Ser atraente, funcional, moderno. Para um designer, profissional contratado para delinear em formas toda sua criatividade, essas três palavras são os pressupostos básicos de criação. Um processo que na indústria automobilística varia, em média, de oito meses, para a reestilização de um modelo já existente, a um ano e quatro meses, para a definição de um carro completamente novo. Entre um esboço e um desenho, traços já conhecidos nas pranchetas dos departamentos de estilo dos fabricantes são respeitados. É o sentido de família, termo traduzido do inglês %u201Cfamily feeling%u201D, que expressa num farol, grade ou para-choque a identidade de estilo daquele fabricante.
%u201CDesign não é cíclico e são vários os elementos que o identificam. A geometria é bastante limitada, mas hoje temos marcas que caminham em busca de um design dinâmico. A forma Fiat é sensual e nunca machuca%u201D, define o gerente do Centro Estilo Fiat para América Latina, Peter Fasbender, sobre a ausência de vincos fortes na carroceria dos carros da marca. Com o Novo Uno houve algo diferente. Desenvolvido a partir de uma pesquisa entre clientes e formadores de opinião, o projeto partiu das formas quadradas do Uno original em direção a um desenho industrial, em que linhas arredondadas se uniram às quadradas por fora e arredondadas por dentro. %u201CA gente descobriu um grande interesse de se ter um carro prático, mais quadrado%u201D, revela Fasbender. Ficou difícil não associar o Novo Uno ao antigo, apesar de haver uma enorme disparidade entre ambos.
BOCÃO No monovolume compacto Idea, as linhas frontais do Bravo foram a solução encontrada para a reestilização. %u201CAssim quebramos o quadrado do modelo, tornando-o mais elegante%u201D, afirma o designer. O Bravo, por sua vez, carrega traços do Punto, que reflete nas entradas de ar da grade e para-choque dianteiro a expressão de uma grande boca, tendência em uso. %u201CCada marca interpretou isso de uma forma. Algumas tem até pintado de preto a travessa onde fica a placa%u201D, explica Fasbender.
Na linha 2012 do Ford Ka, a ampla grade trapezoidal, como uma boca, faz parte da linguagem que a marca convenientemente denominou como Kinetic. Os faróis que avançam em direção ao capô também compõem a identidade, que expressa energia em movimento. Nos modelo Hyundai, a escultura fluida da carroceria tem o mesmo objetivo, embora o uso do conjunto ótico seja muito mais amplo.
IGUAIS Nem toda linguagem de estilo, porém, agrada a todos, principalmente quando se torna repetitiva. Nisso, a Volkswagen tem recebido críticas por ter padronizado o formato dos faróis e grade no Fox, Jetta e Passat. %u201CCada modelo merece um estilo frontal%u201D, defende Fasbender. Adaptações também podem ser questionadas, como ocorreu na tampa traseira do Citroën C3 Picasso nacional, a mesma do aventureiro Aircross. %u201CTivemos a ideia de manter a placa no lado direito, sem a presença do estepe, para fazer um pouco diferente da Europa. Quando sugeri isso, todo mundo gostou%u201D, defende o diretor de estilo na América Latina da Citroën, Thierry Hospitel, para quem a ousadia das formas dos carros da marca francesa, sempre arredondadas, é o diferencial. %u201CRodas, para-brisa e lanternas dos nossos carros sugerem movimento. A segunda geração do C3 hatch nacional terá uma impressão de espaço interno forte, também com coisas diferentes em relação ao europeu, especialmente na parte dianteira%u201D, adianta.