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Zoológico automotivo

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O mundo animal é fonte de inspiração milenar para a humanidade. Até mesmo na hora de desenhar carros. Não raro, animais são usados como fonte de alguns traços e, até mesmo, de expressões. E não apenas no campo dos esportivos, onde a ferocidade de determinada espécie pode ser o mote, como também em carros urbanos, em busca não de agressividade, mas de um visual mais simpático.

 

 

NEMO Quando lançou o Uno, em maio de 2010, a Fiat  deixou claro que o seu compacto de traços quadrados e bordas arredondadas seguia o estilo comum entre eletrônicos e, de uns tempos para cá, carros. Tudo para agradar à geração Y, nascida a partir da década de 1970 e afeita a novidades tecnológicas. Como as animações digitais, que viveram a sua estreia em Toy Story, de 1995, feito pelo estúdio Pixar. Que em 2003 lançaria junto com a Disney Procurando Nemo, que lucrou quase US$ 900 milhões e caiu na boca desta e de outras 

gerações. Todas encantadas com o Nemo, um peixe-palhaço que se perde no mar e luta para reencontrar seu pai. Nemo foi retratado em bichos de pelúcia, cadernos, mochilas, camisetas e no novo Uno, que traz a pintura laranja Nemo como opção da paleta de cores da versão Sporting. A Citroën também investiu na imagem do peixinho: Nemo é o nome do multiuso da marca lançado em 2007. A multivan foi projetada em conjunto com a irmã Peugeot e a Fiat, que têm o Bepper e o Qubo, respectivamente. Para marcar a associação, a Citroën apresentou ainda em 2007 o Nemo Concetto, conceito que estampou as cores do famoso peixe-palhaço.

GATOS E SAPOS Não são só os peixes que estão em alta no Uno não. Na ocasião do lançamento do carro, o diretor do Centro de Estilo da marca, Peter Fassbender, delineou dois animais que estariam presentes disfarçadamente no interior do carro: um sapo e um gato. Como assim? No painel, as saídas de ar salientes são como os olhos esbugalhados de um sapo, enquanto o rádio faz o papel de boca do batráquio.

Já o felino foi retratado pelos comandos do ar-condicionado, que formam os olhos nos botões giratórios da temperatura e do fluxo de ar e o nariz no botão que regula a intensidade do vento. A boca seria o comando deslizante da circulação de ar. E como se sabe que é um gato? Ora, pelas orelhas formadas pelos botões dos vidros elétricos, logo acima. Imaginativo, sem dúvida. Mas nada tão claro como no roadster britânico Austin-Healey Sprite MK1, de 1958, que recebeu a alcunha Frogeye, olho de sapo, logo de cara. Às vezes, a associação com o mundo animal vem de um apelido. O BMW da geração E36 (de 1990 a 2000) foi apelidado como golfinho, em razão de suas linhas alongadas e suaves nas bordas, que fariam época.

SORRIA Foi em 2007, no conceito Kee, que Peter Schreyer, ex-Audi, mostrou o caminho estilístico dos novos Kia. Para tirar os carros da mesmice de desenhos neutros (na palavra do próprio), o designer alemão criou o focinho do tigre, Tiger Nose, formado por uma bocarra estilizada, como a boca do felino. Forma criada para distinguir o carro na rua e associar imediatamente o veículo à marca sul-coreana. A forma é replicada em outras partes. No Sportage, dita até o para-brisa, além de aparecer na moldura interna do painel.



TUBARÕES Enquanto algumas passaram a apostar no vigor felino, a General Motors buscou a inspiração em peixes de aspecto ameaçador na hora de redesenhar o primeiro Corvette – criado para enfrentar esses esportivos europeus, como os Jaguares. Em 1962, chegou o Sting Ray, cujo desenho foi criado por Larry Shinoda, comandado pelo chefe de estilo da GM, Bill Mitchell. O nome já entrega a família de arraias, que inspirou as formas limpas – hidrodinâmicas – do animal e o seu característico ferrão, distinto na forma traseira. Fez tanto sucesso que teve continuação na terceira geração do Corvette, de 1967. Só que, em vez de arraia, deu tubarão na cabeça. Se o primeiro foi inspirado no conceito Mako-Shark, de 1963, o segundo Sting Ray se inspirou no redesenho do carro-conceito, apresentado como Mako-Shark II, de 1965 – todos obras de Shinoda. O próprio Mitchell teve a ideia do nome ao pescar um tubarão-mako (Mako-Shark), chamado de tubarão-anequim, comum na costa brasileira e que pode chegar aos quatro metros. O parentesco do Chevy com o animal fica claro nas formas delgadas, que parecem prontas para furar o ar, mas salta aos olhos mesmo nas saídas de ventilação nos para-lamas dianteiros, inspiradas nas guelras do tubarão. Coisa de um predador do asfalto, capaz de ir aos 100km/h em cerca de 5 segundos com motor V8 7.0 (327 polegadas).



ONCINHA PINTADA A aparência poderosa dos grandes felinos é uma das maiores fontes de inspiração. A Jaguar, por exemplo, além de deixar claro no seu nome que homenageia o felino americano mais conhecido por aqui como onça pintada, parente da pantera, também pinta o animal na sua pose mais famosa, pronto para saltar em disparada. O que fica mais claro no perfil do clássico esportivo XK120, de 1948. O animal é tão reverenciado que as suas diferentes denominações já foram usadas em outros carros, como o DeTomaso Pantera, de 1970, e o FNM Onça, de 1964. Porém, não apenas os esportivos recorrem aos felinos.