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ESTÚDIO VRUM

Citroën e Peugeot: a realidade depois da Stellantis

Marcas francesas estavam em franca decadência no mercado brasileiro antes de serem encampadas pelo grupo Stellantis. Mas como estão agora e qual é o futuro de ambas por aqui

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Citroën C3 é o modelo mais emplacado das marcas francesas nos seis primeiros meses de 2024
Citroën C3 é o modelo mais emplacado das marcas francesas nos seis primeiros meses de 2024 Foto: Citroën/Divulgação

A vida das marcas francesas no mercado brasileiro nunca foi fácil. Por mais que tivessem produtos de qualidade, sempre foram vistas com certa desconfiança e desvalorização. Citroën e Peugeot foram, certamente, as marcas francesas que mais sofreram esse tipo de preconceito do consumidor brasileiro. A Renault teve melhor sorte e conseguiu transmitir mais credibilidade desde a instalação de sua fábrica no Brasil. Mas quando passaram a fazer parte do grupo Stellantis, Citroën e Peugeot ganharam novo gás, com promessas de um futuro promissor. Mas será que os resultados positivos já estão sendo computados? O consumidor brasileiro já mudou sua forma de pensar em relação às marcas francesas?

Pensando nessas questões, os jornalistas Enio Greco e Alexandre Carneiro conduzem o Estúdio VRUM desta semana, que trata da situação da Citroën e Peugeot no mercado brasileiro depois de serem encampadas pelo grupo Stellantis. O histórico de ambas as marcas no Brasil não era dos mais positivos, mesmo tendo fábrica instalada em Porto Real, no Rio de Janeiro.

Tomando como base os números de emplacamentos no mercado nacional, em dezembro de 2019, antes da pandemia da COVID-19 e da fundação do grupo Stellantis, a participação da Citroën e Peugeot era bem tímida. No segmento de automóveis, as marcas francesas sequer apareciam no top 10, enquanto entre os comerciais leves a Peugeot apresentava participação de 0,87%, de acordo com a Fenabrave.

Peugeot 208 azul de frente em movimento na estrada com mato ao fundo
Peugeot 208 é o modelo da marca francesa mais emplacado este ano Foto: Divulgação

Participação tímida

Na soma dos segmentos de automóveis e comerciais leves, em dezembro de 2019, a Citroën encerrou o ano com participação de 1% e a Peugeot, 0,81%. No ranking dos 50 automóveis mais emplacados, o Citroën C4 Cactus apareceu na 38ª posição, com 16.438 unidades, e na 49ª o Peugeot 2008, com 8.693 unidades. As duas marcas tiveram também participação com modelos no segmento de comerciais leves: Citroën Jumpy (1.984), Berlingo (626) e Jumper (169); e Peugeot Expert (2.306) e Boxer (222).

Mas em janeiro de 2021 foi fundado o Grupo Stellantis, que passou a ser dono das marcas dos grupos FCA e PSA, reunindo Fiat, Jeep, Chrysler, Ram, Citroën e Peugeot, entre outras. Na ocasião, foram anunciados futuros lançamentos das marcas francesas, além da chegada de modelos elétricos e híbridos. De lá para cá, muita coisa mudou na história da Citroën e Peugeot no mercado brasileiro, com a chegada de novos produtos e desempenho um pouco melhor em vendas.

Citroën C3 Aircross prata de frente estático no asfalto com árvores ao fundo
Citroën C3 Aircross teve 3.912 unidades emplacadas no primeiro semestre de 2024 Foto: Citroën/Divulgação

Nos seis primeiros meses deste ano, a Citroën registrou participação de 1,58% na soma dos segmentos de automóveis e comerciais leves, enquanto a Peugeot ficou com 1,29%. O modelo mais emplacado das marcas francesas no primeiro semestre de 2024 foi o Citroën C3, com 10.131 unidades, seguido pelo Peugeot 208, com 9.871 unidades. Depois aparecem o Citroën C3 Aircross e o Jumpy, com apenas 654 unidades emplacadas.

Os números estão um pouco melhores se comparados com os de 2019, mas ainda muito aquém do que Citroën e Peugeot podem alcançar no mercado brasileiro. Com produtos melhores e redes de concessionárias modernizadas, as marcas francesas ainda não conseguiram deslanchar sob a regência do grupo Stellantis. Suas participações de mercado ainda são tímidas, ficando atrás de marcas chinesas, que chegaram no mercado brasileiro tempos depois.

Prova que é preciso investir ainda mais na imagem da Citroën e Peugeot para vencer a resistência que muitos consumidores insistem em manter. Alguns reclamam dos valores de revenda dos modelos das marcas francesas, que sofrem desvalorização maior no mercado, enquanto outros apontam o custo de manutenção elevado como ponto fraco.

Citroën Basalt Vision, SUV cupê amarelo da marca francesa de frente estático no estúdio
Citroën Basalt é o SUV cupê da marca francesa que chegará ao mercado brasileiro ainda neste ano Foto: Citroën Divulgação

O que está faltando para o grupo Stellantis impulsionar de vez a Citroën e Peugeot no mercado brasileiro? O problema está nos produtos ou no pós-venda? Ou é simplesmente um ranço do passado que insiste em pesar contra as marcas francesas? São perguntas que, com certeza, perambulam pelas mentes dos executivos da Stellantis.

Cada vez mais, modelos da Citroën e Peugeot compartilham plataformas, motores e outros componentes com carros da Fiat, marca líder de mercado na soma de automóveis e comerciais leves. Portanto, se são produtos semelhantes, teoricamente não há por quê o consumidor desconfiar das francesas.

Peugeot 2008 vermelho em movimento na estrada asfaltada com gramas ao lado
Nova geração do Peugeot 2008 será fabricada na Argentina Foto: Peugeot/Divulgação

Mas a expectativa é de que as coisas melhorem com as chegadas do novo Peugeot 2008, no início de agosto, do novo SUV cupê compacto Citroën Basalt e da linha 2025 do C3, que deve trazer entre outras novidades o motor T200 da Fiat. Tais lançamentos devem ajudar a Citroën e Peugeot alcançarem números melhores no mercado brasileiro.

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