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O clique da bomba

Além de maior peso e consumo, combustível em excesso no tanque tende a encharcar o canister e danificar a pintura. Filtro também pode deixar de medir quantidade exata

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Tanque de combustível cheio até a boca pode parecer vantagem para quem deseja economizar alguns trocados na hora do abastecimento. Fora o consumo maior gerado pelo excesso de peso, o mau hábito de motoristas e frentistas reserva outros sintomas que começam a aparecer a curto e longo prazo. “Na era dos carros carburados, os tanques tinham um respiro para o ar e era comum o cheiro de gasolina ficar impregnado em ambientes fechados. Atualmente existe o canister, filtro de carvão que capta vapores do tanque. Mas quando há álcool, gasolina ou diesel em excesso, o canister tende a encharcar e o velho cheiro da gasolina retorna”, salienta Satkunas.

O especialista explica que por ficar ligado a parte superior do tanque e absorver os gases provenientes do combustível, o canister está mais sujeito a receber o combustível em demasia. “Esse componente foi feito para durar toda a vida do carro e vem vedado justamente para não sujar o meio ambiente. Encharcado, perde a função e, caso a junta da tampa de combustível não esteja muito boa, o vapor vira cheiro de gasolina”.

PINTURA E FILTRO Outras consequências negativas apontadas pelo conselheiro da SAE Brasil estão na pintura e no filtro primário do tanque de combustível. “A pintura tende a manchar abaixo da tampa porquê, na hora de abastecer, quase sempre o frentista deixa derramar combustível. Já o filtro, introduzido a partir dos carros flex, tem a sua peneira contaminada, uma vez que faz parte do tubo entre o tanque e o bocal. Resultado: o sistema deixa de medir a quantidade exata de combustível no tanque, passando a falsa impressão de que o tanque está cheio”. Entre o tanque e o bocal, segundo Satkunas cabem em média até 6 litros de combustível a mais, o que não justifica o mau hábito incentivado pelos frentistas, que só param de abastecer a pedido dos motoristas, ambos ouvidos por Veículos em postos de Belo Horizonte. Questionadas sobre o mau hábito, as distribuidoras BR e Shell alegam que orientam os profissionais a interromper o abastecimento assim que o bico automático seja acionado, paralisando a bomba. “Encher até a boca não é recomendado pelo risco de derrame”, alega a Shell.

SEGUNDO CLIQUE Para o supervisor de serviços técnicos da Ford, Reinando Nascimbeni, o abastecimento pode parar até o segundo clique da bomba. “Na atual velocidade de abastecimento das bombas e dependendo do tanque, pode haver a falsa impressão de enchimento. Se o carro estiver inclinado ou numa posição diferente, absorve mais combustível que o normal. Ao medir a capacidade dos tanques, fabricantes tem considerado o segundo clique automático”, defende.