O grupo FCA (Fiat Chrysler) decidiu encerrar a joint venture com a Iveco e não mais produzir o Fiat Ducato na fábrica de Sete Lagoas, depois de 16 anos de parceria – a inauguração da linha de montagem ocorreu em novembro de 2000, com a presença de autoridades como o então presidente Fernando Henrique Cardoso. Desde a semana passada a fabricação do Ducato no Brasil foi interrompida, levando a Iveco a demitir cerca de 300 funcionários na unidade fabril. Outros dois veículos comerciais que compartilhavam a mesma linha e plataforma com o modelo da Fiat, os 'irmãos gêmeos' Peugeot Boxer e Citroën Jumper do grupo PSA, também foram descontinuados, confirma a Iveco.
O término da joint venture foi confirmado pelo diretor comercial da FCA Brasil, Sérgio Ferreira, que alega estratégia comercial. Ferreira garante, contudo, que a Fiat continuará a vender a Ducato no Brasil, havendo estoque suficiente nas concessionárias para os próximos meses. “Não desistimos do produto, vamos continuar a vender, só não podemos dizer por enquanto de onde virá”, declarou. Procurada pelo VRUM no início da tarde desta sexta-feira (16), a Fiat ainda não se manifestou oficialmente sobre o assunto.
Além do Brasil, o Fiat Ducato é fabricado na Itália e no México. Oferecido em configurações van de passageiros e furgão, o modelo, que começou a ser vendido no país em 1998 importado da Europa, foi apenas o 15º comercial leve mais vendido neste ano, com 2,7 mil unidades comercializadas até novembro – no acumulado de 2015 foram cerca de 7 mil. No segmento de furgões, o Ducato teve desempenho superior no mês passado, ficando em segundo lugar, atrás apenas do Renault Master.
Embora confirme o fim da parceria com a Fiat e a fabricação conjunta dos modelos do grupo PSA, a Iveco ressalta que o funcionamento das linhas de produção da linha Daily (chassi/cabine, van e furgão), caminhões e ônibus, continuam operando normalmente. A Citroën afirma que ainda não foi comunicada oficialmente sobre o término da produção do Jumper e, a exemplo do Ducato, as vendas continuam e há estoque nas lojas. A Peugeot não retornou os contatos da reportagem para falar sobre a produção do modelo Boxer.
TRAJETÓRIA O Fiat Ducato foi lançado no Brasil em 1998, ainda importado da Europa, com motor 2.8 aspirado de 89cv, turbodiesel de 103cv e 122cv (equipado com intercooler). Em novembro de 2000 cinco das seis versões então disponíveis (exceto a Minibus, nacionalizada no ano seguinte) passaram a produzidas na planta da Iveco em Sete Lagoas. A maior reformulação da linha ocorreu em abril de 2005, quando o veículo comercial passou por uma reestilização, teve a capacidade ampliada e ganhou injeção direta no motor 2.8, elevando a potência para 127cv – no mesmo ano foi lançada a terceira geração na Itália.
Em setembro de 2009 chegou o atual motor o 2.3 turbodiesel Multijet de 127cv, então com 30,7kgfm de torque. No ano seguinte foram celebrados os 10 anos de fabricação nacional com 55 mil unidades emplacadas e oito anos de liderança no segmento de furgões grandes. A linha 2013 trouxe torque ampliado para 32,6kgfm e a alterações no motor, como a aplicação do sistema de Recirculação dos Gases de Escape (EGR), para redução de emissões e consumo.
Atualmente o Fiat Ducato é vendido no mercado brasileiro nas versões Minibus Teto Alto, Multi Teto Alto, Minibus, Maxicargo 10 m³, Cargo L, Maxicargo 12 m³ e Cargo, a partir de R$ 103.350. Embora a nova geração do Ducato já tenha sido testada pela fábrica de Betim, não há previsão de chegada dela por aqui.