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IPI pode tirar do Brasil investimento de US$ 500 milhões

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O Brasil poderá perder para o México investimentos de US$ 500 milhões em uma fábrica de caminhões caso seja mantido o decreto presidencial 7.567 que regulamenta a elevação de 30 pontos porcentuais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos importados. A afirmação, é do presidente da Foton Aumark do Brasil, Luiz Carlos Mendonça de Barros, feita hoje durante o lançamento oficial da empresa no País durante a Fenatran - 18º Salão Internacional do Transporte, realizado no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo.

A empresa, formada com 100% de capital nacional, inicia suas operações no Brasil com a importação e distribuição dos veículos da marca Foton, maior montadora de caminhões da China. Mendonça de Barros disse que vem conversando com o governo sobre a maior taxação de veículos importados e está esperançoso de que se chegará a uma boa solução, já que o aumento do IPI vai encarecer em até 15% os caminhões nacionais e em até 25% os importados.

"Estamos tentando mostrar para o governo que essa medida vai congelar a indústria de caminhões no País", afirmou. Ele frisou, no entanto, que os chineses da Foton já estudam a possibilidade de exportar CKD (Completely Knock-Down, em inglês) ou conjuntos de partes para montar no México os caminhões que entrarão no Brasil.

De acordo com Mendonça de Barros, desde o primeiro contato com os chineses, em 2009, até o lançamento das três primeiras concessionárias, no começo de 2012, passando pelos processos de homologação, importação e contratação e treinamento de funcionários, a Foton Aumark do Brasil acumula investimentos de R$ 30 milhões. As três concessionárias serão montadas em Várzea Paulista, Guarulhos e na Via Anchieta.

A empresa decidirá se vai ou não efetivar a construção da fábrica no Brasil até 2014. A ideia é lançar a pedra fundamental da nova planta no começo de 2015, mas o projeto está condicionado à manutenção ou não da cobrança dos 30 pontos porcentuais do IPI incidente sobre veículos importados.

Mendonça de Barros afirmou que a elevação do imposto se deu devido aos aumento dos salários dos metalúrgicos. "As montadoras teriam de reajustar em quase 15% os salários dos funcionários e com isso resolveram aumentar os custos dos importados", disse. Para ele, se a ideia é criar empregos no Brasil e se isso for bem-feito, a iniciativa é válida. "Não estamos aqui para criticar as decisões do governo", afirmou. Mas ele ponderou que é impossível uma fábrica se instalar no País já com 60% de nacionalização.

A Foton Aumark do Brasil espera vender 200 unidades dos modelos de 6,5 e 8,5 toneladas em 2011. Isso já representaria 2% de participação do mercado nacional na categoria, mesmo tendo iniciado suas atividades no Brasil no final de outubro. Para o primeiro ano de atividade no Brasil, a expectativa de Mendonça de Barros é vender 2 mil veículos, mas o objetivo é atingir uma participação de 15% do mercado de caminhões até 2015.

Mendonça de Barros disse ainda que a empresa estuda trazer para o Brasil um braço financeiro de um grande banco chinês para financiar os caminhões da Foton com capacidade de carga superior a 8,5 toneladas. Isso porque esta categoria se enquadraria no Finame (linha de financiamento do BNDES para produção e aquisição de máquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional). Como esta linha não financia veículos importados, a Foton Aumark do Brasil está negociando com bancos chineses para financiar estes bens.

 

Apesar do adiamento, IPI para importados ajudou indústria nacional, diz Mantega

 

Agência Brasil

 

Apesar de adiado para dezembro, o aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os veículos importados ajudou a indústria nacional, disse nesta terça-feira o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Segundo ele, embora o reajuste não tenha entrado em vigor, a medida interrompeu o crescimento da venda de importados e provocou a antecipação de investimentos de montadoras estrangeiras no país.

“Depois que anunciamos a medida, observamos dois efeitos. As empresas já instaladas no Brasil passaram a anunciar novos investimentos e empregos. Além disso, empresas que estão importando também manifestaram o desejo de instalar fábricas no país”, declarou o ministro após reunião com o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini.

Segundo Mantega, o reajuste em 30 pontos percentuais do IPI de veículos de fora do Mercosul e do México também ajudou a conter o crescimento da importação. “Antes da medida, eram 70 mil [veículos] importados ao mês vendidos no Brasil. O crescimento ia ocupar todo o aumento de demanda previsto para este ano. As empresas iam parar de investir aqui e migrariam para outro lugar”, declarou.

Embora alguns países tenham reclamado da elevação do IPI na Organização Mundial do Comércio (OMC), o ministro descartou o risco de problemas diplomáticos para o Brasil. “Alguns países apenas pediram informações, o que não significa ação aberta contra Brasil”, alegou Mantega. Ele disse ainda que diversos países têm tomado medidas semelhantes sem serem questionados na OMC. “Os Estados Unidos, a China, a Índia e vários países têm recorrido a medidas protecionistas”, ressaltou.

O presidente da Anfavea anunciou o investimento de US$ 21 bilhões na indústria automotiva brasileira até 2014. Ele, no entanto, não informou quanto desse valor efetivamente decorreu do aumento do IPI. “É difícil quantificar, mas poderia ter ocorrido anúncios de desinvestimentos se o governo não tivesse tomado essa medida”, disse Belini.