Criado há 25 anos, o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) foi o tema do seminário sobre emissões da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA). Franco Ciranni, presidente da AEA, fala sobre como o programa estimulou o desenvolvimento tecnológico na indústria automotiva, sendo responsável por sistemas como a injeção eletrônica, catalisador e motores flex. Ele também comenta sobre o Promot, o programa de controle para as motocicletas. Ciranni responsabilizou a dificuldade de estabelecer uma inspeção veicular no país, prevista na resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) que institui o Proconve e no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), à falta de uma legislação unificada que possa ser aplicada a todos os municípios.
Qual avaliação você faz dos 25 anos do Proconve?
O Proconve trouxe claros benefícios ao meio ambiente e ao desenvolvimento tecnológico do país.
Quais foram os principais resultados obtidos com o programa? Existem números?
Hoje na quinta fase, o Proconve alcançou uma redução de 99% na emissão de monóxido de carbono, de hidrocarbonetos e de óxidos de nitrogênio. Houve também benefícios indiretos, como a redução de problemas respiratórios.
Resumidamente, como funciona o Proconve?
O Proconve funciona limitando quantidade de emissão de determinados poluentes nocivos à saúde pelo escape dos veículos. O programa está dividido em várias fases, cada qual com um determinado nível de emissões inferior à fase anterior. Em 2012, os veículos comerciais terão que atender à sexta fase do programa.
O programa, em cada uma de suas etapas, foi responsável pelo desenvolvimento tecnológico da indústria. É possível citar alguns?
Durante todos estes anos a indústria automotiva apoiou e incentivou o Proconve, desenvolvendo tecnologias para viabilizar o atendimento às fases. Entre as tecnologias desenvolvidas estão a injeção eletrônica de combustível, os catalisadores de gases de escape, a reformulação dos combustíveis e, principalmente, a tecnologia flex fuel.
Apesar de ter quase 10 anos, o Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares (Promot) é menos conhecido. Ele já obteve resultados?
Sim, houve redução drástica no nível de emissões. A adoção de injeção eletrônica e de catalisadores nas motocicletas é um sinal da necessidade do avanço tecnológico para reduzir a emissão de poluentes.
O Proconve, assim como o CTB, prevê a criação de programas de inspeção e manutenção de veículos. Quais são as dificuldades para que isso seja adotado em todo o país?
Os programas de inspeção e manutenção veicular são fundamentais para garantir que os veículos não estejam emitindo mais poluentes do que legalmente permitido e, assim, prejudicando a saúde da população em geral. Talvez a maior dificuldade seja criar uma legislação unificada e abrangente que possa ser introduzida em todos os municípios. Diversidade da frota e questões econômicas são outros fatores, já que uma inspeção retiraria veículos das vias públicas.
O que está guardado para os próximos anos do programa?
Seguindo a tendência adotada em países desenvolvidos, devemos iniciar as discussões em torno de uma nova fase de emissões veiculares semelhante ao Euro 6, da Europa, ou EPA 2010, dos Estados Unidos, bem como a introdução de limites de emissões de dióxido de carbono pelos veículos, trazendo não só um benefício ambiental como também de economia de combustível. Quanto às tecnologias, podemos citar o downsizing dos motores, adoção de turbocompressores mesmo em motores de menor cilindrada, a injeção direta de gasolina, sistemas mais avançados de catalisadores de gases de escape e o desenvolvimento de combustíveis cada vez mais eficientes e menos poluentes, além de sistemas de injeção mais modernos e tecnologia em motores a diesel.