O acervo que restou do antigo Museu Paulista de Antiguidades Mecânicas, mais conhecido como Museu Roberto Lee, foi doado para a Prefeitura de Caçapava (SP), onde funcionou de 1964 a 1993. Os veículos foram doados pela associação responsável pelo museu. Como é de conhecimento dos antigomobilistas, os 27 veículos que restaram estão em estado precário de conservação, uns mais e outros menos, mas todos precisam ser recuperados. Segundo Fabrício Correia, secretário de Cultura do município, para custear a restauração dos carros serão firmadas parcerias com empresas.

Roberto Lee foi o precursor do antigomobilismo no Brasil. Seu museu chegou a ser considerado o sexto mais importante do gênero no mundo, reunindo em seu acervo exemplares raros, como um Turcat-Mery 1903, um Isotta Fraschini Super Spinto 1926 e até únicos, como o Willys Capeta, um conceito apresentado no Salão do Automóvel de 1966. Em sua fase áurea, o local chegou a ter 97 veículos abrigados nos prédios centenários em estilo inglês da Fazenda Esperança, próxima ao município de Caçapava.

O museu foi fundado em 1963, ainda em São Paulo, com a coleção que Roberto iniciara em 1948. Em 1964, o acervo foi transferido para Caçapava e lá funcionou normalmente, reunindo os admiradores de veículos antigos. Tudo ia bem até que Lee foi assassinado em 1975. Ainda assim, o pai do colecionador, Fernando Edward Lee, manteve o local funcionando até 1991, mas já sem o mesmo brilho de antes. O museu fechou as portas definitivamente em 1993.

DECADÊNCIA Mariângela Matarazzo Lee, filha de Roberto, nunca se interessou em preservar os antigos. Cerca de 25 modelos que pertenciam ao colecionador foram retirados do museu e vendidos. A grande maioria seguiu para outros países, ficando no Brasil apenas três. Como vários veículos pertenciam ao museu em regime de comodato, com o passar do tempo foram sendo retirados por seus proprietários. Caso de alguns modelos que pertenciam à Ford, como o exemplar único do Willys Capeta, o Willys Whippet e o Willys Knight, que agora estão a salvo no Museu do Automóvel de Brasília.

Mesmo tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) em 1982, com o passar dos anos o acervo do museu foi se deteriorando. Além da falta de manutenção, as condições de armazenamento, telhado com vazamentos, portas e janelas fechadas e presença de pássaros foram danificando os veículos. Existem relatos de que alguns carros que ali restaram foram reunidos com a ajuda de um trator.

HISTÓRIA Para quem não conhece, a história de Roberto Lee e seu museu é típica de um folhetim. E dos bons! Roberto pertencia a uma família rica, era filho do industrial Fernando Edward Lee. Seu primeiro casamento foi com ninguém menos que Maria Pia Matarazzo, filha do industrial Francisco Matarazzo. Foi dessa união, que não durou muito tempo, que nasceu Mariângela. Lee casou-se novamente com Yara Siqueira. Roberto Lee foi assassinado em 1975 por Elza Leoneti do Amaral, com quem teve um envolvimento antes do segundo casamento. O motivo do crime teria sido o não reconhecimento da paternidade de uma criança.

 

 

 

Modelos doados

1 – Cadillac Coupe de Ville, 1951
2 – Cadillac Sedan Fleetwood, 1954
3 – Packard 120 Eight conversível, 1939
4 – Packard Cabriolet Snaer Eight, 1931
5 – Packard Standart Eight, 1928
6 – Packard Big Eight Phaeton, 1927
7 – Ford Sedan de Luxe duas portas, 1938
8 – Singer Sedan, 1952
9 – Buick Road Master Coupe Eight, 1941
10 – Cadillac Coupe de Ville, 1950
11 – Ford Maverick Coupe Luxo, 1973
12 – Cadillac modelo picape, 1929
13 – Alfa Romeo Tipo BP-3 Mod.
Gran-Prix, 1932

14 – Buick Sedan carroceria
Fischer Special, 1938

15 – Chevrolet Master de Luxe Sedan, 1938
16 – Studebaker Sedan President, 1957
17 – Tucker Sedan, 1948
18 – Hupmobile Sedan tipo E, 1938
19 – Alfa Romeo Conversível Turismo
(Torpedo), 1923

20 – Studebaker Commander, 1939
21 – Cadillac Fleetwood Sedanete, 1946
22 – Vauxhall Sedan, 1956
23 – Delage Grahan Hollywood, 1940
24 – Henry Junior Sedan Fast Back, 1951
25 – Cadillac Coupe de Ville, 1956
26 – Talbot, 1924
27 – Simca Chambord Sedan, 1960