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Manutenção - Mandamentos do óleo

Na hora da troca, sempre surgem dúvidas quanto às especificações do lubrificante,tempo ou quilometragem, filtro etc. Saiba como proceder para evitar danos no motor

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Há alguns anos, o fenômeno da borra (o óleo vira uma espécie de pasta) se espalhou pelo país, danificando motores de veículos de passeio de várias marcas. Depois de muita polêmica, veio o diagnóstico: uso de lubrificante fora das especificações; troca (do óleo e do filtro) fora do tempo ou da quilometragem correta; e, por último, abastecimento com combustível fora das especificações. Para evitar problemas, o motorista deve seguir algumas dicas, que foram passadas por Remo Lucioli, especialista em lubrificação automotiva, da empresa Inforlub.

A troca de óleo deve seguir rigorosamente o manual do fabricante do veículo?

Sim. Mas o motorista deve tomar cuidado com manuais mais antigos, que previam trocas a cada 20 mil quilômetros. Essa quilometragem foi especificada inicialmente por fabricantes na Europa, que, porém, tiveram o cuidado de especificar claramente o óleo a ser usado e o tempo máximo que esse lubrificante deveria ser trocado. No Brasil, não foram feitas essas restrições e tivemos muitos problemas (o principal deles, o fenômeno da borra). O motorista deve consultar o concessionário da marca ou pontos de trocas, que têm informações mais atualizadas.

Deve ser feita por tempo ou quilometragem?

Depende. Pode ser por um ou por outro. O óleo tem aditivos que permanecem inertes enquanto o lubrificante não é colocado no motor. Depois de colocado no propulsor, esses aditivos (que são reagentes químicos) entram em ação, atuando mesmo quando o motor não está funcionando. Mas o desempenho do óleo também depende do tipo de uso do veículo. Portanto, o motorista que roda pouco, e em condições severas deve trocar por tempo (no máximo, a cada seis meses). Já aquele que roda a maior parte do tempo em rodovias, a troca pode ser feita por quilometragem (no máximo, a cada 5 mil quilômetros).

O que são condições severas?

Muitos motoristas acreditam que a rotina de ir e voltar para o trabalho, que fica perto de casa, é um tipo de uso leve do veículo. Engano. Esse é o típico regime severo, no qual o veículo roda por vias urbanas, em trânsito congestionado, em velocidade média abaixo de 60km/h e em percursos com menos de 15 minutos. Regime leve seria rodar a maior parte do tempo no trânsito livre e fluente, com velocidade média acima dos 60km/h e em percursos com mais de 15 minutos.

É preciso substituir o filtro de óleo a cada troca do lubrificante?

Sim. Um filtro de óleo do motor Ford 1.0, por exemplo, processa mais de 20 litros de óleo por minuto. A cada 5 mil quilômetros, a uma velocidade média de 30 km/l, o filtro terá processado mais de 200 mil litros de óleo. O material filtrante, no interior do filtro, é papel, semelhante ao coador de café. Então, como se encontra esse filtro?

Existe motor que exige óleo sintético? Pode-se escolher entre o óleo mineral, geralmente mais barato, e o sintético? Os dois podem ser misturados?

Deve-se sempre consultar o manual do fabricante do veículo para saber a opção do mineral, desde que atendidas as especificações técnicas, previstas no mesmo livreto. Mas existem alguns veículos, como os BMW, que exigem somente óleo sintético. Mas o proprietário do veículo deve, pelo menos uma vez ao ano, consultar o concessionário da marca para saber se não houve mudança nas especificações do manual. Não misture os dois tipos, pois isso vai baixar a resistência térmica do volume resultante, o que pode danificar seriamente o motor.

E quanto às marcas? Podem ser misturadas?

Pode-se completar o nível com óleo de outra marca, desde que o lubrificante tenha a mesma especificação. Essa miscibilidade é prevista na legislação brasileira. Algumas empresas tentam vender a idéia de que isso não é possível para tentar manter o cliente fiel à marca.

Pela manhã, o motorista pode sair normalmente com o carro ou deve esperar o motor esquentar um pouco, por causa do óleo lubrificante?

Teoricamente, por motivos técnicos, o motor moderno não exige que o motorista espere o aquecimento do óleo e das peças, para sair com o veículo pela manhã. Mas o melhor é aguardar uns 30 segundos para sair e não elevar as rotações do motor até que o ponteiro de temperatura do líquido de arrefecimento do motor atinja o ponto ideal.

O que fazer quando a luz do óleo se acende no painel?

Pare o veículo imediatamente, desligue o motor e procure atendimento mecânico.

Qual consumo de óleo pode ser considerado normal, ou seja, que não seja um sinal de problemas?

Nos motores dos veículos da década de 1980, de até 1 litro a cada 1 mil quilômetros. Nos dos carros dos anos 2000, no máximo de 300 ml a cada 1 mil quilômetros.