Com o crescimento do mercado brasileiro de aviação executiva, o compartilhamento de aeronaves começa a surgir no país como forma de atrair clientes que buscam opções mais econômicas de investimento e de acordo com suas necessidades.
As vantagens do modelo de propriedade compartilhada se tornaram mais evidentes com os efeitos da crise financeira internacional, que passou a exigir maior racionalidade de gastos. Empresários brasileiros perceberam que, em tempos de otimização dos recursos, tornou-se mais interessante compartilhar um avião ou helicóptero do que adquirir ou manter um bem de uso exclusivo.
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“É cada vez maior o número de proprietários de aviões e helicópteros que estão buscando compartilhar suas aeronaves no sistema de cotas”, conta Marcus Matta, sócio-diretor da empresa Prime Fraction Club, que atua no segmento de propriedade compartilhada de aviões, helicópteros, embarcações e automóveis.
Matta cita o exemplo de um empresário do setor de construção que possuía um jato próprio, o qual, além de ter uma elevada despesa de manutenção - em torno de R$ 130 mil por mês -, tinha a desvantagem de ser pouco utilizado, tornando o bem pouco produtivo e oneroso, devido ao custo de manutenção.
Ao optar pelo sistema de propriedade compartilhada do Prime Fraction Club, os gastos desse empresário, com o custo fixo de um jato de médio porte, caíram para R$ 40 mil mensais. A diferença de valor obtido entre a venda do ativo de uso próprio e a compra da cota compartilhada foi utilizada pelo empresário para adquirir uma cota de barco, e ainda sobrou dinheiro.
“Optar por ser dono da cota de um avião, helicóptero ou outro bem de luxo não está relacionado à disponibilidade de recursos, mas faz parte de uma percepção mais inteligente de redução de desperdícios e gastos desnecessários. É um jeito novo de ter um bem de luxo”, ressalta Matta, ao explicar que, entre os clientes do Prime Fraction Club, 85% têm condições de ter seu próprio avião, helicóptero, barco ou carro esporte, mas optam pelo compartilhamento como modelo inteligente e adequado ao momento atual. Para os empresários que usam o transporte aéreo executivo para viagens internacionais agora conta, na Prime, com o Embraer Legacy 500, aeronave com alcance internacional, capaz de voar sem escalas entre Los Angeles e Londres ou de Manaus a Nova York, por exemplo. A empresa administradora investiu US$ 20 milhões na aquisição do jato e as cotas já estão a venda por R$ 6,625 milhões. O cliente pode optar por financiamento através do Finame, um programa de financiamento de máquinas e equipamentos do BNDES.
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Ter um avião ou helicóptero era privilégio de grandes empresas ou milionários tradicionais. Segundo Matta, 15% dos cotistas da empresa são profissionais liberais e empresários de médio porte.
Conquistando o público mineiro
Durante a Latin American Business Aviation Conference & Exhibition (Labace), que termina nesta sexta-feira (17), no Aeroproto de Congonhas, em São Paulo, a Prime confirmou que entrará no mercado mineiro, com representação em Belo Horzionte, já no início de 2013. Segundo a empresa, o número elevado de consultas de empresários de Minas Gerais interessados no sistema de compartilhamento, fez a Prime estudar a viabilidade de se instalar também em BH para atender a crescente demanda no estado.
Quem também está de olho no consumidor de luxo mineiro é a Líder Aviação, sediada em Belo Horizonte. De olho nesse segmento desde o início da década passada - quando realizou a primeira pesquisa para avaliar a aceitação desse modelo de negócio no Brasil -, a empresa lança ainda neste mês o "Líder Share", que permitirá que até quatro pessoas compartilhem uma aeronave. O anúncio foi feito pela empresa nesta quinta-feira (16), na Labace.
Para o diretor de gerenciamento e fretamento de aeronaves da Líder Aviação, Heron Hollerbach, o crescimento da demanda por esse serviço é conseqüência do "amadurecimento" do mercado brasileiro. "Atualmente, as pessoas já não veem mais a aviação executiva como um artigo de 'luxo', mas como ‘ferramenta de trabalho’, ou seja, um investimento em agilidade, segurança, versatilidade etc... Por isso, procuram soluções que ofereçam o melhor custo-benefício, pois, mesmo entre aqueles que possuem grandes fortunas, a ostentação tem cedido espaço a uma utilização mais racional dos recursos", explica.
Indicado para pessoas que voam entre 15 e 25 horas por mês, o Líder Share pode representar até 35% de economia, se comparado aos custos de aquisição individual de uma aeronave. Como membro do Líder Share, o cliente pode desfrutar de todos os benefícios de possuir um avião particular: basta agendar o horário do voo e deixar que a empresa cuide de todos os procedimentos necessários para a viagem. Caso a aeronave já esteja reservada para outro cotista, outra aeronave, de igual ou maior desempenho, é disponibilizada. "O Líder Share é uma ótima alternativa para quem busca soluções em aviação executiva ao menor custo do mercado", conclui Heron Hollerbach.
A grande vantagem destes sistemas de cotas é que o cliente ganha na garantia das aeronaves - com a manutenção em dia - e tripulação treinada. O cotista ainda pode optar por um programa de gestão para quem deseja adquirir o bem (ou já o possui) sem ter que lidar com a burocracia envolvida no processo, como contratação de tripulação, hangaragem, administração, etc. O empresa administradora do bem fica responsável pela manutenção junto ao fabricante, conservação, treinamento da equipe para pilotar a aeronave, além de disponibilizar diferenciais no preço de combustíveis e seguro, entre outros pontos.