Foi inaugurada na tarde desta quinta-feira a fábrica Iveco Veículos de Defesa, para produção de blindados, em Sete Lagoas, Região Central de Minas Gerais. A unidade industrial de última geração, primeira do gênero instalada fora da Europa, já nasce com área destinada a expansão, para abrigar novas linhas de produção do blindado Guarani, encomenda do Exército em substituição ao Urutu, e outros equipamentos europeus que entraram no planejamento da montadora para produção local. A planta demandou investimentos de R$ 55 milhões e gera mais de 1,7 mil empregos.
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A unidade tem capacidade de produzir até 100 blindados por ano. O VBTP-MR (Veículos Blindados para o Transporte de Pessoal Médio sobre Rodas), conhecido como Guarani, é o primeiro modelo a ser produzido na unidade e tem índice de nacionalização superior a 60%. Ele substitui os antigos modelos Urutu, atualmente em uso pelas Forças Armadas Brasileiras.
A produção do Guarani é fruto de parceria da Iveco com o Exército Brasileiro. O contrato prevê o fornecimento de 86 veículos, com investimentos de R$ 246 milhões. As primeiras cinco unidades foram entregues às Forças Armadas, em dezembro do ano passado. A unidade está localizada em área de 30 mil metros quadrados - 18 mil de área construída - no complexo industrial da Iveco em Sete Lagoas.
Participaram da solenidade, o governador Antonio Anastasia, o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, o vice-governador Alberto Pinto Coelho, o comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, o prefeito de Sete Lagoas, Márcio Reinaldo, o presidente da Fiat Chrysler para América Latina, Cledorvino Belini, o vice-presidente da Fiat do Brasil, Valentino Rizzioli, o diretor-geral da divisão de Veículos Especiais da Iveco Latin América, Paolo Del Noce, o presidente mundial de veículos de defesa Iveco, Roberto Cibrario, e a consulesa da Itália em Belo Horizonte, Maria Pia.
Anastasia destacou que a fábrica é a única no Brasil a produzir blindados com essas características e se insere dentro da linha de ação do Governo de Minas de atrair investimentos da chamada nova economia. Para o governador de Minas, o setor de defesa, ao lado dos segmentos de biotecnologia, microeletrônica, tecnologia da informação, indústria aeroespacial e energia renovável, é um dos pilares desse processo de agregação de valor aos produtos mineiros. Ele lembrou que o Estado é o único no Brasil que produz locomotivas, helicópteros e, agora, veículos blindados terrestres.
"Essa unidade é muito importante para Minas e para o Brasil e nos dá um patamar de autonomia em relação ao Exército Brasileiro extremamente positivo. Está dentro da linha de ação do Governo de Minas, do nosso planejamento, dentro do que chamamos de nova economia, e a defesa é um dos pilares desse processo. Aqui, estamos colocando uma nova tecnologia, que vai agregar valor aos produtos mineiros: o minério de ferro, o aço, a siderurgia e os produtos finais. Fico muito feliz em testemunhar esse desenvolvimento da nossa economia e a sua diversificação", afirmou.
O ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, que representou a presidente Dilma Rousseff na solenidade, ressaltou a importância de atrair, para o Brasil, projetos de transferência de tecnologia para o desenvolvimento da indústria nacional. "Essa fábrica é uma demonstração da capacidade da indústria mineira, que está no caminho do sucesso, apontando para o futuro, como queremos", disse.
O presidente da Fiat Industrial Latin Americana, Marco Mazzu, ressaltou o fato de a unidade ser a primeira fábrica de veículos de defesa da montadora no Brasil. "A inauguração da Iveco Veículos de Defesa, em Sete Lagoas, é um passo a mais no desenvolvimento de soluções de ponta para todas as modalidades de transporte", afirmou. Mazzu lembrou que, desde que foi implantada, em 2000, a Iveco conseguiu aumentar sua participação no mercado de 3,7% para 9%. A unidade da Iveco de Sete Lagoas, com capacidade para produzir 70 mil veículos por ano, fabrica caminhões leves, semipesados, pesados e micro-ônibus, além de comerciais leves da marca Fiat.
Marco Mazzu, confirmou ainda, em entrevista ao Estado de Minas, que além do governo da Argentina, o Chile e a Colômbia oficializaram o interesse na importação do anfíbio Guarani, com 7 metros de comprimento, capacidade de carga de 20,5 toneladas e seis rodas com tração para transporte de 11 passageiros. A fábrica mineira foi preparada para funcionar como uma plataforma de exportação da Iveco no subcontinente, fortalecendo a posição da empresa num mercado que fatura cerca de US$ 80 bilhões por ano no mundo, de acordo com estimativas dos fabricantes.
Entre a gama de veículos de defesa que a Iveco mira, Marco Mazzu considera a possibilidade de fabricação em Minas do caminhão de transporte Trakker, versão italiana, que faz parte da família do veículo de aplicação civil, fora de estrada, já produzido em Sete Lagoas. “Seguramente, a produção local facilita e tem sinergias que podem ser aproveitadas”, diz. O projeto de fabricação local tem ganhos, inclusive, no cumprimento de metas de nacionalização de conteúdo no Brasil.
Outra possibilidade que a Iveco vê é produzir na nova unidade o jipe europeu LMV, usado em campanhas e missões de paz. Nos últimos anos, a companhia vendeu mais de 4 mil unidades do veículo em 10 países do continente. O Exército informou, recentemente, que vê boas perspectivas de exportação do Guarani. Com investimentos de R$ 55 milhões, a fábrica mineira tem capacidade para produzir 115 veículos por ano e pode chegar a 200 exemplares anuais a partir de expansões.
O contrato com o Exército permitiu que a Iveco se preparasse para transformar o Guarani em base de uma família de blindados médios de rodas que pode surgir em Sete Lagoas. A unidade tem competência para produzir mais 10 versões, incluindo veículos de reconhecimento, socorro, comando, comunicações, oficina e ambulância.