O Latin NCAP divulgou na última semana o resultado dos testes de impacto para Toyota Hilux/SW4, que ganharam cinco estrelas (de cinco possíveis) para proteção a adultos e crianças. Afora o desempenho em segurança, chamou a atenção de quem assistiu ao teste a posição do assento infantil destinado à criança de 3 anos, que estava virado para trás, enquanto o mais comum é estar voltado para a frente. Além da orientação do sistema de retenção infantil, o próprio comportamento dos dummies infantis durante o impacto também levou ao questionamento da nota máxima na proteção desses ocupantes.
SEGURANÇA Quem assistir ao vídeo (disponível no canal oficial do Latin NCAP no Youtube) verá, por volta dos 30 segundos, que as pernas de ambos os dummies infantis se voltam contra sua cabeça com grande violência. A partir das imagens, questionamos o Latin NCAP e a Toyota sobre os resultados. De cordo com Flavio Ferreira, chefe de seção do Departamento de Certificação e Regulamentação Veicular da Toyota do Brasil, os dummies infantis trazem sensores da cabeça até a pélvis, ficando os membros sem qualquer espécie de medição. Alejandro Furas, secretário-geral do Latin NCAP, complementa a explicação afirmando que os bonecos que simulam crianças não são tão desenvolvidos quanto os de adultos justamente por falta de tantos modelos reais (cadáveres) que ajudam a desenvolvê-los com fidelidade biológica.
“Assim, as pernas do dummy criança, seus movimentos e flexões, não foram desenvolvidos de forma semelhante aos de uma criança real. Esses membros têm certa rigidez que provocam limitações nos seus movimentos”, relata Furas, explicando porque as pernas do boneco não são fáceis de posicionar flexionadas como as de uma criança real na posição virada para trás. Tanto Flávio Ferreira quanto Alejandro Furas garantem que, em caso de um acidente, o movimento das pernas em relação ao quadril que se vê no vídeo não se assemelha ao de uma criança real.
(DES)CONFORTO Já o conforto oferecido pelo assento infantil da criança de três anos voltado para trás é uma questão controversa. Apesar de já termos esclarecido que o comportamento dos membros dos dummies durante a colisão não deve ser levado em consideração, nesta posição as pernas de uma criança de três anos ficam mesmo flexionadas, o que, dependendo do assento e da altura da criança, pode causar desconforto. E isto torna ainda mais difícil o processo de convencer uma criança desta idade a ser transportada virada para trás, posição com menos atrativos visuais e menos integração com os demais ocupantes do veículo.
Porém, de acordo com Ferreira, é preciso que os pais tenham consciência que transportar crianças até os 4 anos de idade voltadas para trás amplia de forma considerável a proteção em caso de acidente. “O objetivo de manter esta posição é garantir ainda mais segurança para as crianças, já que assim é possível proteger, principalmente, a cabeça e o pescoço em caso de acidente ou freada brusca. A cabeça delas é maior e mais pesada que o corpo e possuem ainda mais riscos de sofrerem lesões, e esta indicação é a mais assertiva em termos de segurança”, explica o porta-voz da Toyota.
I-SIZE O dispositivo de retenção infantil recomendado pela Toyota faz parte de uma nova geração denominada I-size, que, sobretudo, oferece melhor proteção para impacto lateral e mais facilidade de instalação, que deverá ganhar novos adeptos a partir de agora. Além dos pontos de fixação Isofix, na extremidade oposta o dispositivo conta com uma peça similar a uma perna que fica apoiada no assoalho. Assim como o sistema Top Tether, estas “perna” tem função antirrotacional. O assento pode ficar voltado para a frente ou para trás, mantendo as mesmas ancoragens.
Outro aspecto ligado à segurança que questionamos seria o comportamento deste assento – voltado para trás e com os pontos de fixação citados – no caso de uma colisão traseira. A preocupação inicial era a respeito dos danos causados em um acidente, já que, como o apoio que liga a cadeirinha infantil ao assoalho não possui qualquer trava, as pernas da criança seriam flexionadas com violência contra seu abdômen. Porém, Flávio Ferreira garante que o próprio Isofix é capaz de impedir esse movimento.