A Jeep ficou com invejinha dos holofotes projetados sobre a reencarnação do Ford Bronco e decidiu soprar velinhas para os 75 anos do lançamento do Willys-Overland CJ-2A, o jipe civil que deu origem à marca. Nascido para a guerra, em 1945 o veterano encontrou serviço como utilitário. Com o tempo, se tranformou em símbolo de liberdade, mas hoje cabe no bolso de poucos por aqui.
O precursor do modelo nasceu Willys-Overland MB, veículo militar feito para durar poucos meses em território mais que hostil. Foi em 17 de julho de 1945 que nasceu sua variante civil, o CJ-2A. A diferença mais evidente em relação ao veículo militar era a grade dianteira com sete fendas, que substituiu a original de nove fendas, característica mantida até hoje no Wrangler.
Porém, outras características o distinguiam: a tampa traseira, que deslocou o estepe para a lateral; os faróis maiores, já que o anteriores ficavam atrás da grade; tampa de combustível externa; além de outros itens não incluídos no antecessor militar. O motor era o mesmo 2.2 a gasolina que ficou conhecido pela alcunha "Go-Devil", mas o câmbio manual de três marchas era outro.
Os anúncios da Willys da época divulgavam o modelo como um veículo de trabalho para agricultores e trabalhadores da construção. O CJ-2A podia ser equipado com assentos extras (de passageiro na frente e traseiros), tomadas de força para implementos agrícolas, guincho, removedor de neve e outras ferramentas. Outras opções ainda eram espelho retrovisor central, capota de lona, guincho, elevador hidráulico traseiro, cortador de grama, limpadores de para-brisa duplos a vácuo, lanternas traseiras duplas, aquecedor, degraus laterais e protetor da escova do radiador. Com 215 mil unidades fabricadas, a produção do CJ-2A durou quatro anos e terminou em 1949.
O conceito do jipe era tão vencedor, que se manteve em linha durante todos as vezes em que a marca Jeep foi incorporada por outro fabricante de veículos. Em 1953 a Willys foi adquirida pela Kaiser Motors, que recebeu inicialmente a denominação Willys Motors para depois de tornar Kaiser Jeep. Depois, em 1970, a marca que foi comprada pela American Motors Corporation (AMC), que chegou a ser operada pela Renault em 1979. Foi no fim dessa jornada que o CJ “virou a chavinha” para Wrangler, até que fosse comprada pela Chrysler em 1987. Hoje a marca pertence à Fiat Chrysler Automobiles (FCA).
EVOLUÇÃO O CJ-3A foi lançado em 1949, já com o para-brisa em peça única e eixo traseiro reforçado, mantendo o motor original de quatro cilindros com cabeçote em L. O modelo foi atualizado em 1953, o CJ-3B, quando a grade e o capô ficaram mais altos para abrigar o motor Hurricane. Um ano depois o modelo começou a ser montado em São Bernardo do Campo (SP) pela Willys-Overland do Brasil.
Dois anos depois, já pertencente à Kaiser Company, o CJ-5 foi lançado. Baseado no M-38A1, usado na Guerra da Coreia, suas linhas eram mais suaves, incluindo contornos arredondados da carroceria. A distância entre-eixos e o comprimento total estavam maiores. Além disso, foram feitas melhorias no motor, eixos, transmissões e conforto, deixando o CJ-5 um veículo ideal para o crescente interesse do público em veículos off-road.
No Brasil, o CJ-5 foi fabricado de 1957 a 1982. Houve também o CJ-6, com entre eixos alongado, introduzido em 1956 e produzido até 1975, que ganhou o apelido de “Bernardão” em referência à cidade paulista onde era fabricado.
A primeira grande mudança no design do Jeep em 20 anos veio em 1976, já sob a batuta da AMC, com o CJ-7. A distância entre-eixos era 25cm maior que o CJ-5, para permitir a colocação de uma transmissão automática. O CJ-7 oferecia como opcionais teto de plástico moldado e portas de aço. O CJ-5 foi produzido até 1983. Já em 1986 o CJ-7 foi substituído pelo Jeep Wrangler, que trouxe mais tecnologia e preservou seu estilo tradicional. O modelo segue evoluindo no mercado até hoje, já em sua quarta geração.