A escassez global de semicondutores, aplicados nos componentes eletrônicos dos veículos, fez com que a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) revisasse novamente suas projeções de vendas, produção e exportação para o ano de 2021.
A entidade calcula que, com a crise no fornecimento de semicondutores, a indústria automotiva global deixe de produzir de 7 a 9 milhões de veículos em 2021. Segundo a Anfavea, não apenas a falta de insumos, mas o aumento de custos e dificuldades logísticas também afetam diretamente a produção do setor no Brasil.
A incerteza de abastecimento para a fabricação de veículos é tão grande, que desta vez a associação estabeleceu um intervalo de possibilidades. A produção deverá variar entre 2,129 milhões e 2,219 milhões, o que representa um aumento de 6% a 10% em relação a 2020, ano de fábricas paralisadas e concessionárias fechadas devido à pandemia da Covid-19.
Para se ter a noção da queda da expectativa, no início do ano a Anfavea divulgou que esperava um crescimento na produção de 25% frente a 2020, somando 2,520 milhões de veículos. A projeção foi revista em julho para 2,463 milhões, um aumento de 22% em relação ao ano passado.
De acordo com as novas projeções, as vendas de veículos novos no mercado interno podem variar de 2,038 milhões a 2,118 milhões, com cenários de queda de 1% ao crescimento de 3% na comparação com 2020. Já as exportações, nas estimativas da Anfavea, ficarão em um intervalo de 357 mil a 377 mil unidades, alta de 10% a 16%.
"Nunca havíamos tido tanta dificuldade em enxergar o cenário em curto prazo na indústria automotiva. As incertezas para garantir a produção de veículos são grandes com a crise de fornecimento global. Estamos presenciando uma procura por parte dos consumidores para compra de novos produtos, mas não temos unidades para atender à demanda", explicou Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.
SETEMBRO A produção de veículos em setembro foi de 173,3 mil unidades, uma diminuição de 21,3% sobre o mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano, foram fabricadas 1,649 milhão de unidades no Brasil, um aumento de 24% em relação mesmo período de 2020. Na avaliação da Anfavea, apesar desse incremento, o número ainda está bem aquém do esperado.
Já no licenciamento de veículos de setembro houve uma queda de 10,2% sobre agosto, com 155,1 unidades. Foi o pior resultado do setor desde junho de 2020. No acumulado do ano, a comercialização cresceu 14,8%, com 1,577 milhão, contra 1,374 milhão no mesmo período de 2020. As exportações de setembro foram de 23,6 mil unidades, um recuo de 19,7% em relação a agosto. Porém, no acumulado do ano já são 277 mil unidades exportadas, um aumento de 33,8% em relação ao ano passado.