A advogada Júlia Rabelo Junqueira ainda estava de lua de mel com seu Honda Fit, no terceiro dia de uso, quando foi vítima de um acidente na Avenida Raja Gabaglia. Um motorista perdeu o controle da direção e acertou em cheio a lateral do Fit, de um para-choque ao outro. ?É muito difícil lidar com a seguradora quando se é o terceiro no acidente. Falavam uma coisa comigo e outra com a concessionária, o carro ficou uma semana parado por causa de conflitos. Tive que participar de uma conferência ao telefone com um funcionário da seguradora e o chefe de oficina para tentar resolver as questões. É muito desgastante, a sensação é que a seguradora pune por não ser segurado dela?, desabafa Júlia.
Depois de duas semanas de espera, quando foi buscar o carro, Júlia viu que o vidro não estava instalado e se surpreendeu ao perceber que haviam batido o carro durante uma manobra na revenda. Por fim, ela perdeu a confiança e conseguiu levar o carro a um lanterneiro em quem confiava. Porém, a segunda parte do estrago foi bancada pela oficina responsável pela batida.
O presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros de Minas Gerais (Sincor-MG), Roberto Silva Barbosa, explica que algumas seguradoras impõem mais exigências que outras e que todas buscam credenciar oficinas que fazem o orçamento mais baixo. ?A briga acontece porque quem é terceiro no acidente quer levar em uma oficina de confiança e a seguradora diz que autoriza somente nas credenciadas?, explica Barbosa. Para ele, o papel do corretor é intermediar o conflito para tentar desburocratizar o processo.
O cerne do problema, na opinião de Barbosa, é o credenciamento da oficina, mas para evitar aborrecimento o cuidado deve ser tomado antes, no momento da escolha da seguradora. Barbosa aconselha que nem sempre o menor preço deve ser o único critério levado em conta. ?Geralmente, a mais barata é aquela que cria mais problemas e que o corretor não tem como negociar com a seguradora quando o segurado precisa?, avalia o presidente do Sincor-MG.
Refém
Porém, a coordenadora interina do Procon Municipal, Maria Laura Santos, explica que o terceiro não tem direito de escolher a oficina que desejar. A relação entre a seguradora e o terceiro é uma relação civil, e não de consumo, mas, caso se sinta prejudicado e não concorde com o orçamento autorizado, ele deve reclamar.
Para isso, o ideal é orçar em pelo menos três oficinas diferentes o mesmo serviço, para ter uma referência e conseguir comprovar que o serviço oferecido pela seguradora (e a oficina credenciada) não tem a qualidade ideal. Além disso, se depois do serviço realizado a qualidade não for satisfatória, há um prazo de 90 dias para reclamar, que é o tempo legal garantido para bens duráveis. Outra dica para o terceiro é exigir indenização dos dias parados caso ele trabalhe com o carro. Para isso, é necessário comprovar os gastos.
Seguros - Serviço de terceira
Depois de ser vítima em batida, é inevitável a amolação para consertar o carro. Mas usar a cobertura de quem provocou o acidente pode aumentar ainda mais a chatice