UAI

Volkswagen SP2 - Baixinho descolado

Eletricista automotivo não esconde o orgulho de ter em sua garagem um Volkswagen SP2 em perfeito estado de conservação, sonho que conseguiu realizar depois de três décadas

Publicidade
Foto:


Mais de 30 anos separaram o eletricista automotivo José Maria Lopes, agora com 61 anos, de seu objeto de sonho sobre rodas. Nos idos de 1972, ano de lançamento do Volkswagen SP2, Zé Maria já era apaixonado pelo pequeno esportivo. Pudera: o projeto brasileiro chamava a atenção nas vitrines das revendas da marca Brasil afora.

O eletricista relembra, voltando-se para um velho amigo presente em sua oficina, da chegada de um SP2 que testemunhou. “O Nivaldo (dono de uma oficina de alinhamento localizada na avenida Augusto de Lima, ao lado de uma auto-elétrica onde Zé Maria trabalhava) chegou com um (SP2) novinho e foi aquela festa. Todo mundo entrou no carro, mas na minha vez fui barrado. Eu tinha até tomado banho para entrar no carro e o Nivaldo falou que eu não tinha cacife para isso”, recorda achando graça.

Traseira com inclinação acentuada e grande área envidraçada


O episódio deu mais motivação para Zé Maria seguir sonhando com o esportivo da VW. Até chegar a este modelo 1973, adquirido de um colecionador há cinco anos, foram muitos desencontros. O proprietário garante que os pouco mais de 80 mil quilômetros registrados pelo velocímetro são originais. “O carro já estava bom, mas desmontei e remontei para deixar ao meu gosto. A forração em couro é nova. Também dei uma revisão meticulosa na elétrica e mecânica”, explica. De fato, o motor esbanja saúde.

LINHAS

Na frente, dois pares de lanternas emolduradas e um imenso capô seguido pelo grande e inclinado para-brisa. Dali até o para-choque traseiro é uma caída só, começando suave e depois mais acentuada. Nas laterais, destaque para o friso vermelho, a grande tomada de ar e as rodas de aço aro 14 polegadas. A luz de ré reina solitária ali na traseira à esquerda. A única alteração feita foi a instalação da terceira luz de freio, já que o carro é tão baixinho. As dimensões são 4,21m de comprimento, 1,61 de largura e só 1,15 de altura. O peso é de 890kg.

Volante de três raios dá um toque de esportividade ao interior


MOTOR

Abrindo a grande tampa traseira, que engloba também o vidro, além da cobertura que isola o cofre do habitáculo, Zé exibe o motor VW refrigerado a ar original de 1.7 litro com carburação dupla, que rende 75cv de potência. A caixa de quatro marchas, com relações longas, também é original. Apesar de o SP2 não ter um comportamento de fato esportivo, também não é bobo e seu dono garante que chega aos 140km/h sem muito esforço. Acima do compartimento do motor, duas cintas para fixar a bagagem. De acordo com a VW, são 205 litros ali, mais 140 litros sob o imenso capô.

DENTRO

José Maria cuida com carinho do seu xodó


Para entrar no baixinho é preciso dar aquela sobrecarga nos joelhos. Depois disso, o banco anatômico acomoda bem e você fica praticamente deitado. Como se trata de um esportivo, são apenas dois lugares (você e sua garota!). Os bancos e forrações em couro, além de acabamento em madeira na manopla do câmbio, freio de estacionamento e comandos do ar quente, dão requinte ao interior. Outros mimos são uma pequena luz de mapa instalada junto à porta do passageiro e sistema de ventilação com direito a ar quente independente para cada passageiro.

Para completar a pinta de esportivo, o motorista tem à sua disposição velocímetro, conta-giros, marcadores de nível do combustível e temperatura, amperímetro e relógio analógico. O plástico deformável usado no painel de instrumentos e console central era justificado em nome da segurança. O SP2 foi um dos primeiros nacionais a contar com cintos de segurança de três pontos. Ao apresentar o painel do carro, Zé Maria tira do som, onde antes figurava um rádio Blaupunkt, um CD do rei Roberto Carlos, trilha sonora de todos os passeios.