O que vem à mente quando falamos de Ayrton Senna da Silva, tricampeão mundial de Fórmula 1? Ganhou corrida com apenas duas marchas; salvou a vida de um piloto e mudou o automobilismo mundial. Por que ele era e é tão importante para quem gosta de carro?
Se você é um millenium e apaixonado por carros, com toda certeza, as manhãs de domingo você passava sentado com seus pais na frente da TV assistindo uma corrida de F1, em especial esperando ver a Mclaren MP4/4, número 12, cruzar a linha de chegada e ouvir o tema da vitória do “Ayrton Senna do Brasil”.
Senna nasceu em 21 de março de 1960, em São Paulo. Começou a correr em 1973, no kart. Foi campeão de Fórmula 3 em 1981, e em 1984 chegou à categoria principal do automobilismo mundial, estreando na F1 em 25 de março daquele ano no Grande Prêmio do Brasil, no autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, já com as cores do capacete que ele eternizaria.
Infelizmente, na oitava volta, a Toleman de Senna teve problemas no turbo e ele abandonou o GP.
Senna foi tricampeão mundial de F1 em 1988, com a lendária MP4/4, em 1990 e 1991. Todos os títulos pela MClaren.
Quando chovia no final de semana, Senna era imparável. Em 1993, no GP da Europa, em Donington Park, Reino Unido, Senna protagonizou a volta perfeita, ultrapassando Schumacher, Wendlinger, Damon Hill e Prost em um intervalo de um minuto e meio debaixo de um pé d’água.
Para se ter uma ideia, naquele fim de semana, Senna estava com tanto sangue nos olhos que colocou uma volta no terceiro colocado, fechando a corrida com mais de um minuto e vinte segundos à frente de Damon Hill, segundo colocado.
Como piloto é indiscutível o que Senna fazia nas pistas. Era rápido, destemido, arrojado. Encontrava espaços onde não existia e se tornou o maior piloto de todos os tempos.
Fora das pistas
Senna se concentrava em projetos pessoais que enxergava como grande objetivo de vida. Conseguiu concretizar dois grandes planos, as marcas Senna e Senninha, e colocar em ação um dos maiores projetos de sua vida, o instituto Ayrton Senna, que ajuda crianças e jovens por meio da educação com programas que beneficiam diretamente cerca de 2 milhões de alunos em mais de 1.300 municípios nas diversas regiões do Brasil.
Senna também ajudou a desenvolver o mercado de importados por aqui. Se você hoje tem um Audi Q3, um A4 ou um S3, foi graças a Senna, que investiu seu dinheiro e tempo para trazer a marca das quatro argolas para o Brasil, coisa que o grupo VW já tinha desistido.
Senna não só trouxe a Audi para o Brasil em 1994, como também ajudou a preparar os carros para o nosso solo e nosso combustível.
Além da Audi, quem não lembra do Honda NSX e o mocassim em Suzuka? Senna também ajudou a desenvolver o Honda NSX, mostrando o que deveria mudar nos quesitos motorização e estrutura.
Senna também ajudou a desenvolver o traçado que conhecemos hoje do autódromo de Interlagos, principalmente no ‘S' do Senna.
Fim de semana trágico
Infelizmente, na terceira etapa do campeonato de 1994, no GP de San Marino, em Ímola, Itália, Senna perdeu a vida em um dos fortes acidentes daquele fim de semana.
Na sexta-feira, o Rubinho decolou sua Jordan, que bateu com uma força de 90g, e, segundo o próprio piloto, “morreu por seis minutos”.
No sábado, durante a classificação, o austríaco Roland Ratzenberger perdeu a asa dianteira da sua Simtek Ford, na curva Villeneuve, e bateu contra o muro, a 314,9km/h, falecendo no local.
Vale a pena salientar que antes da morte de Ratzenberger, faziam oito anos que nenhum piloto morria em um GP de Fórmula 1.
No domingo, 1º de maio, há exatos 30 anos, depois de um grave acidente na largada, a direção da Williams de Senna não responde, e na sétima volta, o piloto brasileiro passa direto na curva Tamburello e bate a 210km/h no muro, perdendo a vida ali mesmo.
O velório e enterro de Senna parou o Brasil. Senna era tido como um herói nacional em um tempo onde não existia heróis por aqui.
Corridas mais seguras
Depois daquele fim de semana fatídico, mudanças na categoria foram feitas visando a segurança.
Os pilotos ficaram mais protegidos pelo cockpit, as dimensões mínimas do habitáculo foram aumentadas para o piloto ter mais fluidez e maior lucidez ao fazer curvas. Estruturas deformáveis para absorver impactos e rodas presas por cabos para evitar que se soltassem e causassem mais acidentes foram implementados na categoria. Além disso, os capacetes também foram revistos e atualmente têm resistência para aguentar um tiro de fuzil.
O Hans, aquela estrutura que fica ligada ao capacete do piloto, que evita o efeito chicote da cabeça, passou a ser utilizado, e mais recentemente, o Halo, estrutura em volta do cockpit que protege a cabeça do piloto, foi desenvolvido e já salvou pelo menos cinco pilotos de morrerem desde então, só na F1.
As mudanças na classe rainha do automobilismo se refletem nos carros que vemos nas ruas. A segurança dos carros de 1994 não são as mesmas dos carros de hoje, 30 anos depois.
O que aconteceu com Ayrton Senna, deixou o esporte um pouco mais triste, sem o principal ator, mas serviu para imortalizar uma lenda do automobilismo não só dentro das pistas, mas em projetos sociais e na lembrança de até quem ainda não existia.