O Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) de 2013 vai ficar, em média, entre 10% e 12% menor que o deste ano para carros usados. É o que antecipa o subsecretário da Receita Estadual, Gilberto Silva Ramos, ao garantir que o imposto cairá mais em Minas Gerais que em outros estados, como São Paulo, por exemplo, onde a redução será de 8,56%. “Estamos fechando os dados e, em Minas, a depreciação dos usados foi maior. O nosso desconto está entre 10% e 12%”, afirma Ramos.
O percentual de corte é o maior desde 2010, quando o imposto ficou 13,57% mais barato. A expectativa é de que os valores a serem pagos pelos condutores mineiros sejam divulgados no final da próxima semana. São Paulo saiu na frente e já cravou queda superior a 8,5%, diante da forte retração de preços no mercado de usados. A isenção fiscal do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros novos – em vigor desde o final de maio – é o principal responsável pela queda de preços dos semi-novos e usados, que já chega a 10,24% no acumulado dos dez primeiros meses do ano, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), medido pelo IBGE.
Em Minas Gerais, a queda de preços medida pelo IPCA foi ainda mais expressiva, somando 12,37% no mesmo período, mais de dois pontos percentuais acima da média nacional. O presidente da Associação dos Revendedores de Veículos no Estado de Minas Gerais (Assovemg), Marlon Vieira justifica a movimentação do mercado. “O carro usado em Minas Gerais é em torno de 5% a 10% mais valorizado que em São Paulo. Como exemplo, um Palio 2010 que aqui valia R$ 22 mil, lá era cotado a R$ 20 mil”, afirma.
O momento desfavorável para o negócio fez com que os valores praticados no estado se aproximassem cada vez mais daqueles utilizados em outras regiões, explica Vieira. Por isso, a queda mais expressiva de preços foi registrada nas concessionárias locais. “Os patamares eram mais elevados. O carro aqui continua tendo um valor agregado maior, mas essa distância vem diminuindo”, pondera Vieira. Apesar de os mineiros continuarem pagando IPVA mais caro que em outros estados para o mesmo veículo, essa discrepância vem sendo cada vez menor, diante da nova dinâmica de compra e venda.
A queda dos valores, porém, não devem comprometer a arrecadação do estado. Isso porque, segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), a frota de veículos em Minas Gerais passou de 7,494 milhões em setembro do ano passado para 8,139 milhões de veículos no mesmo mês deste ano. A alta é de 8,6% no período. Para o IPVA de 2012, a Secretaria Estadual de Fazenda estimou arrecadação de R$ 2,779 bilhões, volume 16,46% superior ao arrecadado em 2011, diante de uma frota que cresceu cerca de 10% no período. A SEF não antecipa os valores esperados para o ano que vem.
PONTA DO LÁPIS Assim como em São Paulo, a Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais (SEF) – responsável pela divulgação do IPVA – utiliza como base de cálculo a tabela da pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) de setembro. Apesar da coincidência do mês, Gilberto Silva Ramos explica que a pesquisa realizada pela Fipe para balizar o reajuste do tributo no estado é feita com exclusividade, considerando os valores praticados na frota mineira. “Eles fazem um levantamento para Minas Gerais, o que justifica os valores diferentes dos de São Paulo”, observa Ramos.
Recuperação à vista
O mercado de usados esboça uma leve recuperação neste segundo semestre, depois de uma primeira metade do ano complicada. Segundo dados da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto) os modelos de carro com menos de três anos de fabricação registraram preços 2,8% superiores entre janeiro e outubro deste ano. No mesmo período, automóveis fabricados antes de 2009 perderam cerca de 10% de valor de mercado.
“Depois de um início muito difícil, dada a dificuldade para aprovação de crédito, começamos a recuperar. Em torno de 15% das fichas de financiamento eram aprovadas. Agora já estamos atingindo uma meta de 30% a 35%”, apontou Ilídio Gonçalves dos Santos, presidente da Fenauto. O mercado de veículos usados é fortemente dependente de financiamentos. Ilídio estima que 70% das vendas são realizadas por meio dessa forma de pagamento. “Existe crédito, mas o aumento da inadimplência fez com que os bancos adotassem critérios mais seletivos”, explicou. A restrição de recursos, associada às vantagens em se comprar um veículo zero quilômetro sem IPI fragilizou o mercado.
ALTERNATIVA As quedas nas vendas chegaram a 12,1% entre janeiro e maio deste ano, contra igual período de 2011. Segundo estimativas da Fenauto, uma loja de carros usados que antes costumava a vender 40 automóveis por mês, em outubro vendeu apenas oito. Além dos problemas com o crédito e com a concorrência dos novos, com o mercado desaquecido, muita gente preferiu anunciar o carro por conta própria, para evitar eventuais perdas na cotação por parte das revendas e concessionárias.
Apesar de o pior parecer ficar para trás, o presidente da Associação dos Revendedores de Veículos no Estado de Minas Gerais (Assovemg), Marlon Vieira, não descarta a possibilidade de nova redução de preços. “Acredito que o semi-novo ainda registre queda de 5% ao longo do próximo ano, enquanto o usado deve cair 3%”, avalia. Ainda assim, o processo de desvalorização parece bem mais ameno que o registrado este ano, quando a média de queda de preços já chega a 10%. (PT)