em 2012, surgiu o Gol 25 anos.
Na prática, o Gol 25 anos consistia em dois pacotes de equipamentos com o emblema “25 Anos” na altura dos para-lamas dianteiros. O kit mais em conta é equipado com bancos com revestimento exclusivo, pneus 175/70 R14, faróis e lanternas com lentes escurecidas e frisos, maçanetas e retrovisores na cor da carroceria.
O mais caro tem rodas de liga leve aro 14 polegadas e som com CD Player, USB e Bluetooth. Ainda na parte de equipamentos, a série limitada tem, em ambas as opções, direção hidráulica, setas integradas nos retrovisores, vidros dianteiros e travas elétricos e faróis de neblina.
9 – Como são os preços de manutenção do Gol G5?
A boa vendagem do VW Gol facilita a vida do dono no que diz respeito a peças de reposição, e isso se mantém no G5. Além disso, os componentes de carroceria e mecânicos do hatch compacto também têm preços bastante baixos em relação à maioria dos rivais:
- Jogo de pastilhas de freio dianteiro: entre R$ 80 e R$ 110
- Kit de velas (1.0 e 1.6): entre R$ 70 e R$ 90
- Bomba de combustível: entre R$ 180 e R$ 300
- Jogo de amortecedores traseiros: entre R$ 260 e R$ 520
- Kit farol dianteiro: entre R$ 250 e R$ 470
10 – Os principais problemas do hatch da marca alemã
O Gol G5 tem fama de robusto, mas também registra problemas comuns que afetam sua reputação – mesmo que em grau menor. Muita atenção ao servofreio, que costuma apresentar falhas, e aos rolamentos das rodas, motivo constante de reclamações dos donos do modelo.
Trincas no para-brisa também são ocorrências usuais em relação ao Gol G5. Além disso, nesta fase o hatch teve um recall para mudar a especificação do óleo com direito à extensão da garantia do motor à época.
Inclusive, como já abordamos aqui no VRUM, fique atento também aos motores VHT 1.0, que no início apresentaram problemas de lubrificação que resultaram em quebras do motor. Pior: alguns blocos foram trocados, mas não foi feita a mudança nos documentos dos veículos.
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