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Projeto preserva originalidade do Escort XR3 , mas com um toque de estilo

'Tempero' do projeto foram as rodas BBS de 17 polegadas. Para preservar a história do modelo, proprietário 'garimpou' o toca fitas original de fábrica

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Projeto preserva originalidade do Escort XR3 , mas com um toque de estilo
Projeto preserva originalidade do Escort XR3 , mas com um toque de estilo Foto: Projeto preserva originalidade do Escort XR3 , mas com um toque de estilo

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Querido e desejado por todos, de Ayrton Senna aos Mamonas Assassinas, o modelo de maior sucesso da Ford entre os anos 1980 e 1990 ainda apaixona muitos amantes dos motores. Quem, entre 30 e 40 anos, nunca sonhou em ter um Escort XR3, com seu imponente teto solar, bancos esportivos, aerofólio traseiro e os icônicos faróis de milha circulares?

O Escort nasceu no Reino Unido em 1968, fruto de uma parceria entre a Ford da Inglaterra e a da Alemanha. O modelo passou por uma reestilização em 1975, e, desde seu nascimento, foi um sucesso de vendas, colocando o carrinho no radar mundial. No Brasil, o Escort foi lançado em 1984, já em sua terceira geração, que chegou com a missão de substituir o já quase falecido Corcel II. Como já era sucesso na Europa, o Escort se tornou o primeiro carro mundial da Ford.

Para não fazer feio frente aos concorrentes, o Escort chegou em três versões – básica, L e GL –, todas equipadas com motor 1.3 CHT com potência de 63cv, tração dianteira e suspensão independente nas quatro rodas. Logo depois, a versão de luxo Ghia foi lançada, equipada com motor 1.6 CHT movido a etanol, com 73cv. O pacote de topo ainda oferecia vidros e travas elétricos, bancos em veludo, um charmoso relógio central no teto, limpador de para-brisa ajustável e indicadores de desgaste das pastilhas de freio, óleo e combustível.

No mesmo ano, surgiu a versão que se tornou o ícone do modelo, o Escort XR3, sigla para Experimental Research 3. O esportivo era equipado com quatro faróis auxiliares, aerofólio traseiro, pneus de perfil baixo, rodas em liga leve de 14 polegadas e teto solar.

Em 1986, o Escort ganhou um facelift, com mudanças no capô, para-choques e faróis, ficando com um aspecto mais arredondado, porém, sem perder as linhas retas que eram sua identidade. Além da modificação estética, o modelo passou a ser produzido apenas com o motor 1.6 CHT de 73cv.

Com o surgimento da Autolatina, uma parceria entre Ford e Volkswagen, em 1987, o XR3 passou a ser equipado com o famoso motor AP 1.8 de 99cv movido a gasolina. Em 1991, a versão ainda recebeu atualizações tecnológicas como os amortecedores eletrônicos e os consagrados bancos esportivos Recaro.

O Escort ainda recebeu mais uma reestilização em 1993, mudando completamente o aspecto visual do carro, com linhas mais arredondadas e um visual mais moderno, se mantendo em produção no Brasil até 1996, quando passou a ser produzido para o Mercosul na Argentina. A mudança também encerrou a produção do mundialmente amado XR3. O modelo ainda foi vendido com carroceria perua (#savethewagons), além de uma versão esportiva RS, com motor 2.0 AP com injeção eletrônica. O modelo deixou de ser fabricado em 2003, deixando saudades e salvando relíquias como o Ford Escort XR3 1992 do Max Martins, de 35 anos.

PAIXÃO ANTIGA Batemos um papo com o Max sobre seu Escort, e o lugar não poderia ser mais apropriado, no E-Hangar, um espaço de eventos localizado dentro do Aeroporto Carlos Prates, em Belo Horizonte, afinal, o esportivo era um “avião” na época, chegando a ser considerado o carro mais rápido do Brasil.

“Para mim, os outros carros são apenas um meio de transporte. Quando entro no Escort, o banco Recaro me abraça, aí é outra história. Quando estou rodando com ele pelas ruas, sempre tem alguém que fala que o Escort era seu sonho de consumo na juventude”, conta Max.

Seu XR3 quase não tem modificações. O veículo é equipado com direção hidráulica, retrovisores com ajustes elétricos e um charmoso teto solar. Diferentemente dos modelos convencionais, o Escort de Max tem motor original AP 1.8 de 105cv movido a etanol, e não a gasolina, por isso os 6cv a mais de potência.

Max conta que, antes dele, o Escort pertenceu a uma única família e que o carro já estava parado há um tempo. É que a antiga dona não havia se adaptado aos bancos esportivos, que são originais e estão muito bem conservados. Como melhorias e modificações, o novo proprietário instalou rodas BBS de 17 polegadas, garimpou o rádio original de fábrica, com toca fitas, e também restaurou a pintura do carro.

“Quando meu irmão mais velho tirou carteira, comprou um Escort 1.8 ano 1990. Depois, ele comprou um 1.6 1985, seguido por um modelo europeu conversível 2.0 1993. Andando com ele, fiquei gostando do modelo e acabou se tornando uma paixão. Meu primeiro carro foi um Escort, era o CHT 1.6 de 73cv. Logo depois, comprei o XR3”, explicou o proprietário como surgiu o gosto pelo modelo.

Quando indagado se pensaria em trocar seu Escort por um modelo mais novo, a resposta de Max foi categórica: “Não quero trocar por um modelo mais novo. Tenho uma paixão pelo Escort, ele é confortável, é um carro gostoso de rodar. Onde o carro mais novo me levaria, meu XR3 me leva da mesma forma, e com mais estilo”.



FICHA TÉCNICA


MOTOR

Dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 8 válvulas, com 1.781cm³ de cilindrada, a álcool, que desenvolve potência máxima de 105cv a 6.000rpm e torque máximo de 16kgfm a 3.200rpm

TRANSMISSÃO
Tração dianteira, com câmbio manual de 5 velocidades

SUSPENSÃO
Dianteira e traseira independentes, do tipo McPherson, com mola helicoidais

DIREÇÃO

Tipo pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica

FREIOS

Com discos ventilados na dianteira e tambores na traseira

CAPACIDADES

Do tanque, 65 litros; porta-malas, 290 litros; e de carga útil (passageiros mais bagagem), 425 quilos

PESO
990 quilos

DIMENSÕES
Comprimento, 4,06 metros; largura, 1,64m; altura, 1,32m; entre-eixos, 2,40m

DESEMPENHO

Velocidade máxima: 175km/h
Aceleração (até 100km/h): 10,4 segundos