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Willys Capeta - Único e endiabrado

Esportivo era muito mais nervoso que seu irmão, o Interlagos, mas nunca chegou às ruas. História do modelo dos anos 1960 é repleta de conflitos, porém com final feliz

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Em 1964, a Willys apresentou no Salão do Automóvel esportivo conhecido como Capeta. Feito em fibra de vidro, o veículo foi construído pelo Departamento de Estilo da Willys. O cupê tem como destaque a dianteira alongada, que termina dividindo a grade. Os faróis são redondos e as pequenas lanternas de seta. retangulares. Também chama a atenção no esportivo uma tomada de ar localizada no centro do capô, além de duas saídas de ar nas laterais.

Diferente de seu irmão caçula, o Interlagos (cuja versão mais potente tinha motor 1.0 litro de 70cv), o desempenho do Capeta está bem mais próximo de um esportivo: era equipado com propulsor de 2,6 litros, seis cilindros, 148cv, que desenvolvia velocidade máxima de 180km/h. A transmissão do veículo foi criada pelo departamento de competições da marca. O interior trazia bancos em couro e apliques de jacarandá nas portas e painel.

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O esportivo trazia evoluções que seriam usadas mais tarde em outros modelos da marca, como a caixa de quatro marchas, o próprio motor de seis cilindros, com cabeçote com coletores de admissão destacáveis e dois carburadores horizontais de corpo duplo. Infelizmente, o belo modelo nunca chegou às ruas e a dúvida sobre se o Capeta era um protótipo ou apenas um veículo para exposição ainda persiste .

Filme

Mas, como toda boa história, a desse modelo não termina sem passagens conflituosas e daria um bom filme. Depois da aparição no Salão do Automóvel, o Capeta participou de uma exposição em Brasília e depois foi guardado pela Willys, que o doou ao Museu Paulista de Antiguidades Mecânicas, em Caçapava (SP), ainda na década de 1960. Com o assassinato de seu fundador, o antigomobilista Roberto Lee, o museu está fechado há décadas. Os veículos ficaram parados, sem manutenção, e foram saqueados, fruto do desinteresse dos herdeiros.



O Capeta não passou impune: foram furtados bancos, volante, rádio, carburadores, coletor de escapamento, alavanca de marchas e outros itens. A Ford, que comprou a Willys em 1967, conseguiu reaver o modelo somente este ano, depois de 12 anos de tentativas. A empresa cedeu o esportivo à Fundação Memória dos Transportes, que mantém o Museu do Automóvel, em Brasília, que também se empenhou na recuperação do Capeta. A intenção do museu é restaurar o modelo único.