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Testamos o novo Land Rover Discovery no asfalto, na neve, nas pedras, na areia e no barro

Participamos de uma expedição radical entre os estados de Utah e Arizona, nos EUA, para testar a quinta geração do Land Rover Discovery, utilitário-esportivo que chegará ao Brasil no meio do ano

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Testamos o novo Land Rover Discovery no asfalto, na neve, nas pedras, na areia e no barro
Testamos o novo Land Rover Discovery no asfalto, na neve, nas pedras, na areia e no barro Foto: Testamos o novo Land Rover Discovery no asfalto, na neve, nas pedras, na areia e no barro

 

De La Verkin (EUA) - Nada melhor do que um belo cenário, com condições de piso e clima adversos, para testar toda a capacidade de um autêntico utilitário-esportivo. E essa foi a proposta da Land Rover no lançamento mundial da quinta geração do Discovery, modelo de tradição da marca inglesa, que chega ao mercado com visual “sensualizado” e linhas mais esportivas. Dirigimos duas versões do SUV, ambas com motor V6, gasolina e diesel, e câmbio automático de oito marchas, que desembarcarão no Brasil em meados do ano. Com muita eletrônica e um conjunto mecânico eficiente, o novo Discovery até rebola em condições severas, mas se saiu muito bem no asfalto com neve, nas pedras lisas, na areia fofa das dunas e em estrada com muita lama. Confira o teste.


Depois de um voo marcado por muita turbulência, causada pelo mau tempo desde a saída de Los Angeles, na Califórnia, aterrissamos tranquilamente na majestosa pista do pequeno aeroporto de La Verkin, no estado de Utah, na região das montanhas rochosas dos EUA. E lá já estavam à nossa espera algumas unidades do novo Land Rover Discovery, que passou por uma transformação radical. Começava ali a expedição que colocaria à prova a eficiência do utilitário-esportivo. A versão escolhida para iniciar o teste foi a equipada com o motor V6 3.0 litros a gasolina, de 340cv e 46kgfm de torque.

 

 

SENSUALIZANDO Mas antes de sair com o Discovery, impossível não conferir seu novo visual, radicalmente diferente das gerações anteriores. O responsável pela mudança, o designer italiano Massimo Frascella, fez questão de afirmar que o modelo manteve suas características principais de robustez e força, mas agora traz linhas mais sensuais, com quinas arredondadas, para passar a impressão de que o carro não é tão grande quanto parece. Só que, na verdade, o novo Discovery está 15cm maior do que a geração anterior, com 4,97m de comprimento, 1,84m de altura e 2,92m de distância entre-eixos, outra medida que cresceu, 4cm, resultando em melhor espaço interno.


Na prática, o novo Discovery perdeu completamente aquele estilo quadradão da primeira geração, lançada em 1989. Ele agora segue as linhas do Evoque e do Discovery Sport, com aspecto bem mais esportivo e aerodinâmico. A frente ganhou grade e faróis mais estreitos, mas a coluna C mais larga foi mantida, preservando a identidade do SUV. A traseira tem lanternas também estreitas e horizontalizadas, revelando um conjunto equilibrado. A carroceria monobloco tem 85% de alumínio, resultando em uma redução de 480 quilos em relação ao modelo anterior.


Na hora de colocar a bagagem no porta-malas, o utilitário-esportivo de sete lugares estava com a terceira fileira de bancos montada, restando uma boa área de 258 litros de capacidade. Com a terceira fileira recolhida, o volume do porta-malas chega a 1.231 litros. Para abrir a tampa do porta-malas, basta passar o pé sob o para-choque. Mas se você preferir, pode usar uma pulseira à prova d'água que ao se aproximar do veículo abre as portas. Na base inferior do porta-malas, bem na entrada, tem um painel que é recolhido eletricamente, que serve também de extensão do assoalho e suporta até 300 quilos.

 

E se o assunto é mordomia, o novo Discovery esbanja. Com suspensão a ar, o modelo tem um recurso que permite abaixar a carroceria em até 4cm para facilitar o embarque e o desembarque. Além disso, as suspensões podem ser ajustadas na altura de acordo com a necessidade. Do lado de dentro, o utilitário-esportivo impressiona. Com acabamento sofisticado e comandos ergonomicamente bem posicionados, o modelo conta com bancos confortáveis, ajustados eletricamente. Os da segunda e terceira fileiras têm comandos elétricos que podem ser acionados via smartphone ou pela central multimídia, sendo recolhidos em apenas 14 segundos. Tem sistema de aquecimento dos bancos, mas não conta com massageador, presente em automóveis do mesmo padrão. E o interessante é que a terceira fileira acomoda dois adultos com relativo conforto. O modelo conta com cinco pontos de fixação de cadeirinhas infantis (Isofix). É um carro espaçoso, com 21 possibilidades de configuração interna.


Para os que curtem tecnologia e conectividade, o novo Discovery traz uma moderna central multimídia com tela tátil de 10 polegadas, bem mais rápida, com GPS, TV digital, e permite conexão com até oito dispositivos. São nove entradas USB distribuídas dentro da cabine, facilitando a vida do motorista e passageiros. Além disso, o SUV conta com ajustes elétricos de altura e distância do volante e o câmbio automático é um botão giratório no console, onde também está o All Terrain Response 2, sistema seletor que ajusta o carro para trafegar sobre asfalto, grama, neve, lama e pedras. Outros dois dispositivos (All-Terrains Progress Control e Low-range) controlam o carro em descidas íngremes e escorregadias, permitindo que o motorista se preocupe apenas com a direção. O SUV conta ainda com sistema que estaciona o carro e depois o tira da vaga sem a intervenção do motorista.


Depois de fazer o reconhecimento do Discovery e seus recursos, partimos em direção às montanhas avermelhadas do Zion National Park. Nas longas retas e subidas em curvas, o Discovery V6 a gasolina mostrou que tem reações rápidas, com rodar confortável. O motor responde prontamente, garantindo ultrapassagens seguras. O câmbio automático de oito velocidades acompanha a tocada no acelerador, fazendo as mudanças de forma bem suave. Nas altitudes mais elevadas, onde as baixas temperaturas e a neve dão outra cor ao cenário, foi preciso utilizar o Terrains Response para manter o carro mais firme no solo. Com tração permanente nas quatro rodas e bloqueio do diferencial, o Discovery por vezes ameaçou sair de traseira, mas a eletrônica agiu rápido e garantiu a segurança.


A expedição seguiu rumo a Kanab, cidade símbolo dos filmes de faroeste produzidos pela indústria cinematográfica de Hollywood. O cenário foi mudando e as dificuldades no trajeto aumentando. Antes de chegar a Amangiri, um resort incrustado em uma região repleta de montanhas de composição arenosa, próximo à cidade de Page, enfrentamos um trecho com pedras escorregadias, mas o Discovery não amarelou. Foi possível transpor as pedras, no modo automático, usando apenas o low-range, para suavizar os movimentos e garantir firmeza nas manobras. Com o carro de lado, uma roda no ar, nota-se a rigidez torcional da nova carroceria. E os bons ângulos de ataque e saída contribuem para a boa performance. Depois de mais de 300 quilômetros rodados, pausa para descanso.


No dia seguinte, trocamos o Discovery a gasolina por um V6 Turbodiesel 3.0 litros, que tem potência menor, 258cv, mas com descomunal torque de 61,2kgfm entre 1.750rpm e 2.250rpm. O comportamento desta versão é um pouco diferente, pois as respostas às acelerações não são tão rápidas, mas o motor logo vai despejando toda a força, dando a nítida impressão de que o Discovery pode ir a qualquer lugar. Passamos pela região do Lago Powell, do Glen Canyon, Marble Canyon e da Ponte Navajo, já no Arizona. Os paredões coloridos de Vermilion Cliffs serviram de moldura para o quadro que se desenhava. Quilômetros à frente chegamos às dunas de Coral Pink Sand. E ali, outra prova de fogo para o Discovery.


O SUV com motor diesel rodou tranquilo na areia, mesmo não estando equipado com pneus apropriados para isso. Com o modo low acionado, seguimos transpondo dunas, enfrentando descidas íngremes, e o grandalhão de mais de duas toneladas ficou firme na trajetória. Depois da areia, dirigimos por um trecho razoável de pura lama, com facões e poças d'água gigantes. Ali foi preciso colocar o câmbio no modo manual e dosar a aceleração, pois do contrário era perigoso agarrar. Mas a eletrônica contribuiu e conseguimos voltar intactos a La Verkin.


O novo Discovery tem ainda sistema que detecta uma possível colisão frontal, alertando o motorista e deixando os freios preparados, e outro que percebe que está mudando de faixa involuntariamente, indicando distração ou sonolência do condutor. Em resumo, é um SUV de luxo, capaz de enfrentar trajetos complicados, mas que também roda macio e seguro no asfalto. A Land Rover ainda não divulgou os preços, mas o novo Discovery deve desembarcar no Brasil com preços a partir de R$ 350 mil nas versões S, SE, HSE, HSE Luxury e First Edition.

Em Amangiri, todas as gerações do Discovery marcaram presença, ajudando a contar a história do SUV


(*) Jornalista viajou a convite da Land Rover

FICHA TÉCNICA


DIESEL

MOTOR Dianteiro, longitudinal, V6, 24 válvulas, 2.993cm³ de cilindrada, turbodiesel, que desenvolve 258cv de potência a 3.750rpm e torque máximo de 61,2kgfm entre 1.750rpm e 2.250rpm
TRANSMISSÃO Tração permanente nas quatro rodas, com bloqueio do diferencial e Terrain Response 2, e câmbio automático de oito velocidades
DESEMPENHO Velocidade máxima de 209km/h e 0 a 100km/h em 8,1 segundos
PESO 2.230 QUILOS

 

GASOLINA

MOTOR Dianteiro, longitudinal, V6, 24 válvulas, 2.993cm³ de cilindrada, fasolina, que desenvolve 340cv de potência a 6.500rpm e torque máximo de 46kgfm entre 3.500rpm e 5.000rpm
TRANSMISSÃO Tração permanente nas quatro rodas, com bloqueio do diferencial e Terrain Response 2, e câmbio automático de oito velocidades
DESEMPENHO Velocidade máxima de 215km/h e 0 a 100km/h em 7,1 segundos
PESO 2.193 QUILOS