Imagine a seguinte situação: um carro praticamente zero-quilômetro, porém com problemas decorrentes de anos de abandono, é encontrado por um funcionário dentro das instalações da fábrica que o produziu. A empresa, então, cogita escrapiá-lo (termo que significa destruir de maneira controlada), mas acaba decidindo restaurá-lo. Pois foi exatamente isso que aconteceu com um Renault Fluence GT na unidade industrial de Santa Isabel, na Argentina.
O veículo em questão é um pré-série, como são chamados os exemplares fabricados durante a fase de adequação da linha de produção. Trata-se de um Renault Fluence na versão esportiva GT, já com a reestilização que estreou no modelo 2015. Isso indica que ele permaneceu guardado por cerca de 8 anos dentro da fábrica.
De acordo com o site Motor1 Argentina, quem selou o destino do sedan foi Federico Galmarini, colaborador da fábrica de Santa Isabel. Ele não apenas comunicou a existência do veículo à direção da unidade, como se propôs, pessoalmente, a deixá-lo em prefeitas condições, desde que a multinacional fornecesse os componentes necessários.
Neste ponto, vale ressaltar que a Renault mantém um acervo de veículos históricos em Santa Isabel, mas não dispunha de unidade alguma do Fluence GT. A proposta do colaborador, então, caiu como uma luva: era a oportunidade de incorporar à coleção um exemplar zero-quilômetro, e por baixíssimo custo. Pablo Sibilla, CEO da multinacional na Argentina, aceitou, claro, a proposta.
O final da história não poderia ter sido mais feliz. O Renault Fluence GT pré-série, que ainda por cima tem a carroceria pintada em um belo tom de vermelho, ficou novamente em perfeito estado de conservação - e assim permanecerá. Já a empresa preservou uma testemunha da própria história de 48 anos de produção na Argentina.
Renault Fluence GT: caminhos distintos na Argentina e no Brasil
A Renault iniciou a produção do Fluence na Argentina em 2010, mesmo ano em que começou a importá-lo para o Brasil: no ano seguinte, surgiu a versão Sport, logo rebatizada de GT, que desembarcou por aqui em 2012. Enquanto as versões convencionais tinham um motor 2.0 aspirado de 140cv de potência, a esportiva vinha com um 2.0 turbo de 180cv, sempre associado a um câmbio manual de seis marchas.
Na Argentina, toda a gama obteve bom desempenho comercial, mas, no Brasil, a história foi diferente. Por aqui, o Renault Fluence nunca decolou, e a versão GT, em especial, teve vendas pífias. Tanto que, ao reestilizar o sedan, a marca francesa deixou de importar a configuração esportiva para cá. Porém, essa opção prosseguiu no país de origem e até ganhou 10cv de potência, chegando a 190cv.
Diante das vendas cada vez mais baixas, a Renault deixou de importar o Fluence para o Brasil em 2017, mas a produção em Santa Isabel só foi encerrada em 2018. Atualmente, a empresa fabrica apenas o Kangoo e a picape Alaskan no país vizinho: o modelo foi o último sedan da marca francesa feito por lá. No mundo inteiro, a multinacional tem investido majoritariamente em SUVs.
Até hoje, os argentinos têm orgulho do sedan, que era um dos produtos mais sofisticados da indústria automobilística local naquela época. E principalmente da versão GT, que acrescentava boa dose de esportividade a essa fórmula.
Já dirigimos o Renault Fluence: assista ao vídeo!
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