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Volkswagen muda a missão do Jetta para ganhar mercados

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De Mogi das Cruzes, SP -  Tem modelo que muda de cara e também de missão. É o caso do novo Volkswagen Jetta, que amplia a seara de atuação do anterior para entrar na parte mais apetitosa do segmento de sedãs médios. Para tal, a marca criou a versão Comfortline 2.0 flex, que substitui na prática o combalido Bora (apresentado há 12 anos), enquanto o cargo de top de linha fica com o Highline 2.0 TSI. O motor 2.0 flex de 116/121 cv foi novamente convocado, em conjunto com o câmbio manual de cinco marchas ou o automático Tiptronic de seis velocidades, com opções de trocas sequenciais no volante e na alavanca. O Jetta de entrada já vem bem equipado, com ar, direção hidráulica, trio elétrico, volante com ajuste de altura e profundidade revestido em couro (como manopla e alavanca do freio de mão), rádio CD/MP3 com seis alto-falantes e entradas auxiliares, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, afora quatro airbags, dianteiros e laterais, e freios ABS com EBD em conjunto com controle de tração. O preço é de R$ 65.755 pelo manual e R$ 69.990 no caso do automático. O valor pode subir com os opcionais, disponíveis em pacote, como o pack que inclui ar-condicionado digital, volante multifuncional e controle de cruzeiro por R$ 2.100 para o manual, ou itens avulsos, a exemplo do teto solar elétrico por R$ 2.990.

São preços que foram obtidos graças ao processo de simplificação de alguns quesitos, alguns poucos sensíveis ao consumidor, como a suspensão traseira por eixo de torção (antes era multilink), dimensionada ao conjunto. Outros, são mais notáveis, como o acabamento interno com seções mais trabalhadas apenas no painel, mas de boa montagem. Uma troca que deixou o carro mais barato e com maiores chances de atingir o volume pretendido de 2 mil unidades mensais, contra rivais consolidados como os líderes Toyota Corolla, que recebeu retoques e novo motor/câmbio, e Honda Civic, que já chega em nova geração ainda esse ano. Além dos recém-chegados Peugeot 408 e Renault Fluence. Para isso também cresceu em tamanho: são 4,64 metros de comprimento, 9 cm a mais, e em entre-eixos, que ficou com 2,65 m, bons 7 cm adicionais. O porta-malas, por sua vez, abriga 510 litros segundo a marca, volume que é invadido em parte pelos braços da tampa do porta-malas - poderia ser por dobradiças pantográficas.

Mas a Volkswagen afasta críticas em relação ao enxugamento mecânico com a versão Highline 2.0 TSI, que apela para o conhecido motor 2.0 turbo com injeção direta e duplos comandos variáveis de válvulas para não deixar saudade do antigo 2.5 de 170cv. São 200 cv de potência e 28,5 kgfm já a 1.700 rpm, gerenciados pelo câmbio manual-automatizado de seis marchas e dupla embreagem. Uma caixa rápida, que colabora para a aceleração até os 100 km/h em 7,3 segundos e também na velocidade máxima de 238 km/h. Muito mais rápido que o anterior, que fazia o mesmo em 9,2 s e ficava nos 205 km/h. Para colaborar no desempenho dinâmico, a suspensão é multilink. É que o Jetta manteve apenas parte da arquitetura PQ35 de antes, ou seja, tem diferenciações justamente em relação ao esquema de suspensão traseiro, mais simples nos modelos de lida vendidos por aqui e nos Estados Unidos. Sem encarecer na prática, com preço inicial de R$ 89.520. Valor que adiciona aos itens do Comfortline, ar-condicionado digital de duas zonas, som com tela touchscreen (que também exibe outras informações), bancos em couro, volante multifuncional, sensores de chuva e de luz, controle de cruzeiro, além de seis airbags e rodas aro 17 com pneus 225/17. Como opcionais, apenas rodas de liga leve com acabamento opcional em preto, teto elétrico e ajuste elétrico do banco do motorista.

Na prática, o modelo enche os olhos - foto acima -, ainda que não tenha nenhuma caracterização muito chamativa (a exceção dos detalhes das rodas aro 17, ponteira de escapamento dupla cromada e logomarcas TSI). Mas, na realidade, o artista é o Comfortline, que responderá por 70% das vendas. Estimadas em 2 mil carros mensais, metade do que vendeu o líder Corolla, mas seria o suficiente para deixá-lo, por enquanto, como o terceiro mais vendido do mercado, atrás apenas dos japoneses. Joga a favor o grande número de concessionárias Volkswagen, 614 pelo Brasil, além da força do nome. Porém fica devendo vantagens em garantia, de apenas um ano (com mais dois de cobertura para motor e câmbio), contra três anos de garantia total de alguns rivais. Ainda assim, uma forte investida germânica.

ANDANDO O veterano motor 2.0 de 120cv e 18,3kgfm – a etanol – mostra-se pacato. O câmbio manual de cinco marchas dá um pouco mais de celeridade, enquanto o bom automático de seis velocidades se esforça para aproveitar o rendimento do propulsor, no que ajudam as trocas sequenciais. A aceleração aos 100km/h fica nos 10segundos no manual e 12s no automático, com velocidade máxima de 202km/h e 198km/h, respectivamente, números que parecem ser otimistas. Bem diferente do 2.0 TSI, que chega aos 100km/h em 7,3s e vai aos 238km/h, no que ajuda o torque de 28,5kgfm já a 1.700rpm e pelo rápido câmbio DSG manual automatizado de dupla embreagem e seis marchas. O despejo de força é equilibrado pelo bloqueio eletrônico do diferencial, que faz dupla com a suspensão multilink para garantir agilidade em curvas. Um lobo em pele de cordeiro, capaz de satisfazer os donos do Jetta anterior e, de quebra, não chamar atenção para o desempenho, entregue apenas nas rodas aro 17 em pneus 225/17 e pelo emblema TSI. Terá uma missão mais fácil que seu irmão mais barato, tratado como outro produto pela VW, já que o único rival, o declaradamente esportivo Honda Civic Si, não deve ver a próxima geração.

 

Outros detalhes do lançamento do novo Jetta, além de mais impressões do modelo, neste sábado (26), no caderno Veículos, do Estado de Minas.