Alvos de uma guerra comercial entre Estados Unidos e China, os chips semicondutores são componentes indispensáveis para a produção de carros, computadores e drones. Nos últimos dias, representantes do governo dos Estados Unidos entraram em contato com o governo brasileiro para negociar a vinda de novos investimentos e transferência de tecnologia para as fábricas nacionais.
O assunto foi uma das pautas abordadas durante a visita de Lula à Casa Branca, em fevereiro. Lá, a secretária de Comércio americana, Gina Raimondo, citou a criação da nova Lei dos Chips, que deve manter os EUA à frente da China na disputa tecnológica.
E onde se encaixa o Brasil nessa história? Na próxima quarta feira, a Representante de Comércio dos EUA, Katherine Tai, vem ao país com uma delegação de empresários que querem investir no país em diversos segmentos, mas principalmente em semicondutores.
O eventual investimento dos americanos na indústria de chips no Brasil deve levar o Brasil (e boa parte da América do Sul) para o lado americano da guerra comercial: os semicondutores fabricados por aqui deverão sofrer restrições para que não sejam exportados ou negociados com a China.
Governo já buscava fabricantes
Em fevereiro, o vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou durante um encontro com representantes da indústria que está sendo revista em caráter prioritário a Medida Provisória que incentiva a implementação de fábricas de semicondutores no Brasil.
O Brasil sofre com a crise desses chips desde o início da pandemia. O conflito entre Ucrânia e Rússia piorou o problema e, em 2023, a situação persiste: a Volkswagen chegou a suspender a produção de suas fábricas durante o fim de fevereiro devido à ausência de componentes.
No Brasil, a falta de chips impediu a fabricação de 250 mil veículos no ano passado, e mais 113 mil deixarão de ser entregues às revendedoras neste ano. A estimativa é da Associação Brasileira dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que ainda aponta que haverá limitações para semicondutores em todo o mundo até 2024.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), chefiado por Alckmin, estão em estudo medidas como a redução de tributos, a diminuição da burocracia relativa à importação de matéria prima e o estímulo ao treinamento de profissionais qualificados.
A "Lei dos Chips"
Aprovada pelo Congresso americano para estimular a indústria, a "Lei dos Chips" diz que as empresas que receberem fundos do governo estadunidense não poderão, por 10 anos, participar de nenhum negócio envolvendo fabricação ou aumento de capacidade de produção de certos semicondutores na China —excluídos os negócios já existentes, que não poderão ser ampliados.
Há ainda uma cláusula que traz a "regra do produto estrangeiro direto". Ela proíbe que qualquer indústria que utiliza software, tecnologia ou máquinas americanas, em qualquer país, exporte determinados chips e componentes para a China sem a autorização do governo.
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