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Jeep Compass: troca no segundo tempo

Crossover médio da tradicional marca americana chega ao mercado nacional custando R$ 99.900, mas fica devendo habilidades no fora de estrada e fracassou no crash test

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O Jeep Compass surgiu em 2006 com a cara do Wrangler, incluindo faróis redondos e grade de sete barras. Não arrebatou corações e, depois da estreia, voltou a vender bem após a reestilização de 2011, transplante de face que se inspirou no Grand Cherokee para vender o pico de 47 mil carros, ainda assim na lanterna da Jeep. A proximidade com o SUV é um dos argumentos do crossover, que chega dos Estados Unidos por R$ 99.900 e a proposta de ser o primeiro Jeep de até duas mil pessoas. Só que, para driblar o golpe das taxas de importação, veio o 2.0, que paga menos IPI do que o 2.4, contudo, tem tração dianteira.

Metrossexual disfarçado

A falta de intimidade com a terra solapou o Compass, que não recebia o Trail Rated, ou preparado para trilhas como outros Jeeps, o que veio depois da reforma – em pacote não vendido no país. O descompasso gera dois problemas: um deles foi a avaliação do renomado instituto europeu Euro NCAP, especializado em medir a segurança automotiva, na qual marcou duas de cinco estrelas. Passar nas provas exige preparação desde o berço, algo que não foi pensado pelo Compass, que teve 23% de média de proteção aos pedestres e 61% dos adultos.

O outro é o fato de que o carro está para receber nova geração. "Será baseada na plataforma do Dart, a mesma do Alfa Romeo Giulietta. Mandamos uma apresentação para o Marchionne (número 1 da Fiat e Chrysler), que estranhou o título descrevendo o modelo 2018. Mas explicamos para ele que estamos desenhando o carro pensando em quando sair de linha e não ficar atualizado apenas em 2013, quando entrar em produção", revela Greg Howell, designer chefe do estúdio de design da Jeep, que adianta que o novo Compass será um carro de volume muito maior e de pretensões globais.

Botox


Em termos de estilo, a comissão de frente evoluiu, enquanto as laterais e as caixas de rodas trapezoidais abauladas permanecem. A traseira tem menos personalidade e pode ser confundida com a de um sul-coreano, como o antigo Kia Sportage. Por dentro, bancos em tecido e plásticos rígidos estão bem montados. A despeito da distância entre-eixos de 2,63metros, só quatro adultos vão bem, já que no assento central não há bom espaço para as pernas, tolhido pelo console recuado, além dispensar cinto de três pontos. O porta-malas de 328 litros é pequeno para o porte de 4,44m de comprimento. Entre os equipamentos, ar automático, direção hidráulica, volante ajustável em altura, trio elétrico, controle de velocidade, som com disqueteira, bluetooth e entradas auxiliares, teto solar, além de freios ABS com EBD, controles eletrônicos de tração e de estabilidade, fixação de cadeirinhas Isofix, monitor de pressão dos pneus e airbags frontais, laterais e do tipo cortina.

Estilo original, de 2006, não foi bem recebido e traseira permanece inalterada


Andando

O motor é o conhecido 2.0 16V de 156cv de potência a 6.300rpm e 19,4kgfm de torque a 5.100rpm, associado ao câmbio de variações contínuas CVT com modo sequencial que simula seis marchas. Só as trocas por toques laterais na alavanca dão ritmo às retomadas. A 100km/h o giro aquieta em 2 mil rpm. O consumo ficou em 7km/l. A arquitetura é a GS da época da parceria entre a DaimlerChrysler e a Mitsubishi, que está no ASX e Outlander e nos Journey e Fiat Freemont. A suspensão é McPherson na dianteira e multibraços na traseira, o que, junto com as rodas aro 17 em pneus 215/60, dá rodar firme e controlado para um crossover. A direção tem peso e precisão corretos, enquanto as frenagens são equilibradas, ainda que o pedal seja muito assistido. Coisa de Jeep metropolitano, quase metrossexual. Resta saber se será o suficiente para ganhar volume diante de novos concorrentes como o Honda CR-V ou mais atuais, a exemplo do Hyundai ix35.

Para puristas


Se o Compass investe no público urbano, o Wrangler é para os puristas, daqueles utilitários parrudos capazes de fazer bullying com o primo moderninho. Tem eixos rígidos, chassi de longarinas e reduzida por alavanca. Mas o jeito bicho do mato foi aparado na linha 2012, com interior mais bem cuidado. A principal novidade, entretanto, está sob o capô de travas aparentes: o motor V6 3.6 Pentastar. São 284cv e torque de 35,3 kgfm a 4.300rpm, contra 199cv e 32,1kgfm do 3.8 antigo. Segundo a Jeep, vai aos 100km/h em 8,6s, enquanto a velocidade é limitada sabiamente aos 180km/h. Sem perder o gosto pela terra, onde encara quase qualquer obstáculo. O Wrangler duas portas sai por R$ 129.900 e o Limited quatro portas R$ 139.900.

***O jornalista viajou a convite da Chrysler