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Santos Dumont, o pai da aviação, trouxe o primeiro automóvel ao Brasil

Visionário, inventor brasileiro, que completaria 150 anos no último dia 20, virou símbolo de inovação tanto para os aviões quanto para os automóveis

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Peugeot Type 3 Vis-à-Vis, o primeiro automóvel a circular no Brasil
Peugeot Type 3 Vis-à-Vis, o primeiro automóvel a circular no Brasil Foto: Peugeot Type 3 Vis-à-Vis, o primeiro automóvel a circular no Brasil

No último dia 20, celebrou-se os 150 anos do nascimento de Alberto Santos Dumont, conhecido como o pai da aviação. Isso, porque ele foi o primeiro homem a voar com um aparelho mais pesado que o ar e com propulsão própria. Tal feito ocorreu no Campo de Bagatelle, em Paris, em 23 de outubro de 1906. Mas o que muita gente não sabe é que o aviador também tem laços estreitos com os automóveis.

Ocorre que Santos Dumont trouxe o primeiro automóvel que circulou no Brasil. O veículo, um Peugeot Type 3 Vis-à-Vis, desembarcou no país em novembro de 1891, em um navio que atracou no Porto de Santos (SP). Equipado com um motor a gasolina de dois cilindros, capaz de desenvolver 3,5 cv de potência, o modelo alcançava a velocidade máxima de 18km/h.

Santos Dumont comprou o veículo naquele mesmo ano de 1891, durante uma viagem à França com a família, que durou sete meses. Ele tinha apenas 18 anos e demonstrou paixão pelos automóveis. O então jovem inventor chegou a visitar a fábrica da Peugeot na cidade de Valentigney para fechar o negócio. Segundo o próprio pai da aviação, as máquinas terrestres serviram para adquirir muitos conhecimentos:

Daí em diante, tornei-me adepto fervoroso do automóvel. Entretive-me a estudar os seus diversos órgãos e a ação de cada um. Aprendi a tratar e consertar a máquina. (...) Minha experiência de automobilista serviu muito para as minhas aeronaves.”

Alberto Santos Dumont, na autobiografia “Os Meus Balões”

Além do Peugeot Type 3 Vis-à-Vis, que Santos Dumont trouxe pessoalmente ao Brasil quando retornou daquela viagem à França, o inventor importou ainda outro modelo da marca: um Phaeton Type 15, datado de 1897. Nessa caso, o motor, também de dois cilindros, já rendia 8cv. O curioso é que esse propulsor não tinha velas, e sim barras de metal que se aqueciam até ficarem incandescentes.

Santos Dumont, o verdadeiro inventor do avião

Alberto Santos Dumont com o avião 14 Bis
Inventor mineiro era aficionado por motores e máquinas

Há mais de um século existe a controvérsia sobre quem é o verdadeiro inventor do avião. Contemporâneos de Santos Dumont, os irmãos americanos Wilbur e Orville Wright disputam a primazia, apontando um feito de dezembro 1903, em um voo impulsionado por uma catapulta: ou seja, o aparelho não tinha autopropulsão. Além disso, tampouco houve registro de testemunhas.

"[No caso de Santos Dumont] todos estavam lá registrando com fotos. Havia uma comissão internacional montada. Existia um regulamento que dizia que só seria avião aquele que decolasse por meios próprios, enquanto os irmãos Wright estavam numa praia dos Estados Unidos, com o vento superforte e utilizavam catapulta. Eles só aparecem na Europa em 1908, quando outros concorrentes também já estavam com várias invenções voando bem", conta Maurício Inácio da Silva, historiador do Museu Aeroespacial (Musal).

Várias invenções

Santos Dumont nasceu da zona rural de Palmira, cidade na Região da Zona da Mata, em Minas Gerais, que foi rebatizada com o nome do inventor em 1932. Antes de decolar com o 14-Bis, o primeiro aeroplano da história, em  12 de novembro de 1906, o mineiro já voava com balões. O primeiro deles voou por cinco horas em julho de 1898, na França.

Alberto Santos Dumont voando no avião 14 Bis
Santos Dumont a bordo de sua invenção mais famosa: o 14-Bis

O pioneirismo prosseguiu quando Santos Dumont associou os motores de combustão interna aos balões, construindo engenhosos lemes, o que resultou no dirigível. Em 1901 sobrevoou Paris em um deles, chamando a atenção da imprensa brasileira e mundial. Em 1909, o mineiro decolou no avião Demoiselle, precursor do ultraleve.

O espírito visionário de Santos Dumont deixa outras influências. Foi ele o desenvolvedor do hangar, estrutura que se tornou essencial para a indústria aeronáutica. Não foi ele quem inventou, mas sim quem popularizou o uso do relógio de pulso. Um modelo mais prático para cronometrar voos e que ganhou mercado ao ser usado pelo famoso inventor.

Outra invenção é o chuveiro aquecido, que usava uma espécie de balde com perfurações e um mecanismo para misturar água quente e gelada. Essa crianção está no Museu Casa de Santos Dumont, em Petrópolis (RJ).

O pai da aviação morreu em 1932. Ele deu fim à própria vida no Grand Hotel La Plage, em Guarujá (SP). Um desapontamento com o uso bélico dos aviões na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e também aqui no Brasil, durante a Revolução Constitucionalista naquele mesmo ano, é apontado como um dos motivos para o suicídio de Santos Dumont.

Cerimônia homenageou os 150 anos de Santos Dumont: assista ao vídeo!

https://youtu.be/pl_6CGd8R7I