Novidade para os amantes do Galaxie. O grande V8 da Ford nacional acaba de ganhar uma obra em sua homenagem, o livro Galaxie, o grande brasileiro, pela Editora Alaúde. Os autores Digo Dragone e Paul Willian Gregson mostram com detalhes a origem e a evolução do modelo lançado nos Estados Unidos em 1959. Além do sedã, único modelo fabricado no Brasil, na terra do Tio Sam havia vários outros tipos de carroceria, como conversível, perua, fastback e até limusine. O leitor acompanha ano a ano a evolução do Galaxie, desde as belíssimas linhas dos modelos do início da década de 1960, passando pelos anos de 1965 e 1966 (modelo lançado no Brasil), até o fim de sua fabricação naquele país em 1974. O texto informa sobre as versões existentes e as principais mudanças do grandalhão.
O capítulo que detalha a evolução do modelo no Brasil serve como importante fonte de pesquisa para quem pretende comprar ou reformar o V8 em busca da originalidade, já que são listados todos os detalhes sobre versões, cores, lanternas, faróis, grades, frisos, calotas, forração de banco, tapeçaria, painéis de porta, mecânica, transmissão, acessórios, opcionais, painel de instrumento, volante e para-choques. Toda essa história está entremeada por cenas de bastidores como as tentativas da Ford em produzir aqui o fastback e a perua derivados do sedã. Também importante para colecionadores, o último capítulo traz as informações sobre originalidade de forma mais técnica.
A pré-história do Galaxie no Brasil também é contada em detalhes, com destaque para o vaivém da escolha de qual seria o primeiro automóvel fabricado pela marca em terras brasileiras. Antes de decidir pelo Galaxie foram considerados o Ford Custom 300 (um "pé-de-boi" da família Galaxie americana), o Ford Falcon, o Fairlane 1959 (mais luxuoso que o Custom 300) e o médio europeu Taunus. Outro registro interessante foram as aventuras e investimentos feitos para produzir o modelo no Brasil. Destaque para a suntuosa apresentação do grandalhão durante o V Salão do Automóvel, em 1966, no Parque do Ibirapuera (em São Paulo), com o modelo dando voltas pelo estande sem motorista, sobre trilhos, como um autorama. A brincadeira foi chamada pelo público de ford-o-rama.
Curioso
Como não poderia faltar, a obra traz várias curiosidades sobre o V8, como as versões especiais: protótipos de peruas, rabecão, papamóvel, limusine e até uma picape de seis rodas, além de veículos que aproveitaram a estrutura do Galaxie. O capítulo que trata da história do modelo nas pistas mostra a agonia dos autores ao narrar a participação do modelo em competições de demolition car, em que os veículos se chocam até que o carro esteja completamente destruído. As cenas foram classificadas como cruéis, perversas e perturbadoras e o evento definido como uma hecatombe automobilística.
Ajudam a ter uma ideia sobre o culto a esse modelo os relatos de alguns personagens, como o grupo que fez uma viagem em três Galaxies até a capital da província da Terra do Fogo. Mas sem dúvida a melhor história é a do gaúcho Arno Henrique Berwanger, que ficou conhecido como o Rei do Galaxie. Ele chegou a comercializar em sua loja na cidade de Novo Hamburgo (na época com 80 mil habitantes) 8% das vendas nacionais do modelo e posteriormente fundou um museu para o Galaxie.
Memória
O autor Dino Dragone contou que ele e Paul Gregson levaram dois anos para dar o ponto final no livro e que as pesquisas não pararam até o dia de enviar os textos para a gráfica. Dino, que também é um entusiasta do Galaxie, disse que recebeu uma grande ajuda do grupo Amigos do Galaxie, de Curitiba. "Não tive nenhuma ajuda da Ford durante as pesquisas. Eles simplesmente não têm material histórico algum. Para fazer o capítulo sobre identificação do carro, contei com a colaboração de pessoas que trabalhavam na Ford e tiraram esse material do lixo", afirma o autor. Com pouco mais de 200 páginas, o livro traz mais de 400 imagens. Galaxie, o grande brasileiro pode ser comprado pelo site da editora (www.alaude.com.br) pelo preço sugerido de R$ 49,90.