São Paulo – Depois de quatro anos seguidos em queda, o mercado brasileiro de veículos deverá ter crescimento próximo de dois dígitos em 2017. A aposta é do presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale. Em vídeo enviado para a abertura de um evento do setor em São Paulo, Megale mostrou otimismo com a recuperação do mercado no ano que vem, mas ponderou que a velocidade da retomada será “diretamente afetada” pela velocidade da aprovação de medidas de ajuste fiscal. “A taxa de juros começa a cair, o risco país começa a cair, a confiança do investidor volta, o emprego volta, o otimismo volta e o país volta a crescer”, justificou. Vale lembrar que o crescimento deve se dar em cima da base fraca que está prevista para este ano.
Para se ter ideia, a estimativa da Anfavea para este ano é de queda de 19% nas vendas, após recuos de 26,5% no ano passado, de 7,15% em 2014 e de 0,9% em 2013. Para Megale, no entanto, os últimos três meses de 2016 deverão ter um desempenho superior ao dos outros trimestres do ano, devido à estabilização do ambiente político, à adoção de medidas econômicas por parte do novo governo e ao tradicional aquecimento do consumo no fim do ano. Segundo o executivo, esses fatores combinados devem elevar a confiança do consumidor, resultando em vendas.
Apesar da expectativa de melhora das vendas nos últimos meses do ano, a Anfavea já admite que está mais difícil atingir a previsão de produção. A projeção da associação é de 2,296 milhões de unidades produzidas este ano, 5,5% abaixo do volume registrado em 2015. “Vamos ficar com um número um pouco aquém disso”, afirmou, citando as quedas na produção. Apenas nos primeiros 14 dias deste mês, o mercado total de veículos já caiu 13,6% frente ao mesmo período de 2015 – foram vendidos apenas 70,7 mil veículos novos, segundo o vice-presidente da Ford e vice-presidente da Anfavea, Rogelio Golfarb.
O ritmo diário, portanto, ficou em 7,8 mil unidades na primeira metade do mês, também recuo de 13,6% em comparação com a média da primeira quinzena de outubro de 2015. “Temos uma tendência de contração e não há um ponto de inflexão ainda”, disse. “Temos a mensagem clara de que não há sinal de estabilidade, não houve sinal de recuperação”, continuou o executivo.
A retomada, também de acordo com Golfarb, poderá se materializar no segundo semestre de 2017, caso o Banco Central comece o processo de diminuição da taxa básica de juros já na reunião de amanhã. “A queda da taxa é um estímulo para a economia, mas há um atraso de seis a oito meses para se traduzir em resultado”, disse o executivo.
REMESSAS
A crise da indústria automobilística no Brasil continua a derrubar as remessas de lucros das montadoras instaladas no país às suas respectivas matrizes no exterior. De janeiro a agosto, foram enviados US$ 38 milhões, queda de 72,4% em relação a igual período do ano passado, segundo levantamento apresentado pelo vice-presidente da Anfavea, Rogelio Golfarb.