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Simpósio - A energia do futuro

Evento promovido pela Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA) põe em discussão situação do Brasil no contexto mundial dos biocombustíveis e emissões

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O Brasil apresenta hoje uma situação sui generis no cenário mundial dos combustíveis automotivos. Se, por um lado, o país busca uma especificação limpa, que permita atingir os níveis de emissões veiculares já praticados nos países desenvolvidos, por outro, apresenta o maior potencial para, no futuro, atingir uma matriz energética efetivamente sustentável. Tanto no que se refere ao fornecimento e à disponibilidade dos combustíveis quanto no desenvolvimento de substitutos renováveis para os combustíveis fósseis derivados do petróleo, pela opção pelos biocombustíveis.

Apesar desse quadro aparentemente favorável, muitos aspectos tecnológicos, econômicos e ambientais ainda precisam ser equacionados dentro da realidade brasileira, sempre buscando servir de paradigma no contexto mundial, como introdução de motores híbridos, produção de combustíveis premium, programa de redução de emissões, aditivação de combustíveis, eficiência energética dos novos modelos, entre outros. Para discutir essas questões, a Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA) promoveu esta semana, em São Paulo, o 1° Simpósio Internacional de Combustíveis, Biocombustíveis e Emissões.

Sustentabilidade
Na visão do diretor da Cummins, Luís Pasquotto, o debate e as ações em torno da equação da sustentabilidade passam pela discussão dos combustíveis e das emissões e que o assunto não é só de uma empresa ou de um governo. Ele afirmou que há uma grande evolução do setor na redução das emissões dos motores, com a produção de veículos mais eficientes, que usam a integração de tecnologias de combustão, turbos e lubrificantes; e com o desenvolvimento de combustíveis menos poluentes. "Os biocombustíveis parecem ser uma das saídas, mas vivem um momento de polêmica crescente, por serem relacionados à alta dos preços dos alimentos", disse. Pasquotto também destacou que os veículos não são os únicos vilões, considerando que as aplicações das legislações ambientais têm sido cada vez mais rigorosas e exigentes no mundo.

Biocombustíveis
O diretor do Departamento de Combustíveis Renováveis do Ministério das Minas e Energias, Ricardo Gusmão Dornelles, destacou a eficiência da produção brasileira de grãos (arroz, feijão, milho, soja, trigo, etc.) e de cana de açúcar, entre 1976 e 2007, enfatizando os ganhos de produtividade de 150% e 116%, respectivamente. Dornelles afirmou que, graças ao excelente ganho de produtividade, foi possível aumentar a produção agrícola, mantendo-se ou até mesmo reduzindo-se a área plantada. Sobre as motivações para a produção do biodiesel, Dornelles citou a alta do preço do petróleo e a necessidade de geração de empregos, de fixar as famílias no campo e de introduzir na matriz outro combustível sustentável e renovável.

Aditivos
Segundo Wagner Sá, da Associação Brasileira de Fabricantes de Aditivos (Abrafa), o uso de aditivos na gasolina pode reduzir a emissão de poluentes. Ele citou como exemplo a China, um país conhecido por problemas com poluição, e os Estados Unidos, México, Colômbia e Tailândia. "Nesses países, é obrigatório o uso de aditivos em 100% da gasolina ofertada." No Brasil, os aditivos estão presentes em 20% da gasolina. Wagner afirma que, além da redução de emissões, os aditivos podem controlar a formação de depósitos no tanque de combustível e manter o desempenho conferido pelo fabricante.

Biodiesel
A mistura de 20% de biodiesel ao diesel convencional, denominada B20, seria a melhor alternativa para ser utilizada em veículos comerciais e de passageiros. A conclusão é da Mercedes-Benz, que realizou diversos testes com esse combustível. "Comparando os resultados obtidos com o B5, B20 e B100, a melhor relação custo/benefício fica com a segunda opção", disse Gilberto Leal, gerente de desenvolvimento de produto da fabricante alemã. Os resultados da montadora mostram que com o B20 há uma pequena redução de potência (de até 3%) e de torque (até 1%) e aumento do consumo de combustível em até 2%. Em compensação, há ganhos significativos na redução de emissões de monóxido de carbono (CO), hidrocarbonetos (HC), fumaça e material particulado.