De Detroit, EUA - Carros elétricos são usualmente associados a propostas utilitárias, principalmente para o transporte urbano pela pequena autonomia. Mas esse cenário já começou a mudar de figura, como provam os superesportivos elétricos exibidos no Salão de Detroit, que abre ao público hoje. A maioria das propostas já é comercializada. Entre elas, o grande destaque é o Mercedes-Benz SLS E-Cell, a estrela fluorescente do estande da marca. As linhas são basicamente as mesmas do modelo a gasolina produzido pela AMG, já que a grande novidade fica mesmo sob o interminável capô. Sai o V8 6.3 de 570cv de potência e 66,3kgfm de torque e entram quatro elétricos, um em cada roda, capazes de gerar energia equivalente a 533cv e torque instantâneo de 89,7kgfm.
É o tipo de pique capaz de empurrar o asa de gaivota aos 100km/h em 4s, apenas 0,2s a mais que o SLS a gasolina, com velocidade máxima limitada a 250km/h – para manter a autonomia em razoáveis 150 quilômetros. O modelo revelado, em julho de 2010, teve a produção confirmada para o fim de 2012. "O SLS AMG E-Cell é o supercarro mais avançado dos 125 anos de história do automóvel e mostra o quão fascinante pode ser a eletromobilidade", afirmou sem falsa modéstia Dieter Zetsche, chefe da Mercedes-Benz.
REALIDADE A californiana Tesla exibe o seu consolidado Roadster. Lançado em 2008, o pequeno esportivo fica colado no chão à imagem do Lotus Elise, reconhecido como um dos carros de melhor handling do mundo. A semelhança não é vã: a britânica Lotus serviu como consultora, com o objetivo de dar ao esportivo elétrico as características dinâmicas esperadas pelos compradores. O Tesla tem 292cv e 40,7kgfm torque. Afinal, são 474 quilômetros de autonomia por causa da velocidade máxima limitada aos 200km/h, mas as acelerações compensam: 3,7s até os 100km/h. O preço chega a ser convidativo: US$ 110mil.
MIÚDA No outro extremo do Salão, a pequena Li-Ion exibe dois modelos. Um deles, o Wave 2, aparenta ser, com o seu jeitinho de nave espacial sobre rodas, o que se espera de um elétrico urbano. Contudo, o que salta aos olhos mesmo é o cupê vermelho logo ao lado. Com pinta de superesportivo italiano da década de 1990, como a Ferrari F50, o carro adota a pátria até no nome: Inizio.
Ao escamotear a seção traseira, que se articula à moda dos bólidos de pistas, nada de 12 cilindros: há apenas uma pouco apelativa caixa de alumínio, um retângulo de grandes dimensões. Que fica mais atraente ao se saber que ali está um motor elétrico de 238cv de potência, capaz de levar o carro até os 100km/h em cerca de seis segundos e à velocidade máxima de 209km/h. Para os que curtem voltagens mais altas, há a versão RTX, que aumenta a potência para 394cv. Na configuração, o tempo até os 100km/h fica em cerca de 3,5 segundo e máxima de 273km/h. Se o objetivo é chegar longe, a configuração RT tem autonomia de 402 quilômetros, enquanto a R fica nos 241 quilômetros e a topo atinge 321 quilômetros.
DIFERENÇAS Em relação a um esportivo convencional, os elétricos não contam com a mesma escalada de rotações, que se sucedem a cada marcha. Com uma única marcha, o motor movido a eletricidade conta com uma subida de giro contínua, até o limite de rotação, quando já está na velocidade máxima. Os motores do SLS E-Cell, por exemplo, chegam a 12.000rpm, enquanto o Tesla Roadster eleva a 14.000rpm. Com tantas promessas de rapidez, o mais difícil deve ser se segurar por horas, enquanto se espera a recarga das baterias, que varia entre quatro horas nas estações de alta voltagem e mais de 10 horas na tomada doméstica.
O jornalista viajou a convite da Anfavea