Cerca de 60 mil consumidores terão que comparecer à rede de concessionárias Fiat para realizar o recall do modelo Stilo determinado pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC). Até o início da noite de quarta-feira, a montadora italiana ainda não havia definido a data para realização do conserto no conjunto dos cubos das rodas traseiras dos veículos fabricados a partir de 2004. Segundo a Fiat, há trâmites burocráticos para serem cumpridos antes da determinação do recall ? como ser protocolado junto ao DPCD. O fabricante, no entanto, reiterou que vai cumprir a recomendação do órgão público, mas que não concorda com o teor laudo que afirma que há defeito no produto.
A Fiat também informou que vai recorrer da decisão do DPCD, o que não havia ocorrido até a noite de quarta-feira. Na terça-feira, a fábrica foi multada em R$ 3 milhões pelo órgão público. Segundo o processo aberto em junho 2008, foram registrados pelos menos 30 acidentes, com várias mortes, envolvendo o desprendimento de roda do Stilo entre 2007 e 2008. Conforme o DPDC, "dentre os casos analisados, oito foram selecionados pela existência de indícios de defeito." O caso veio à tona depois de reportagens feitas pelo caderno Veículos, do Estado de Minas, a partir de maio de 2008.
Na quarta-feira, consumidores estavam apreensivos com a divulgação de casos relatando acidentes com o Stilo. Muitos deles ligaram para o serviço de atendimento ao cliente Fiat ou foram pessoalmente às revendas buscar informações sobre o recall. O comerciante Reginaldo Proti, dono de um modelo 2007, estava preocupado. Ele procurou a concessionária Roma no Bairro Gutierrez, Região Oeste de Belo Horizonte, para saber sobre o problema no conjunto do cubo da roda. "Quero me inteirar sobre o assunto e saber qual é o verdadeiro defeito. Quando vai começar o recall?", questiona.
Conforme o chefe da oficina da Roma, Rômulo Luiz Silva, a concessionária recebeu algumas ligações de clientes pedindo informações sobre o recall e esclarecimento do problema. "Algumas pessoas também passaram por aqui para tirar dúvidas", declara. Já o diretor da Automax, Victor Gomes, diz que na revendao reflexo do recall ainda não foi sentido, "nem nas vendas, nem na demanda dos clientes".
Já para quem afirma que viveu o problema de perto, a sensação é de alívio. "Meu sentimento é que a Justiça foi feita. Passei mais dois anos angustiado e ainda respondo processo por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) pelo acidente que ocorreu comigo e mais duas amigas em setembro de 2007", relembra o técnico de informática, Márcio Gomes de Menezes. Segundo ele, uma passageira do Stilo morreu na hora. "Vi a roda traseira passar pelo carro. Em seguida, bati na mureta central e só fui acordar no hospital. Tenho várias fotos mostrando as marcas do eixo traseiro no asfalto antes da batida. Está mais que provado que minha roda se soltou antes da batida", diz Menezes. A Fiat afirma que, no caso de Menezes, "não foi realizada uma análise, pois não tiveram acesso as peças do veiculo".
Presidente da Fiat nega problemas na fabricação do Stilo.
Leia mais:
Fiat na mira do Procon
Muito além da coincidência
Defeito ou batida?
Fiat não aceita acordo
DPDC instaura processo