UAI

Stellantis vai lançar carros híbridos-flex nacionais em 2024

Tecnologia, desenvolvida na América do Sul, chegará em três níveis e será chamada de Bio-Hybrid

Publicidade
Plataformas têm diferentes níveis de eletrificação, desde a híbrida-leve até a total
Plataformas têm diferentes níveis de eletrificação, desde a híbrida-leve até a total Foto: Plataformas têm diferentes níveis de eletrificação, desde a híbrida-leve até a total

O Grupo Stellantis, detentor de mais de uma dezena de marcas, entre as quais Fiat, Jeep, Ram, Peugeot e Citroën, confirmou o lançamento de carros híbridos nacionais em 2024. A tecnologia da multinacional, que é do tipo híbrida-flex (o veículo pode utilizar tanto gasolina quanto etanol, associado a energia elétrica), já tem até nome comercial: Bio-Hybrid.

Por enquanto, o conglomerado não revela quais serão esses produtos. Porém, assegura que, já no ano que vem, produzirá dois ou mais veículos do gênero no país. Até 2025, o cronograma da Stellantis prevê nada menos que 43 lançamentos, entre modelos híbridos, elétricos e a combustão: serão 17 SUVs, 9 carros de passeio, 9 vans e 8 picapes. Desse total, 19 serão inteiramente novos.

Embora não haja confirmação, é possível que o primeiro desses modelos seja o Peugeot 2008 de nova geração, que atualmente chega ao país via importação e com propulsão 100% elétrica. No exterior, o SUV compacto já tem propulsão híbrida: coincidência ou não, a nacionalização deverá justamente em 2024.

Como serão os carros híbridos-flex da Stellantis?

Para mostrar que o assunto é sério, Antonio Filosa, presidente da Stellantis para a América do Sul, mostrou quatro plataformas "verdes" para veículos, que empregam diferentes níveis de eletrificação, na fábrica de Betim (MG). Essas bases serão utilizadas por todas as marcas do grupo que atuam no Brasil, em produtos nacionais, ao longo dos próximos anos. São elas:

  • Bio-Hybrid
  • Bio-Hybrid e-DCT
  • Bio-Hybrid PLUG-IN
  • BEV (100% Elétrica)

A Stellantis não utiliza abertamente esse termo, mas a primeira dessas plataformas é para carros híbridos-leves. Nesse sistema, há uma pequena bateria e um motor elétrico que, na verdade, é um superalternador. Ele não movimenta as rodas, mas dá alívio ao propulsor a combustão, que, no caso, é 1.0 turbo de três cilindros. O resultado é uma redução tanto o consumo de combustível quanto as emissões.

Plataforma Bio Hybrid e-DCT do Grupo Stellantis
Plataforma Bio-Hybrid e-DCT é a segunda em termos de sofisticação e custo de produção

Na segunda plataforma o sistema elétrico, composto por bateria e motor um pouco maiores, já consegue movimentar o veículo em baixas velocidades, como em manobras, sem o auxílio da unidade a combustão, aumentando na eficiência energética. Esse conjunto inclui uma unidade 1.3 turbo de quatro cilindros e um inédito câmbio automatizado de dupla embreagem.

Já a terceira plataforma da Stellantis é para carros híbridos do tipo plug-in. Nesse caso, a bateria armazena carga suficiente para que o veículo rode em modo totalmente elétrico por longas distâncias. O dono pode recarregá-la na tomada, mas, se não fizer isso, o próprio motor a combustão se encarrega tanto de gerar energia quanto de girar as rodas. Trata-se de um sistema semelhante ao do Jeep Compass 4xe, com dois propulsores elétricos: um para o eixo dianteiro e outro para o traseiro.

Elétricos

Por fim, a quarta plataforma é para veículos totalmente elétricos. Nela, não há motor a combustão, apenas uma unidade elétrica, associada a uma enorme bateria, necessariamente recarregada na tomada. A Stellantis já vende, no Brasil, alguns modelos com essa tecnologia, entre os quais o Peugeot e208 e o Fiat 500e.

Stellantis quer ter carros híbridos em diferentes faixas de preço

A lógica comercial desses produtos será bem simples: a tecnologia híbrida-leve, de menor custo de produção, será aplicada aos veículos mais acessíveis. O recurso seguinte equipará produtos de um patamar superior, mas ainda inferior à hibridização do tipo plug-in, que é a mais sofisticada (e cara) desse gênero. Por fim, os modelos totalmente elétricos serão os de posicionamento mais elevado.

O plano prevê que, em 2030, os carros híbridos, dos três gêneros citados, respondam por 60% das vendas da Stellantis no Brasil. Os modelos com tecnologia puramente elétrica (que, até lá, já será nacional) ficarão com uma fatia de 20%. Os demais 20% ficarão com os veículos a combustão, que, portanto, ainda terão uma sobrevida.

Jeep Compass 4xe híbrido plug-in azul de frente na Toscana pista de terra
Ao menos por enquanto, produtos eletrificados do Grupo Stellantis, como o Jeep Compass 4xe, são importados e caros

Etanol é trunfo do Brasil

Já faz algum tempo que a Stellantis busca alternativas para desenvolver produtos menos poluidores sem ter que recorrer à eletrificação total. A resposta, para o conglomerado, está nos carros híbridos movidos a etanol. Tanto que, com base nessa estratégia, a multinacional afirma que se tornará neutra em emissão de carbono em 2038.

De acordo com o vice-presidente de assuntos regulatórios da Stellantis na América do Sul, João Irineu Medeiros, uma frota com essa tecnologia pode ter níveis de emissões totais, considerando toda a cadeia produtiva (do poço à roda) praticamente igual aos obtidos na Europa, que aposta na propulsão totalmente elétrica. Isso, passa pela questão da produção de baterias, que é bastante nociva ao planeta.

Há ainda oura questão: a Stellantis admite que os carros híbridos-flex têm custo de produção bem menor que os totalmente elétricos. Justamente por isso, estão mais adequados ao Brasil, aos mercados da América Latina e à maioria dos países do Hemisfério Sul. De acordo com Irineu, só a bateria de íons de lítio responde por cerca da metade do preço de um veículo 100% elétrico.

O desafio será deixar o etanol competitivo para os donos desses carros híbridos-flex. Isso, porque a maioria dos donos dos veículos flex com mecânica convencional, a combustão, opta pela gasolina. Nesse caso, a tecnologia até trará alguma redução nas emissões de carbono, mas num nível bem menor que o esperado.