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VW Gol Ecomotion - Para quem conta moedas

Volkswagen cria uma versão mais econômica do hatch G4 para conquistar clientes do Fiat Mille e do Palio Economy

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Líderes isoladas do mercado brasileiro, a Volkswagen e a Fiat coordenam muitas de suas decisões de acordo com as ações da outra, jamais deixando nichos de maior vendagem desatendidos. Após o lançamento do Mille Economy em 2008, a Fiat viu as vendas do seu veterano hatch crescerem, graças ao preço convidativo e a promessa de baixo consumo, um conceito estendido ao Palio de entrada no ano passado. Vendo as vendas do Gol G4 minguarem a cada mês em favor do mais moderno G5, a VW decidiu dar um novo sopro de vida ao compacto e lança a versão Ecomotion e, por que não, também conquistar o mesmo tipo de cliente do rival de Betim graças à alardeada economia de 10% em combustível. Um tipo de argumento cujo apelo é universal, mas atinge principalmente o consumidor que busca custo/benefício em tudo que envolve um carro, muitas vezes o seu primeiro.

À primeira vista, o Gol Ecomotion não se diferencia muito do modelo básico. Não há aquela diferenciação apresentada pelo Polo BlueMotion, com quem compartilha a proposta abstinente. O que não quer dizer que o Gol Ecomotion tenha um visual depauperado. Externamente, o hatch conta com para-choques pintados na cor da carroceria e as calotas integrais são exclusivas da versão.

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Qualquer mudança mais extensa em aparência poderia encarecer demais o carro, que parte de R$ 27.530 na versão três portas, R$ 1.496 a mais que o antigo Gol básico, que aumentou de preço (igual ao do Ecomotion), e quase R$ 2 mil superior ao do Palio Economy, com preço a partir de R$ 25.770. Uma diferença que pode ser retornada com o consumo frugal. Como opcional, o Gol Ecomotion oferece direção hidráulica e rádio MP3 com viva-voz Bluetooth (sem CD), que será estendido para toda a gama VW, com exceção dos mais sofisticados Polo e Golf.

Dois passos para parar de beber

A maioria das alterações se concentrou na mecânica. O motor EA-111 longitudinal de 999 cm³ foi recalibrado eletronicamente para consumir menos. Mas neste caso, o propulsor tem papel coadjuvante na redução de 10%. As rodas aro 13 do Gol Ecomotion calçam pneus Bridgestone B250 Ecopia 165/70 de baixa resistência à rolagem e alta pressão de 39 libras na dianteira e 32 libras na traseira, contra 27 libras dos originais. Pensados desde o início para operar com alta pressão, a calibragem não desgasta o pneu. O que não ocorre com um pneu convencional, que vai apresentar desgaste irregular caso o proprietário opte pelo aumento desnecessário da pressão.Sozinhos, os pneus já respondem por 5% a menos no consumo. Para alcançar os 10% divulgados, a VW alongou ainda relação final da transmissão.

Claro que de nada adiantariam essas mudanças se o motorista gosta de exercitar o pé direito. Tal qual a linha Economy da rival italiana, o Ecomotion conta com um medidor instantâneo de consumo, mas com visualização digital no centro do velocímetro. O gráfico em meia lua aponta o consumo médio medido em barrinhas em uma gradação que vai de 0 km/l até os 30 km/l.

Impressões ao dirigir

Para dar saudade no frentista

Campinas, São Paulo - Os projetos mais antigos têm as suas vantagens. Afora o preço mais em conta, estes modelos conseguem imprimir números de desempenho mais favoráveis, graças ao menor peso. No caso do Gol Ecomotion, o motor 1.0 8V dá conta do recado de maneira quase que empolgante para a sua capacidade cúbica. O propulsor entrega 68/71 cv a 5.750 rotações e 9,4/9,7 kgfm de torque a 4.250 giros. Com 853 kg de peso total, o compacto acelera como modelos maiores. Com álcool, são necessários apenas 12,2 segundos (12,8 s com gasolina) para partir da imobilidade e chegar aos 100 km/h. A velocidade máxima pode chegar aos 170 km/h, número que não é atingido por muitos 1.4 do mercado. As respostas imediatas provocam, até mesmo, cantadas de pneu ao se acelerar forte na passagem da segunda marcha.

Afora o logotipo Ecomotion e as calotas exclusivas, o Gol não muda muito em relação ao G4 original



Claro que para se atingir médias mais favoráveis de consumo, o motorista tem que vigiar a pressão imprimida no acelerador. Para ajudar nesta tarefa, a Volks instalou no carro um indicador instantâneo de consumo integrado ao velocímetro. Uma localização que poderia ser privilegiada dada à relação direta entre o ritmo da escalada do ponteiro do velocímetro e a indicação do consumo, mas que acaba sendo de difícil visualização.

Graças ao bom desempenho, não é difícil manter o ritmo sem acelerar demais. O indicador de consumo consegue ficar na marca dos 30 km/l sob aceleração suave, com 1/5 do acelerador, e não apenas quando se pára de acelerar. No curto teste drive, a média em circuito misto cidade e estrada atingiu 12 km/l de álcool, rodando sempre sem ar-condicionado. Com gasolina, o índice sobe para 17 km/l.

A estabilidade do Gol Ecomotion foi um pouco prejudicada pela adoção de pneus verdes com medida 165/60 aro 13, mas não chega a se afastar muito do comportamento de um Gol G4 convencional, que não oferece a mesma precisão da geração mais moderna. O câmbio também não tem engates tão precisos quanto os da caixa MQ200 do novo Gol, uma referência no segmento. Ainda sim, a alavanca possui curso adequado e permite trocas rápidas. Os freios a disco ventilados e tambor na traseira também cumprem o seu papel, embora a calibragem mais macia da suspensão deixe o carro embicar muito em frenagens.

A versão testada também não possuía direção hidráulica (opcional), mecanismo que rouba potência do motor. A direção mecânica exige força em manobras de estacionamento, com um suadouro que não será aplacado sem um ar-condicionado. É como diz a velha máxima do economista Milton Friedman: "Não existe almoço grátis".