Determinados veículos são sumariamente rejeitados no mercado de usados: são os chamados "micos" ou "bombas", que acabam sofrendo com desvalorização acentuada e baixa liquidez. Até existem modelos "injustiçados", que enfrentam "preconceitos" por parte dos consumidores, mas alguns desses carros têm, sim, problemas crônicos, que afastam os compradores.
Vale lembrar que defeitos mecânicos implicam em maiores gastos de manutenção. É verdade que, principalmente quando os carros atingem maior tempo de uso e, consequentemente, quilometragens mais altas, não é raro o surgimento de certos problemas. Contudo, quando essas falhas são crônicas, pode nem mesmo existir solução: de tempos em tempos, elas reaparecerão.
Carros com problemas crônicos
O VRUM listou 5 desses carros que sofreram, ou ainda sofrem, de problemas crônicos. Consequentemente, acabaram sendo rejeitados pelos consumidores quando entraram no mercado de usados. Confira o listão!
1- Volkswagen Gol 1.0 16V
É inegável que a Volkswagen inovou ao lançar motores 1.0 dotados de então novas tecnologias. A primeira novidade foi um cabeçote 16V, que surgiu na linha 1998 do Gol e da Parati. A potência chegava a 69cv, número elevado em relação à cilindrada para os padrões da época. Não satisfeito, o fabricante lançou, no ano 2000, uma versão turbo desse propulsor, que atingia então espantosos 112cv.
Mas o que, no início, parecia bom revelou um defeito com o tempo: o eixo do comando de válvulas costumava sofrer desgaste precoce. Muitos carros apresentaram problemas, e outros tantos padeceram com a falta de manutenção adequada. Essas versões são rejeitadas no mercado de usados até hoje: a má foi tamanha que atingiu até os motores 16V de outras marcas, que nada tinham a ver com o caso.
2- Fiat Tipo 1.6 i.e.
O Tipo protagonizou um verdadeiro escândalo durante a década de 1990: algumas dezenas de unidades simplesmente pegaram fogo. Mas o que "queimou" de vez a imagem do hatch nem foram as chamas, e sim a demora da Fiat para resolver a falha. Inicialmente, o fabricante insistia que os casos eram isolados e só se propôs a fazer um recall depois que os donos dos veículos incendiados formaram uma associação.
Mas os problemas não pararam por aí. Desde o começo, a Associação de Consumidores de Automóveis e Vítimas de Incêndio do Tipo (Avitipo) apontava um vazamento na mangueira do fluido hidráulico da direção como culpada. Porém, a Fiat afirmava que a falha estava no tubo convergedor de ar quente do motor e convocou um recall para trocar esse componente. Resultado: os casos de incêndio continuaram.
Finalmente, a Fiat convocou outro recall, dessa vez, sim, para instalar reforços na tal mangueira. Mas era tarde demais: àquela altura, a reputação do Tipo já estava em cinzas. Curiosamente, a falha atingia unicamente a versão 1.6 i.e., mas carros equipados com motores 1.6 MPI e 2.0, que não tinham quaisquer defeitos, acabaram sendo, indistintamente, malvistos e desvalorizados pelo mercado.
3- Peugeot 206
A pavimentação das vias brasileiras está longe de ser boa. Por isso, os fabricantes costumam recalibrar e reforçar as suspensões dos veículos ao nacionalizá-los. E é justamente aí que reside uma das maiores fragilidades da gama 206: o conjunto sofre nas ruas e estradas do país. Bieletas, buchas e bandejas, em especial, podem apresentar desgaste prematuro.
Esse defeito atinge não apenas o 206, mas também o Citroën C3 de primeira geração, já que ambos compartilham mecânica e plataforma. Os problemas comuns a esses dois carros incluem ainda a junta do cabeçote do motor 1.4. O hatch da Peugeot, em particular, acabou ficando malvisto e até se tornando motivo de chacota por parte dos consumidores.
4- Citroën C4 Pallas AL4
O câmbio automático de quatro marchas conhecido como AL4 foi aplicado a diversos carros das marcas Peugeot e Citroën. Essa caixa equipou desde os compactos 206, 207 e C3 até as gamas 307 e Xsara, para ficar só nos modelos mais comuns. Em todos eles, e também na linha C4, composta pelo hatch e pelo sedan Pallas, o sistema tem má-fama.
Depois que esses carros atingiram quilometragens mais altas, surgiram queixas de problemas nas trocas de marchas. Geralmente, as falhas são fruto de desgaste prematuro na cinta de frenagem ou de folgas nos anéis de vedação. Curiosamente, alguns modelos da Renault que também utilizam esse câmbio, como o Mégane, não são alvos reclamações, supostamente devido a um melhor trabalho de engenharia.
5- Ford Fiesta Powershift
Outro câmbio problemático que está presente em diferentes modelos é o Powershift, da Ford. Nesse caso, trata-se de uma unidade automatizada de dupla embreagem e seis marchas. Entre os defeitos, essa caixa pode apresentar superaquecimento e falhas nas trocas de marchas, além de ruídos e vibrações. As queixas ocorrem não só no Brasil, mas em vários países nos quais tal sistema foi comercializado.
Os grandes vilões são os retentores, que rapidamente se desgastam e permitem a contaminação das embreagens por óleo. Entre os modelos que sofrem desse mal, estão Fiesta, Focus e EcoSport, que chegam a ser mais valorizados quando dispensam o Powershift (também chamado de DPS6) em prol do velho e confiável câmbio manual.
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