Em 2010, o segmento das peruas apresentou uma retração de 30% nos emplacamentos em relação ao ano anterior. Seria o sinal dos tempos para esses modelos que por tantos anos serviram as famílias durante as viagens de férias? A queda se deu principalmente entre as compactas, que tiveram 63.035 unidades vendidas no ano passado, contra 91.885 em 2009. Já as peruas médias sofreram menos, caindo de 4.498 unidades em 2009 para 4.406 em 2010, ano em que o mercado automotivo apresentou um número recorde de vendas.
Fabrício Biondo, gerente executivo de planejamento e marketing da Volkswagen, atribui a retração desse mercado, entre outros fatores, ao envelhecimento dos produtos. Com relação à Parati, o gerente comenta que a redução das vendas não foi nenhuma surpresa, pois a perua já teria cumprido seu ciclo de produto. “Tanto é que agora só estamos vendendo a Parati para frotistas”, justifica Biondo. Ele atribui a má campanha da SpaceFox aos meses que o modelo deixou de ser fabricado até a reestilização.
“No começo de 2010 vendemos o que sobrou do modelo antigo. Assim, a Volkswagen ficou oito meses sem esse representante. A nova SpaceFox foi lançada em julho e só conseguimos ter volume de produção para atender a demanda a partir de outubro”, explica. Ainda segundo Biondo, os antigos usuários das peruas podem estar migrando para outros segmentos, como o dos monovolumes. Particularmente, o fabricante alemão alega que considera a SpaceFox um misto de perua e monovolume, e por isso o modelo estaria preparado para esse novo cenário.
UTILITÁRIOS Já o gerente de produtos do Departamento de Marketing da Peugeot, Carlos Szeles, as peruas estão perdendo espaço para os utilitários-esportivos pequenos, que se posicionam em segmento similar ao das station wagons mais bem equipadas. “Mais da metade do público das peruas é de mulheres. Esse é o mesmo perfil atual dos utilitários-esportivos. Elas gostam da sensação de maior segurança que esses modelos proporcionam”, explica Szeles, que acredita inclusive que os monovolumes também perderam terreno para os utilitários-esportivos.
E a Peugeot parece estar atenta a esse movimento, ao aposentar as peruas do 307 e do 407 e lançar o crossover 3008, segmento que reúne características como robustez, versatilidade e esportividade. Ao deixar de fabricar a Fielder, em 2008, a Toyota abandonou de vez o segmento das peruas no Brasil. O fabricante japonês justifica sua ausência alegando que a nova geração do Corolla tem chassi mais largo que o anterior, incompatível com a carroceria da Fielder.
EXCEÇÃO O único modelo que não sofreu queda nas vendas foi a Grand Tour, perua do extinto Mégane. De acordo com Rodolfo Stopa, gerente de marketing e produto da Renault, o público das peruas de fato está migrando para o segmento dos utilitários-esportivos. Para ele, os monovolumes compactos roubaram mais mercado dos monovolumes maiores do que da perua. “Para não perder espaço, reposicionamos a Grand Tour na tabela para ganharmos volume de vendas”, afirma o gerente sobre a perua que atualmente apresenta um excelente custo/benefício, sendo vendida a partir de R$ 48.490.
Para ter ideia, um Fiat Palio Weekend Trekking 1.6 com os mesmos equipamentos de série da Grand Tour custa R$ 55.201, com o detalhe que a perua da Fiat é derivada de um compacto popular. O gerente da Renault garante que não existe previsão para o lançamento de uma perua para o Fluence, o sedã recém-lançado pela marca para substituir o Mégane. Ainda segundo Stopa, a Grand Tour continua no mercado por pelo menos mais dois anos.
