A fusão e a criação da Stellantis era uma questão de sobrevivência tanto para a FCA (Fiat-Chrysler Automóveis) quanto para a PSA (Peugeot-Citroën). Além de enfrentar queda nas vendas mundiais, impactadas pela pandemia da COVID-19, os dois grupos se viram obrigados a buscar soluções para reduzir custos com desenvolvimento de novas tecnologias e produtos. E a união, confirmada no dia 16, gera o quarto maior conglomerado mundial do setor automotivo, dono de 20 marcas bem conhecidas no mercado. Até o fim deste ano, a Stellantis anuncia que terá 10 lançamentos eletrificados, entre 100% elétricos e híbridos.
Em apenas uma frase, o diretor-geral da Stellantis, Carlos Tavares, definiu bem qual foi a motivação de se criar o novo gigante do setor. “Apenas os mais ágeis, em um espírito darwiniano, sobreviverão”, disse o executivo, que na ocasião ainda ocupava o cargo de presidente da PSA. A necessidade de reduzir custos de desenvolvimento e produção, além de ampliar as gamas de produtos, fez com que os fabricantes confirmassem a fusão. Das 20 marcas do novo conglomerado, 14 representam cerca de 9% do mercado automotivo mundial, com oito milhões de veículos vendidos.
Com a Stellantis, o grupo espera melhorar o desempenho de vendas na Europa e em outros mercados, além de possibilitar o retorno das marcas francesas aos Estados Unidos, onde a FCA já se faz presente. O novo conglomerado vai abrigar sobre o mesmo teto as marcas Abarth, Alfa Romeo, Chrysler, Citroën, Comau, Dodge, DS Automobilies, Fiat, Fiat Professional, Free2Move, Jeep, Lancia, Leasys, Maserati, Mopar, Opel/Vauxhall, Peugeot, Ram, SRT e Teksid. Para se ter uma ideia, em 2020, as vendas mundiais da PSA, que reúne as marcas Peugeot, Citroën, DS, Opel e Vauxhall, caíram 27,8%, apesar do lançamento de 17 modelos eletrificados.
Carlos Tavares é o CEO da Stellantis, que tem um conselho administrativo composto por 11 membros, liderado pelo por John Elkann, presidente da FCA. O grupo tem 400 mil funcionários. A expectativa é de que a sinergia entre as marcas do grupo gere uma economia de cerca de US$ 6 bilhões ao ano com gastos de desenvolvimento e produção.
A Stellantis é o quarto maior grupo de montadoras do mundo (atrás do Volkswagen Group, Toyota Group e Renault-Nissan Alliance), e tem entre os acionistas o governo francês, com 6,2% de participação. O governo italiano também estuda a possibilidade de aderir à ideia. Os demais acionistas são a proprietária da Fiat-Chrysler, a Exor, com 14,4%, a família Peugeot, 7,2%, e a chinesa Dongfeng, com 5,6%. O faturamento anual estimado da Stellantis é de US$ 190 bilhões, sendo que o grupo tem fábricas em mais de 30 países e não prevê o fechamento de nenhuma delas. No Brasil, tem as fábricas da FCA em Betim (MG) e Goiana (PE), e a da PSA em Porto Real (RJ).
ELETRIFICAÇÃO O novo grupo não faz mistério sobre o que pretende para o futuro próximo. Serão lançados, até o fim deste ano, 10 modelos eletrificados, entre híbridos, híbridos plug-in e veículos 100% elétricos. O Fiat 500 elétrico será um deles. E em 2022 deve chegar o Peugeot 208 elétrico. A ideia é de que todos os modelos lançados até 2025 tenham pelo menos uma versão eletrificada. Atualmente, as marcas da Stellantis contam com uma gama de 29 carros eletrificados. Outro foco do novo conglomerado são as tecnologias autônomas e o grupo projeta para 2030 um crescimento significativo de veículos compatíveis com a tecnologia 5G.