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Polêmica com o acelerador

Médica de Belo Horizonte aponta defeito em seu carro semelhante ao que justificou o recall de 2,3 milhões de veículos da Toyota nos Estados Unidos. Empresa nega problemas no Brasil

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Maria do Carmo: "Nos EUA era a mesma justificativa, de que o tapete estava embolando, até que quatro pessoas morreram"

Dona de um Corolla modelo 2008/2009, a médica Maria do Carmo Barros de Melo, de Belo Horizonte, garante que o carro dela apresentou o mesmo defeito no pedal do acelerador que ocasionou o recall de 2,3 milhões de veículos da Toyota nos Estados Unidos, sendo estendido ontem para os países da Europa. A Toyota do Brasil garante que os carros fabricados no país estão livres do defeito. "Aconteceu comigo e quero deixar esse alerta. Até agora, a única resposta que me davam era que o acelerador havia ficado preso no tapete. Nos EUA, era a mesma justificativa, de que o tapete estava embolando ,até que quatro pessoas morreram e, no carro de uma das vítimas, encontraram o tapete no porta-malas", conta a médica.

Moradora do Bairro Gutierrez, Maria do Carmo revela que, em 24 de setembro de 2009, estava trafegando na Rua André Cavalcanti quando o acelerador do carro "disparou". Tentando controlar o veículo, ela conta que entrou em alta velocidade na descida da Avenida do Contorno que, por sorte, estava vazia as 7h20. “Graças a Deus, não vinha nenhum carro e consegui parar o carro poucos metros depois. Primeiro, puxei o freio de mão e nada. Depois, pus no ponto neutro, mas continuou acelerando. Só então desliguei na chave e o carro parou. Foi tudo muito rápido. Como estava no meio da Contorno, liguei o carro novamente, por medo de levar uma batida na traseira. Aí voltou a funcionar normal”, explica.

A médica afirma ter seguido imediatamente com o Corolla placa HJU 4665 para a concessionária da Kawaii, onde exigiu uma explicação do pós-venda. No mesmo dia, encaminhou e-mail para o SAC da Toyota do Brasil, lavrando uma ocorrência. Depois de dois dias, segundo ela, recebeu da revenda o retorno de que o tapete do carro estava destravado, o que poderia ter disparado o acelerador. "O mesmo me disse a Toyota do Brasil. Desde o início a justificativa do tapete não me convenceu. Na hora do acidente, olhei para baixo e vi que o pedal estava livre", afirma ela, que chegou a consultar um engenheiro mecânico amigo da família para tentar entender o que havia ocorrido. "Eu estava viajando até ontem e, quando cheguei e li o jornal com a notícia do recall, as peças se encaixaram. Só então entendi o que havia acontecido comigo", completa.

Ontem, ao se inteirar sobre o recall, Maria do Carmo tornou a registrar reclamações junto à Kawaii e à Toyota do Brasil. Ela diz que está se sentindo insegura com o carro, pois passou "um sufoco muito grande". Na Kawaii, o gerente de pós-venda Márcio Fonseca admite ter recebido o veículo na data informada pela cliente. Segundo ele, o ideal seria ter acesso mais uma vez ao carro para se pronunciar oficialmente hoje pela empresa, mas antecipa que, na época, o único problema encontrado no carro foi que o tapete estava solto. "O fato foi inclusive mostrado à cliente", alega. Segundo ele, os tapetes dos carros da Toyota comercializados no Brasil já vêm presos, inclusive com presilha. "Os clientes têm autonomia para soltar o tapete e a presilha pode sumir dentro de um lava-jato. É difícil afirmar com certeza que foi o tapete, mas o veículo foi rastreado e não identificamos nenhum defeito", completa.

A Toyota do Brasil, por intermédio da assessoria de imprensa, informa que é a primeira reclamação nesse sentido registrada no país e que precisa de mais tempo para se posicionar sobre o caso isolado da médica. Segundo o comunicado da montadora japonesa, o recall anunciado quarta-feira pela Toyota nos Estados Unidos não tem relação com o mercado brasileiro, restringindo-se apenas aos veículos fabricados na América do Norte. Já os modelos Camry e RAV4 comercializados no Brasil são provenientes do Japão e o Corolla é produzido localmente na fábrica de Indaiatuba (SP). No ano passado, foram vendidos 93.486 veículos dos oitos modelos da marca comercializados no Brasil, sendo que o Corolla foi o recordista de vendas de 2009 nos sedans médios. Minas Gerais é o segundo estado, com 7% do mercado.

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