É sempre aquela tensão: a comissão julgadora vai colocar em cheque todo o trabalho da escola de samba na avenida. Com automóvel, é a mesma coisa: alguns modelos se destacam em alguns quesitos. Sem dar notas, reunimos alguns exemplos de carros que fizeram bonito nos últimos desfiles ou chamaram atenção pelo lado contrário.
Confira o Especial de Carnaval do Portal Uai
COMISSÃO DE FRENTE
A fantasia do quebra-mato já foi abolida pela legislação, mas alguns modelos ainda chamam atenção pelos adereços que imitam a peça. A picape compacta Peugeot Hoggar Escapade é uma delas e usa um adereço (usualmente chamado pela PSA como embelezador) ao estilo daquelas dentaduras falsas que imitam vampiros. Um hit do carnaval.
ALEGORIAS E ADEREÇOS
É de longe uma das alas mais chamativas do mercado automotivo, engrossada pela corrente de modelos fantasiados de aventureiros ou esportivos. Entre os que querem ser (ou parecer) lameiros, o Volkswagen CrossFox leva a taça, com uma fantasia que inclui borrachões, suspensão elevada e estepe na traseira para o delírio dos que acham essa parte a preferência nacional. A fantasia de uma porta-bandeira pesa cerca de 19kg, enquanto a do CrossFox pesa 65kg, quando comparamos o peso de 1.130kg da versão contra os 1.065kg marcados pelo Fox Prime também 1.6. Até os modelos de origem europeia vestem uma fantasia, como bem prova o Citroën AirCross, que abandonou o jeito família do europeu C3 Picasso e caiu no samba com uma série de adereços.
EVOLUÇÃO, HARMONIA E CONJUNTO
Difícil reunir esses três itens em um quesito. Analisando a evolução, dois veteranos mudaram recentemente depois de ficar 15 anos no mercado sem uma nova geração. O primeiro foi o Fiat Palio, que evoluiu para uma segunda encarnação e ficou mais harmônico com desenho inspirado no Punto de Giugiaro. E ganhou conjunto mais equilibrado e na mão. A nova Chevrolet S10 é outra que desfila na mesma medida.
ENREDO
Em temática, há os que apelam para a originalidade na nova geração. Outros preferem se fiar em um enredo já conhecido na esperança de repetir o sucesso apresentado pelo antecessor na passarela. Nesse ponto, poucos carros foram tão comentados pela comissão julgadora quanto o novo Honda Civic. Outros apelam para um enredo novo para ver se dá samba. E tem quem requente carnavais passados, como a Chevrolet fez no caso do Agile, com a mesma base do antigo Corsa e Classic, mas paramentado com outra fantasia.
SAMBA-ENREDO
O critério é mais subjetivo, valendo julgar desde a melodia à sofisticação da letra. No caso dos automóveis, isso se repete. Dos últimos modelos, um deles chamou atenção não apenas pelo estilo bem mais chamativo que o anterior, como também pelo arranjo mais rico e pela composição mais fácil de ser assimilada: o Kia Picanto. Evoluiu em mecânica, acabamento, comportamento e estilo.
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA
Representam a escola e, de certa forma, são a vitrine de todas as alas. Da mesma forma, os fabricantes investem em modelos de imagem, carros feitos para embelezar, atrair consumidores aos showrooms como mestre-sala de concessionárias e vender um bocadinho para aparecer de vez em quando nas ruas, carregando o símbolo do fabricante em vez de estandartes. Quanto mais chamativo melhor. A Chevrolet investe no Camaro SS como modelo mestre-sala, com direito à fantasia de carro de cinema (do filme Transformers).
BATERIA
Na passarela, a bateria dá o ritmo. No caso dos automóveis, os barulhos ritmados e batidas não são nada valorizados. Aí vale o que ficou famoso pelos barulhos de rodagem, em geral sobre piso ruim. Os franceses, frequentadores habituais de carnavais nordestinos e do Rio de Janeiro, acabam apresentando alguns ruídos de rodagem e acabamento, em especial os importados, como o Citroën C4 Picasso.