Proprietários e até motoristas de outros veículos têm se manifestado, nas redes sociais, sobre o posicionamento das luzes de seta do Hyundai HB20 2023. É que, nesse modelo, elas foram instaladas no para-choque dianteiro. No caso do hatch, até os piscas traseiros ficam situadas no para-choque (no Sedan, eles estão integrados às lanternas). Mas, afinal, por que isso ocorre? Seria um erro de projeto?
Procurada pelo VRUM, a Hyundai Brasil emitiu uma nota, mas não entrou em detalhes. A empresa declarou simplesmente que:
“As luzes indicadoras de direção, tanto dianteiras como traseiras, do novo Hyundai HB20 se devem a uma solução de design adotada pela montadora, e o posicionamento das setas atende à legislação nacional vigente. Todas as versões foram devidamente homologadas pelos órgãos competentes e estão em total conformidade para a comercialização no país.”
Hyundai Brasil
Em busca de respostas mais esclarecedoras, o VRUM consultou Ronaldo Lopes, mentor de design da mobilidade da SAE Brasil. Primeiramente, vale destacar que ele não tem qualquer relação com o desenvolvimento do Hyundai HB20 2023. O que o especialista fez foi explicar quais critérios determinam o posicionamento das lanternas durante a fase de projeto de um veículo.
Já dirigimos o Hyundai HB20 2023: assista ao vídeo!
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Simplesmente uma solução de design
Lopes atribui o posicionamento das luzes de seta do HB20 2023 simplesmente à solução de estilo adotada pela equipe da Hyundai. "É da liberdade do designer, para harmonizar com as linhas do carro", pontua o estilista.
Segundo o especialista da SAE, a tal legislação vigente, citada pela Hyundai, é a Resolução 970/2022 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Esse texto determina algumas condições para as lanternas: prevê, por exemplo, quais as luzes elas devem conter, além das cores de todos os sinais luminosos. Porém, praticamente não faz exigências quanto ao posicionamento desses indicadores.
Uma rápida análise de diferentes automóveis já comprova que os profissionais de design de realmente têm bastante liberdade para posicionar as lanternas. Afinal, existem mais veículos nos quais esses componentes ficam instalados em posição mais baixa, como o Suzuki Jimny Sierra. Outros modelos atuais, como Fiat Toro e Renault Captur, trazem apenas as luzes de ré e de neblina no para-choque.
No passado, décadas antes da existência do Hyundai HB20 2023, também já existiram carros que traziam as setas instaladas no para-choque ou até mesmo abaixo dele. Nesse caso, porém, eram as luzes indicadoras dianteiras, e não as traseiras. Entre eles, estão Dodge 1.800/Polara até 1977, Chevrolet Chevette até 1982 e vários modelos da Volkswagen, como Brasilia e SP2.
Por outro lado, nas duas últimas décadas esteve em voga justamente uma tendência contrária: a de instalar as lanternas em posição mais alta, nas colunas traseiras. Há diversos exemplos de modelos que recorreram a esse recurso, entre os quais Fiat Punto, Chevrolet Meriva e as duas primeiras gerações do Ford Focus.
Seta do Hyundai HB20 2023 é segura?
Em tese, a resposta é sim. Isso, porque o cumprimento à Resolução 970/2022 do Contran já assegura que as luzes cumpram a função de sinalizar corretamente os demais motoristas. Nesse ponto, cabe ressaltar que a legislação brasileira, em tal aspecto, não difere muito das exigências adotadas em outros países; inclusive em relação aos da Europa, que são os mais rigorosos quanto à segurança veicular.
Tanto que o já citado Suzuki Jimny Sierra, que traz não apenas os indicadores de seta, mas todas as luzes traseiras na altura do para-choque, é comercializado no mundo inteiro com tal característica. Por sua vez, o Hyundai HB20 2023 é um produto voltado para o consumidor brasileiro, mas é exportado sem alterações de projeto para diversos outros mercados da América do Sul.
Outra questão que Lopes, da SAE, faz questão de esclarecer é que os próprios fabricantes realizam testes com os faróis e as lanternas dos veículos durante a fase de desenvolvimento, para obter o melhor resultado possível. Se for detectado algum problema, o projeto recebe alterações antes de chegar ao mercado.
O especialista destaca que, entre esses testes, estão os de fotometria. Neles, os setores de engenharia dos fabricantes conseguem direcionar o facho de luz, de modo a otimizar a visibilidade. "Assim, é possível ter uma lanterna baixa, por exemplo, mas cuja luz é vista pelos demais motoristas", conclui.