O assunto da sustentabilidade no mundo automotivo tem recebido cada vez mais atenção. Com inovações em ascensão como os carros elétricos e combustíveis mais ecológicos, em prol da redução das emissões de carbono, a indústria passa a incluir também a reutilização de materiais na composição dos veículos.
A ideia é reduzir ainda mais o impacto ambiental, porém, desta vez, com o foco nos materiais que compõem o veículo. A lista de matérias-primas sustentáveis engloba uma variedade de materiais que inclui couro sintético à base de cogumelo e abacaxi, fibras de cana de açúcar e até mesmo redes de pesca.
A BMW é uma das adeptas à proposta de maior sustentabilidade. A montadora pretende retirar redes de pesca descartadas indevidamente nos oceanos para usar em sua linha de produção, no lugar do couro animal.
Em parceria com a empresa de reciclagem dinamarquesa Plastix, os resíduos serão separados e transformados posteriormente em peças. Alguns modelos, como iX e i3, já agregam esse material e outras tecnologias ecológicas em suas composições. Tecidos do forro do teto e tapetes já incorporam o nylon das redes de pesca, enquanto bancos e painéis de porta usam como insumo garrafas PET e fibras produzidas a partir de plantas, como kenaf.
Com a nova linha de veículos BMW Neue Klasse, a montadora alemã prevê que, a partir de 2025, as peças de acabamento conterão 30% desse material reciclado.
Volkswagen também investe em sustentabilidade
O grupo Volkswagen Innovation é responsável pelo desenvolvimento e aplicação de biomateriais. Recentemente, tem se dedicado a pesquisas que possibilitem a inclusão de materiais não animais em seus veículos. Alternativas produzidas à base de reciclados, celulose e até casca de café, sobretudo na linha elétrica, estão sendo estudadas.
No processo de torra dos grãos, pode ser retirada uma película residual que os envolve para uso em enchimento de tecidos que imitam couro. Quando secas, essas substâncias adquirem formato ideal para processamento posterior e aplicação em certas partes do interior do veículo.
Em breve, assentos do carro e apoios de braço de protótipos serão compostos deste material para “otimizar ainda mais a pegada ecológica da nossa frota elétrica ID”, comentou a pesquisadora de inovação da VW Martina Gottschling.
Marcas de luxo também estão em busca de soluções ecológicas
Tesla é mais uma das empresas que aposta em resíduos reciclados para composição de partes de seus carros. O uso de sintéticos produzidos à base de manga, abacaxi e cogumelos gera um acabamento mais leve e ecológico ao interior da versão Ultra White do Model S Plaid.
A Porsche, por sua vez, usa folhas de oliveira para produção de seu couro sintético. Há também o uso de fibra Econy, feita de poliéster reciclado na composição de pisos. Desde 2020, compradores do luxuoso Porsche Taycan podem optar por um interior feito inteiramente com o uso da microfibra vegana.
A Audi também é adepta da Econyl para produção de carpetes no modelo esportivo e-tron GT. Além disso, o Q4 e-tron já é produzido com 27 componentes advindos de material reciclado.
Ademais, a Volvo também investe em melhorias para a sustentabilidade. Cabines com materiais naturais, compostos com base vegetal e de reuso, tal como linho, cortiça e materiais reciclados dos oceanos, já são construídas. A meta é que, até 2025, pelo menos 25% das matérias-primas usadas sejam de fonte reciclável, e até 2030, que não haja mais couro animal em suas confecções.
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