A busca por espaço, versatilidade e conforto para a família fez com que o segmento das peruas ganhasse muitos adeptos nas décadas passadas. Mas o surgimento dos monovolumes e utilitários fez com que o interesse do brasileiro por elas caísse ano a ano.
As peruas já estão em extinção e a situação tende a piorar, já que a única nacional, a Fiat Palio Weekend (R$ 45.550 a R$ 56.560), dará adeus em breve. Em 2010, foram vendidas 31.745 unidades, e em 2012, as vendas dela caíram para 18.638 unidades. Apesar dos números, a montadora afirma que não pretende tirá-la de linha, em especial a Adventure, que, segundo a Fiat, é a líder de vendas entre as versões e considera o modelo um sucesso no Brasil, levando-se em conta a falta de interesse do público. Especialistas em segredos automotivos afirmam que a Weekend não passa de 2015.
Se isso ocorrer, a Fiat deixará o caminho livre para a Volkswagen atingir a liderança do segmento com a Spacefox (R$ 48.950 a R$ 64.950), que é importada da Argentina por preços um pouco mais salgados do que os da perua Fiat, mas ainda assim cumpre razoavelmente bem o papel de substituta da Parati, finada no ano passado, depois de 30 anos. A marca alemã tem acima dela apenas o Passat Variant (R$ 125 mil), já que o Jetta Variant, uma opção intermediária, já não é mais importado. Para o Salão do Automóvel, em outubro,especula-se a vinda do Golf Variant, que passaria a ser importado para o Brasil a partir do início do próximo ano, preenchend, assim, a lacuna deixada pela perua do Jetta. O motor seria o mesmo do Golf hatch, 1.4 Turbo com injeção direta de gasolina e 140 cv de potência e preço por volta dos R$ 85 mil.
NEGÓCIO Concorrentes diretas no segmento de station média, Toyota Fielder e Renault Grand Tour brigavam pela fatia de clientes que buscavam mais espaço do que as compactas e a um custo menor do que as importadas de luxo. O resultado foi o grande sucesso dos dois modelos. A perua do Corolla herdou a fama do confiável conjunto mecânico do sedã e a variante do Mégane, apesar de ligeiramente maior e mais requintada do que a Toyota, perdia pelo alto preço de lançamento. Quando a Renault tornou a Grand Tour um verdadeiro negócio da China, com preço mais atrativo, foi retirada do mercado para otimizar a linha de montagem para o Duster, que faz parte de uma categoria em constante crescimento no Brasil: o utilitário-esportivo. Essa decisão foi tomada três anos antes, segundo a Renault.
A Grand Tour deixou saudades, mas a marca francesa não pretende trazer ao mercado brasileiro nenhuma perua e o foco em carro familiar se concentra no Duster. A Toyota seguiu pelo mesmo caminho, interrompendo a produção da Fielder quando a geração do sedã mudou no Brasil. A justificativa da Toyota é que, para a então nova geração do Corolla, não havia previsão de uma variante. A matriz decidiu, então, não trazer nenhuma outra perua para o Brasil e assim se mantém até hoje.
VIÚVOS A falta de modelos acaba deixando consumidores na mão, como o músico Frank Rocha e sua esposa, a fotógrafa Mariana Camargo (foto no alto). Donos de um Toyota Corolla Fielder 2005, eles não têm muitas opções no mercado e não cogitam substituir a perua. “SUVs são grandes por fora e oferecem pouco espaço por dentro, principalmente para os passageiros, e os sedãs não têm a mesma praticidade da perua, então, ficamos sem opção”, lamenta o músico, que também é professor de violoncelo. Depois de duas Paratis, Frank até tentou se adaptar a um sedã, mas não deu certo e ele voltou a ter uma perua.
CARA Enquanto as peruas compactas e médias aos poucos deixam o mercado, a Audi é a marca que mais investe nelas, oferecendo cinco modelos diferentes de peruas de luxo, sendo a RS6 a perua mais veloz do mundo, acelerando até 100km/h em 3,9 segundos. O preço delas varia de R$ 134,3 mil (A4 Avant Attraction) a R$ 557,1 mil (RS6 Avant). “É um mercado de nicho, mas no qual nós apostamos, por entender que há público interessado pelos modelos do segmento no país, uma vez que eles são versáteis: espaçosos, confortáveis e esportivos”, explica o supervisor de Marketing da Audi do Brasil, Gerold Pillekamp. Segundo a Audi, o público consumidor de suas peruas em geral são pessoas com idade entre 30 e 50, anos com família e que gostam muito de viajar.