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Land Rover Freelander 2

Versão a diesel do menor utilitário reforça as credenciais fora de estrada do modelo projetado para ser uma opção mais urbana, apesar da tração 4x4

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Foto:

Comparado ao Evoque, o Freelander perde em estilo e tecnologia


O primeiro Freelander chegou ao mercado em 1997 como um Land Rover mais urbano e compacto. Para convencer os mais tradicionalistas, o modelo teve que provar sua valentia em eventos off-road como o Camel Trophy. A prova de hombridade veio mesmo na segunda geração, lançada em 2006. Equipado com sistemas eletrônicos que dão uma mão no off-road, o jipinho ficou mais valente, mas só encontrou sua porção tratorzinho na versão a diesel. Lançado em 2011, o Freelander 2 a diesel conta com um motor 2.2 com turbo e injeção direta da Peugeot-Citroën (PSA). O preço, contudo, não escapa da realidade dos carros a diesel.

O propulsor trabalha de mãos dadas com o câmbio automático de seis marchas, a única opção de transmissão tanto aqui quanto na terra da rainha. O torque total já está disponível às 1.750rpm, força que empurra o jipe de quase duas toneladas ladeira acima. O câmbio tem opção de trocas sequenciais, porém interfere na opção do motorista, reduzindo ou elevando as marchas. Se lá fora o Land Rover tem opção de tração dianteira, aqui a marca não arriscou.

CIVILIZADO

A oferta de tração nas duas nem seria de se estranhar. Afinal, a arquitetura é de carro de passeio, a mesma plataforma usada tanto por crossovers como o Volvo XC60 quanto por automóveis como o Ford Mondeo, algo explicado pelo fato de a Ford ter sido dona de ambas as marcas – agora, a Land está nas mãos da indiana Tata. Do carro de passeio ficaram as suspensões independentes nas quatro rodas, além da estrutura monobloco e o sistema de tração preponderante na dianteira, do tipo que passa a força para o eixo traseiro apenas quando necessário.

Para escapar das críticas que consideraram o primeiro Freelander um urbanoide, a marca equipou a segunda geração com o Terrain Response. A traquitana permite escolher diferentes programas off-road. Há modos específicos para enfrentar neve e cascalho, lama e raízes e areia, além do modo normal. Mudam as respostas do motor e do câmbio. Há também o controle de descidas, que não deixa o carro embalar nem em pirambeiras, reduzindo a velocidade e aumentando o freio motor.

Por dentro, o espaço é suficiente para levar cinco adultos com razoável conforto, com bom espaço para pernas, ombros e cabeças . Os sons externos são bem abafados, sendo que a 120km/h o motor gira a apenas 1.600rpm. Porém, a quietude é quebrada por rangidos de acabamento, pequenos grilos ouvidos mesmo rodando sobre piso bem cuidado. A idade do projeto é entregue em detalhes, como o sistema de som sem entrada USB, a ausência de câmera de ré, além da profusão confusa de botões no painel e volante. Em segurança, contudo, o Freelander traz sete airbags, além de vários controles eletrônicos de estabilidade e tração (ver lista de equipamentos).

EDUCAÇÃO

Andando, as suspensões conseguem calar boa parte das imperfeições, ainda que o conjunto seja mais durinho. Respostas da direção são ágeis, enquanto as dos freios são eficientes. Em trilhas, o fôlego extra do turbodiesel foi valioso, permitindo até mesmo seguir um grupo de motos 2 tempos sem ficar muito para trás. O dilema vem na hora de abastecer: o novo motor bebe apenas diesel S-50, de menor teor de enxofre, vendido em apenas sete postos na capital. “Vem gente até da cidade abastecer aqui, ainda mais com essas novas picapes”, garante Sebastião Rodrigues, frentista de um posto da BR 040. A Land Rover desaconselha expressamente abastecer com o diesel de maior teor de enxofre e informa que o uso dele pode causar problemas sérios ao motor e aos catalisadores.

A trilha mais difícil, contudo, é de se separar do seu primo próximo, o Range Rover Evoque, com o qual compartilha a arquitetura. Mais modernoso, o Evoque chega apenas com motor Ecoboost 2.0 turbo com injeção direta e movido a gasolina, porém sem ficar devendo em desempenho e com consumo equivalente. A prova que o jeito faceiro do Evoque incomoda é o fato do Freelander estar para receber uma reestilização inspirada no Range Rover, uma reforma que modificará faróis, lanternas, detalhes do interior e, possivelmente, também envolverá o transplante de motor. Um caso de família.

FICHA TÉCNICA


MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 2.179cm³ de cilindrada, turbodiesel, 16 válvulas, injeção common rail, que desenvolve 190cv de potência máxima a 3.500 rpm e 42,8kgfm de torque a 1.750rpm.

TRANSMISSÃO
Tração integral permanente com diferencial traseiro Haldex, com câmbio automático de seis marchas

DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica

SUSPENSÕES/RODAS/PNEUS
Dianteira, independente do tipo McPherson com barra estabilizadora; e traseira independente do tipo com braços longitudinais e transversais com barra estabilizadora/ 9 x 19 polegadas / 235/55 R19

FREIOS
Discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira

CAPACIDADES
Do tanque, 68 litros; de carga (ocupantes e bagagem), 550kg

EQUIPAMENTOS DE SÉRIE
Conforto/conveniência – Ar-condicionado digital, direção assistida hidraulicamente, trio elétrico, sistema de som CD/MP3, coluna de direção ajustável em altura e distância, banco do motorista com regulagem elétrica de altura, distância, encosto e lombar, destravamento interno da tampa de combustível e do porta-malas, revestimentos em couro, sensores de estacionamento e teto solar panorâmico elétrico.

Aparência – Rodas de liga leve aro 19, para-choques, maçanetas e retrovisores na cor do veículo.

Segurança – Duplo airbag frontal, airbags laterais dianteiros, do tipo cortina e para os joelhos do motorista, cinco encostos de cabeça e cintos de três pontos para todos, sistema de alarme, freios ABS com EBD e controles eletrônicos de estabilidade e de tração.

Opcional
Não tem

Notas (0 a 10)
Desempenho 9
Espaço interno 8
Porta-malas 6
Suspensão/direção 8
Conforto/ergonomia 8
Itens de série/opcionais 9
Segurança 10
Estilo 8
Consumo 6
Tecnologia 8
Acabamento 9
Custo-benefício 7

Quanto custa
A versão HSE tem preço sugerido de R$ 199.990 e não tem opcionais. A versão S do Freelander 2 tem preço sugerido de R$ 159.900 e a SE, de R$ 175 mil.



Estrangeiro em terra de tupiniquim

AVALIAÇÃO TÉCNICA
Acabamento da carroceria

A pintura tem bom acabamento. As quatro portas têm alguns pontos com desnivelamento entre si e a carroceria. A tampa traseira está descentralizada e o capô tem boa montagem. REGULAR

Vão do motor

O acesso à manutenção é limitado a vários componentes porque o vão é pequeno e o motor está numa posição mais baixa que o usual. Os itens de verificação constante – exceto a bateria e o reservatório de fluido de freio, que ficam encobertos por tampa plástica – têm fácil visualização e manuseio. O resultado da insonorização é muito bom para uma motorização a diesel e o capô é sustentado aberto por duas molas a gás. REGULAR

Altura do solo

Toda a parte inferior do motopropulsor tem proteção integral por chapa em aço. Numa utilização normal na cidade, estrada de terra batida e trilhas leves não ocorreram interferências com o solo. Os ângulos de ataque, saída e central são satisfatórios. POSITIVO

Climatização

É por comando manual com função automática. Tem opção de regulagem de temperatura diferenciada para condutor e passageiro. Não tem difusor de ar específico para os passageiros de trás, e a sua performance e sensação de conforto no habitáculo são prejudicadas pela incidência solar e transferência de calor para as cabeças dos ocupantes pelo tipo de cobertura do tipo perfurada dos dois vãos do teto solar, além do desconforto aos olhos com o sol alto. Entretanto, apresentou bom funcionamento e está
bem vedado. REGULAR

Freios

Estão bem dimensionados e calibrados. O pedal de freio tem boa sensibilidade e relação. As reações foram equilibradas entre os dois eixos e apresentou boa desaceleração e comportamento linear em frenagem de emergência simulada sobre asfalto e terra. O freio de estacionamento atuou normal e é por comando manual.  POSITIVO

Câmbio

É automático e há opção de uso manual sequencial por meio de toques na alavanca. As relações de marchas estão bem definidas e proporcionam uma bela dinâmica ao veículo, favorecido pela curva de torque e turbo do motor. O display no quadro de instrumentos informa a marcha e opção selecionada. No console central, o dispositivo giratório tem quatro opções de condução. POSITIVO

Motor

É brilhante a sua performance. Em aceleração máxima e retomadas de velocidade não houve emissão de fumaça. Proporciona dirigibilidade muito prazerosa e segura. O turbo está muito bem dimensionado e calibrado com entrada suave, progressiva e ótima rapidez de resposta. POSITIVO

Vedação

Boa contra água e poeira. POSITIVO

Nível interno de ruídos

Ao trafegar sobre piso de paralelepípedo, asfalto ruim e terra surgem vários pequenos ruídos no habitáculo. O efeito aerodinâmico está em um nível aceitável. REGULAR

Suspensão

O conforto de marcha não tem bom acerto por causa do nível de transferência das imperfeições do solo para dentro. A estabilidade atende numa condução normal e até um pouco mais esportiva (asfalto seco e terra batida), e conta com auxílio de controles eletrônicos eficientes de estabilidade, tração e atenuador de rolagem. REGULAR

Direção

A coluna de direção tem ajuste manual em altura e distância. O diâmetro de giro é apenas aceitável e a velocidade do efeito-retorno, satisfatória. A precisão na reta e em curvas é boa, e apresentou reações equilibradas com boa calibração das cargas do sistema assistido. O conjunto apresentou ruído baixo em curvas sobre piso irregular. POSITIVO

Iluminação

Tem sensor crepuscular. Há luz de cortesia no porta-malas, porta-luvas, para-sóis, zona dos pés do condutor e passageiro e base inferior dos retrovisores externos. O grupo óptico dianteiro é muito eficiente com xênon no baixo e de faróis de neblina embutidos no para-choque. No teto tem duas sessões (anterior e central) com lanternas, sendo com duplo spot fixo a dianteira, com resultado satisfatório em iluminação, favorecido também pelo duplo teto solar. O quadro de instrumentos, console central e interruptores elétricos nos painéis de porta têm fácil leitura, identificação
e manuseio. POSITIVO

Estepe/macaco

O estepe, que tem a roda e o pneu iguais aos de uso, está instalado dentro do porta-malas. Abaixo do aro está o kit de troca. Os pontos de apoio do macaco estão nas soleiras e a operação de troca é normal. POSITIVO

Limpador de para-brisa

Tem sensor de chuva com excelente sensibilidade. O campo de visão é ótimo e as palhetas têm boa qualidade  também no vidro traseiro. Ao esguichar quatro jatos com boa pressão e vazão no para-brisa o sistema de varredura atua automaticamente, idem no vidro traseiro, que tem esguicho do tipo ducha, muito bom. É fácil o reabastecimento d’água instalado dentro do vão motor. POSITIVO

Alarme

A chave de ignição é especial. Basta inseri-la no painel para liberar o acionamento do botão start/stop instalado ao lado do quadro de instrumentos. As quatro portas têm função um toque para abertura e fechamento dos vidros e o sistema antiesmagamento atuou com precisão. Há proteção perimétrica das partes móveis, mas não tem a volumétrica. REGULAR

Volume do porta-malas

O declarado é 405 litros, e o encontrado foi 361 litros com o banco traseiro na posição normal e a cortina superior esticada com fechamento normal.

Avaliações do engenheiro Daniel Ribeiro Filho, da Tecnodan

Palavra de especialista
DANIEL RIBEIRO FILHO -ENGENHEIRO


As alterações de estilo, mecânica, dimensões, habitabilidade e pacotes eletrônicos apagam o seu antecessor. É um SUV de respeito, com detalhes que surpreendem. O novo motor 2.2 turbodiesel tem notável performance e proporciona uma dirigibilidade muito prazerosa, segura e funcionamento impecável. O pacote de segurança ativa e passiva é farto. O câmbio de seis marchas e sistema de tração 4x4 com distribuição de torque controlada eletronicamente formam um trio eficiente com motor. O nível de acabamento interno e materiais empregados impressionam pela qualidade. O sistema de áudio da Alpine com MP3, seis CDs, 13 alto-falantes, um subwoofer Dolby II 7.1 surround e entrada auxiliar fazem festa aos ouvidos pela pureza e potência sem distorções. O estepe tem correta aplicação, sendo igual aos de uso. A estabilidade satisfaz para a proposta mista de utilização. A garantia de fábrica é de 36 meses ou 100 mil quilômetros.