A empresa apresentou, em novembro de 2011, na Coreia, um protótipo para alguns jornalistas brasileiros. Ao dirigi-lo, tinha-se a nítida impressão de que a mecânica era boa, mas a suspensão muito “mole”. De tanto chamarem o carro de HB (Hyundai Brasil), o nome do carro ficou sendo HB20.

Na última quinta-feira, ela levou outro grupo de jornalistas para conhecer a fábrica (moderníssima, por sinal) e depois rodar com o automóvel em fase quase final de ajustes. Os engenheiros coreanos fizeram direitinho o dever de casa sugerido na época pelos jornalistas e recalibraram a suspensão, que ficou muito boa no asfalto. O carrinho faz curva como gente grande, mas tem um preço a pagar: provavelmente, as imperfeições do piso não serão filtradas para os passageiros. O “provavelmente” é porque a Hyundai só liberou o carro na pista de asfalto da fábrica. Nada de rodar em trechos “complicados”.

MOTORIZAÇÃO

São dois motores, 1.0 de três cilindros e 1.6 de quatro, ambos flex. O motor 1.0 é o mesmo do Kia Picanto, desenvolvendo talvez uns três ou quatro cavalinhos a mais. Deve chegar a uns 80cv com gasolina e 82cv com etanol. É bem valente, deverá ser supereconômico, mas (sempre tem um preço a pagar...) tem uma vibraçãozinha e um ruidinho que incomodam. Nada que seja inaceitável num motor de três cilindros, difícil de ser equilibrado sem recursos tecnológicos mais sofisticados. Mas achei, em termos comparativos, que o motor do Volkswagen Up!, também tricilíndrico, responde melhor ao quesito equilíbrio.

Já com o 1.6 (também flex) a conversa é outra: o carro é bom, rápido e com o câmbio manual (cinco marchas) tem um desempenho similar aos melhores da categoria, ou superior. O automático (só tem no 1.6) tem apenas quatro velocidades e sofre um pouco, pois o câmbio prejudica o desempenho dos cerca de 130cv do motor flex, que é o mesmo do Kia Soul ou do Hyundai Veloster.

O estilo do carro é supermoderno e vai agradar, com certeza. O acabamento interno não é luxuoso, mas correto e superior aos principais concorrentes. Volante regulável em distância e altura. Banco com altura “semirregulável”. Material de boa qualidade, ajustes benfeitos, nada de rebarbas, folgas nem asperezas. Espaço traseiro também razoável: meus 1,84m se acomodaram bem (mas nem pensar em se aboletar no meio do banco) e ainda sobrou espaço sobre a careca.

SEGURANÇA

A fábrica poderia ter caprichado mais em segurança. O banco traseiro não conta com apoio de cabeça central. O airbag é de série apenas para o motorista. A trava elétrica automática (acionada aos 15 km/h) não destrava sozinha no caso de acidente.

O porta-malas deve ter cerca de 300 litros, coerente com a categoria e concorrentes. Quem são? Preocupação para a Fiat com seu Palio e a Volkswagen, que acaba de lançar o Novo Gol. A fábrica não revelou nem dados técnicos nem preço, informações que só chegarão em setembro, com a apresentação oficial do HB20. Mas a diretoria da empresa sugere que não vai (nem poderia...) custar mais que o Gol, que começa de R$ 28 mil.

FAMÍLIA

Além do hatch (só quatro portas, por enquanto), a plataforma dará origem a dois irmãos: um sedã e um “jipinho” de mentira (tipo CrossFox da Volkswagen) que os coreanos chamam de “crossover”. Ambos deverão ter sua produção iniciada em 2013. O carro já começa com índice de nacionalização de 75%, pois somente o motor e a caixa de marchas são importados.

A capacidade da fábrica de Piracicaba é de 150 mil unidades anuais em dois turnos. A inauguração oficial será em novembro, mas as vendas começam em outubro, um pouco antes do Salão do Automóvel de São Paulo, que abre as portas em 24 de outubro.

(*) Viajou a convite da Hyundai Motor Brasil