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Montadoras freiam aumentos e apostam em feirões para estimular o consumo

Mesmo sem IPI reduzido, montadoras criam novas estratégias para atrair o consumidor

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Para não perder o fôlego dos três primeiros meses do ano ? vitaminados pela redução e isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), até abril ?, as montadoras freiam os aumentos de veículos e apostam em feirões para estimularem o consumo. O preço do carro zero recuou 0,68% no mês passado, de acordo com levantamento feito pela AutoInforme. Porém, nos sete primeiros meses do ano acumula aumento de 2,68%. No mesmo período, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de 3,10%.

Além dos preços controlados, outra opção são ações promocionais. A expectativa da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) é que o país feche o ano com a produção de 3,4 milhões de veículos, quantidade 8% superior à produzida no ano passado, mas ainda distante da capacidade da indústria, que é de 4,3 milhões. A revenda Chevrolet Líder ficou enfeitada com balões coloridos e cartazes lúdicos com alusões a facilidade e urgência na compra de um novo carro, mas não foi o suficiente para convencer Silvio Alves a comprar um automóvel no fim de semana. O negócio esbarrou em um obstáculo típico do mercado aquecido: a desvalorização do veículo usado no momento da troca. ?O preço de mercado do meu carro é R$ 19,5 mil. Eles querem me oferecer R$ 15 mil. Já disse que por R$ 16,5 mil fecho negócio?, batia o pé. O carro de Silvio é um Ford Fiesta 1.6 de 2003 e ele estava interessado em comprar um Chevrolet Prisma 1.4, por R$ 34 mil, usando o Fiesta como parte do pagamento.

Silvio Alves sabe que o mercado de veículos usados não é fácil. ?A desvalorização está total. Só de sair da concessionária parece que perde R$ 3 mil. Eu tentei vender para outras pessoas, mas está difícil. Todo mundo quer comprar carro novo?, analisa. Ricardo Moreira é avaliador de carros usados da concessionária Líder e explica que existem dois tipos de classificação, chamados de estoque A e estoque B. Os veículos melhores, com pouca rodagem e que serão exibidos no salão da revenda, ficam com o conceito A e recebem uma valorização melhor. Porém, os veículos B, com mais anos de uso, como o de Sílvio, mesmo que bem conservados, são geralmente repassados a outras lojas e agências e por isso o preço de avaliação é mais baixo, pois há mais pessoas no negócio. Depois de negociar bastante, o preço do Fiesta chegou em R$ 16 mil, mas Sílvio não decidiu pela compra, mas sim a continuar pesquisando em outras revendas.

O que ocorre com Sílvio Alves é regra e reflete nos números da pesquisa da Inflação do Carro, feita pelo economista André Braz, da Fundação Getulio Vargas (FGV). O levantamento acompanha 19 itens e revela que o automóvel usado foi o que apresentou a maior baixa (-6,61%) nos últimos 12 meses. No mesmo período, o automóvel novo teve uma elevação de 5,06%. Na média, a Inflação do Carro calculada pela FGV ficou em 4,31%. Itens como a gasolina, que tem o maior peso no índice, e subiu 2,94%; lavagem e lubrificação (8,96%); estacionamento e garagem (11,82%) e seguro facultativo para veículo (19,75%) contribuíram para que o custo de manutenção de um veículo crescesse bem mais do que nos 12 meses anteriores (de agosto de 2008 a julho de 2009), quando ficou em 1,32%.

Mercado

No mês passado foram produzidos 315,9 mil veículos, o que representa um crescimento de 3,2% em relação ao mês anterior. Nos sete primeiros meses do ano a produção acumula 2,07 milhões de unidades, o que representa um crescimento de 18,5% em relação ao ano passado. Filipe Pacheco engrossa essas estatísticas, pois aproveitou o período que o governo eliminou o IPI para os automóveis 1.0 e comprou um Fiat Uno ano passado. Aproveitou o desconto, que ele calcula ter ficado em cerca de R$ 2 mil, para equipar o carro com alguns opcionais. Por enquanto, ele não pretende trocar de carro, mas não descarta a possibilidade de um carro maior, principalmente um sedã, que atenda melhor as necessidades da família. No fim de semana ele foi até a concessionária Renault Minas France, na Savassi, para participar de uma promoção, em que aqueles que entram na revenda podem tentar acionar a ignição com uma chave distribuída. Se o carro funcionar, fica com o automóvel. No última semana, quatro veículos participaram da promoção nas revendas espalhadas em todo o país, além de outro ter ido a sorteio, junto com outros brindes.

Para o gerente comercial da Minas France, Ahmad Sales, essas promoções são importantes, pois refletem em grande movimento no salão da concessionária. Somente no sábado, 441 pessoas foram até lá participar da promoção. Sales explica que o volume não implica, necessariamente, em vendas efetivadas, mas no sábado foram vendidos 12 modelos, um volume 30% superior ao mesmo dia da semana anterior, quando não havia a ?Operação portas abertas?, como é chamada a promoção. ?O que as pessoas querem mesmo são boas condições de pagamento?, explica Sales.

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